Ator de ‘O Agente Secreto’, Carlos Francisco destaca conexão com o cinema cearense

Ator de ‘O Agente Secreto’, Carlos Francisco destaca conexão com o cinema cearense

Ator de "O Agente Secreto" e homenageado no CineBH, Carlos Francisco integra três produções cearenses em 2025

Em meio ao suspense policial de "O Agente Secreto", longa de Kleber Mendonça que percorre os circuitos de festivais de cinema, há uma dimensão de família costurada por personagens que proporcionam senso de segurança a Marcelo (Wagner Moura), professor especializado em tecnologia que busca um recomeço no Recife.

Seu Alexandre, interpretado pelo ator Carlos Francisco, cumpre este papel como sogro e avô do filho do protagonista. Projecionista do Cine São Luiz, equipamento cultural emblemático da capital pernambucana, o personagem é inspirado em um amigo do diretor e retorna aos roteiros após aparecer em “Retratos Fantasmas" (2023).

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"Procurei fazer ele com o máximo de dignidade possível. São esses nortes: ser avô, ser uma pessoa correta e ser um projecionista", considerou em coletiva de imprensa realizada na tarde de quarta-feira, 24, durante programação do 19º CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte.

A exibição do filme na abertura do evento, no qual Carlos é homenageado, confirmou a coletividade como parte imprescindível na trajetória do artista. "Não sou um só, sou todos nós", discursou emocionado após ser ovacionado na cerimônia, realizada na noite de terça-feira, 23, no Cine Theatro Brasil, em Belo Horizonte. “Cada um que contribuiu com a minha formação, que segurou minha mão na hora dura, apontou uma luz no caminho para caminhar”.

Ao lado da família, o mineiro pôde acompanhar as reações do público em uma das primeiras exibições do filme, com lançamento nos cinemas do Brasil no dia 6 de novembro. Seu Alexandre é um dos personagens que encabeçam o ano do ator, que está no elenco do horror "Enterre Seus Mortos" e do drama "Suçuarana", ambos em cartaz nos cinemas nacionais.

“Preciso receber o título de cidadão honorário em Fortaleza”

Dentre os títulos de 2025, três produções cearenses se destacam: "Joqueta", curta de Luciana Vieira; “Feito Pipa”, de Allan Deberton, e "Morte e Vida Madalena", de Guto Parente, com quem trabalhou em "Estranho Caminho" (2023).

“O Guto tem essa coisa de condução, parecido com o Gabriel (Martins, diretor de “Marte Um”), sabe onde quer chegar. Trabalho geralmente com diretores assim, que sabem o que querem, mas dão um espaço para criação, para improviso”.

As obras seguem a conexão do artista com o cinema feito no Ceará, uma “produção muito rica”, como considera. A ligação ainda é atrelada à série “Alucinação” (2025), na qual interpreta Luiz Gonzaga. A narrativa conta a história do cantor cearense Belchior (1946 - 2017) e está disponível no Globoplay.

As experiências de gravações em cidades do Estado conectam as vivências com Minas Gerais, conforme o ator: "Me sinto muito em casa no Ceará, já brinquei que preciso receber um título de cidadão honorário em Fortaleza".

Conheça trajetória de Carlos Francisco

Nascido em dezembro de 1961 em Belo Horizonte, Carlos diz que a sua história com teatro é "da vida inteira". O que começou como brincadeira na escola se tornou responsabilidade quando passou a trabalhar no teatro amador na década de 1980, já em transição para morar em São Paulo.

Neste período, participou da Oficina Cultural Oswald de Andrade e, posteriormente, fundou a companhia Folias.

A estreia no cinema veio em 2005 com "O Casamento de Romeu e Julieta", de Bruno Barreto. Desde então, já foi reconhecido como Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Tribeca, nos Estados Unidos, e Melhor Ator nas premiações Sesc e Grande Otelo.

“O fato de eu estar aqui, (significa que) o quilombo está aqui. A corporeidade traz o preto que eu sou e talvez a minha fala, o meu jeito de andar, tragam esse preto quilombola que têm os ancestrais ao lado”, ressaltou durante coletiva de imprensa.

“O Agente Secreto” no 19º CineBH

Sobre a probabilidade da indicação de “O Agente Secreto” no Oscar no próximo ano, Carlos se mostra confiante. “É muito brasileiro, muito particular de Pernambuco e, por isso mesmo, é muito universal”, opinou durante coletiva de imprensa realizada na tarde de quarta-feira, 24, durante programação do 19º CineBH.

O longa-metragem de Kleber Mendonça Filho foi o grande destaque da abertura do 19 CineBH, em sessão que causou fila de espera desde às três horas da tarde na terça-feira, 19. Coordenadora geral do evento, Raquel Hallak pontuou a mostra como ato de resistência e reforçou o caráter político da edição que celebra o cinema latino-americano.

“Celebrar o cinema latino-americano é dizer que outros mundos são possíveis. Quem somos, onde queremos e para onde queremos ir”, ressaltou em fala aos presentes. O evento segue até domingo, 28, com 101 filmes exibidos em diferentes pontos de Belo Horizonte.

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