Jafar Panahi condena ataque de Israel e clama por revolução no Irã
Vencedor da Palma de Ouro por um filme que condena a perseguição política no Irã, o cineasta Jafar Panahi cobra julgamento internacional de Israel
Nesta semana, o cineasta Jafar Panahi publicou seu primeiro posicionamento público sobre os ataques entre Israel e Irã, iniciados pelo regime israelense sob o pretexto de intervir contra a produção de armamentos nucleares.
Perseguido pelo governo iraniano, Panahi segue condenando o autoritarismo enquanto reforça a defesa do seu povo.
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“Um ataque à minha terra natal não é de forma alguma aceitável. [...] Israel violou o Irã e deveria ser julgado. [...] Esta posição, no entanto, não implica ignorar quatro décadas de má gestão, corrupção, opressão, tirania e incompetência da República Islâmica”, afirmou.
Jafar Panahi condena ataque de Israel: cineasta venceu Palma de Ouro com filme sobre perseguição do Irã
Há menos de um mês, o cineasta venceu a Palma de Ouro no 78º Festival de Cannes com “Um Simples Acidente”, ficção que denuncia a perseguição do governo iraniano à população civil, assim como ele, já encarcerado três vezes.
Sua premiação foi histórica porque foi o primeiro grande prêmio que ele recebeu após ser liberto da sua condenação mais recente.
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“Ambos os regimes deveriam ser descaradamente condenados por sua persistência de violência, guerra e indiferença absoluta à dignidade humana. [...] Continuar este ciclo de sangue e ódio só trará mais instabilidade no mundo e a propagação do desastre”.
Desde que começou a ser censurado pelo governo, Panahi reinventou sua carreira para criar filmes pela perspectiva de um cineasta proibido, condição que o fez produzir filmes emblemáticos como “Isto Não É um Filme” (2011), Taxi (2015) e Sem Ursos (2022).
Após Cannes, “Um Simples Acidente” venceu ainda o prêmio principal no 72º Festival de Cinema de Sydney, na Austrália.
Confira a declaração completa de Jafar Panahi:
“Não tenho dúvidas sobre este ponto claro, e inegociável. Afirmei explicitamente a minha posição e volto a dizê-lo: um ataque à minha terra natal, o Irã, não é de forma alguma aceitável. Israel violou o Irã e deveria ser julgado num julgamento internacional como agressor de guerra.
Esta posição, no entanto, não implica ignorar quatro décadas de má gestão, corrupção, opressão, tirania e incompetência da República Islâmica. Este governo não tem nem o poder, vontade, nem legitimidade necessária para governar o país ou gerir crises.
Permanecer neste regime significa a continuação da queda, a continuação da repressão e a continuação do rebanho! A única forma de escapar é a dissolução imediata deste sistema e iniciar um governo popular, responsivo e democrático.
Com total ênfase na preservação da integridade territorial do Irã e do direito à soberania da nação, exijo o fim imediato da guerra devastadora entre a República Islâmica e o regime israelita; uma guerra que destrói as vidas e vidas de civis de ambos os lados e destrói infraestruturas vitais.
Esta guerra é uma séria ameaça à paz regional e aos valores humanos. Ambos os regimes deveriam ser descaradamente condenados por sua persistência de violência, guerra e indiferença absoluta à dignidade humana.
Ataques de mísseis, bombardeamento de áreas residenciais e assassinato alvo de civis são crimes. Moral, política e segurança não são desculpas para estes crimes. Continuar este ciclo de sangue e ódio só trará mais instabilidade no mundo e a propagação do desastre.
Apelo à ONU e à comunidade mundial para que imediatamente, decisivamente e sem consideração ou acordo, obriguem os dois regimes a interromper imediatamente os ataques militares e a pôr fim à morte de civis. Continuar o silêncio e a inação significa participar do crime.”