Poeta Salgado Maranhão celebra 40 anos de carreira com antologia

Conheça a vida do poeta e compositor Salgado Maranhão, que está comemorando 40 anos de carreira e 70 de idade com o lançamento de mais um livro

Cultivando o amor pela cultura brasileira desde a juventude, José Salgado Santos está há cerca de 40 anos espalhando arte Brasil afora. Por meio da poesia, da composição musical e do jornalismo, ele toma o cotidiano como inspiração e expõe sua visão sobre o mundo de diversas formas.

Popularmente conhecido como Salgado Maranhão, ele carrega até hoje o nome do estado onde nasceu, apesar de o gosto pela leitura ter se estabelecido apenas quando mudou-se para Teresina com a família e de sua carreira ter sido majoritariamente construída no Rio de Janeiro. “Costumo dizer que o Maranhão foi minhas raízes, o Piauí meu caule e o Rio de Janeiro meus frutos” explica o poeta.

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Nascido em um quilombo na região rural do semiárido maranhense, foi ali que Salgado teve o primeiro contato com a cultura brasileira. “Não havia escolas, tampouco livros. Mas havia uma cultura popular abundante que brotava de várias fontes, como da tradição africana, por meio das danças e cantos típicos dos negros remanescentes na senzala”, conta.

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Aos 16 anos, o poeta chegou em Teresina e passou a frequentar uma biblioteca pública, onde encantou-se pela obra de Fernando Pessoa e começou a sonhar com uma carreira de escritor. “Fiquei tão impactado que lia o livro dele só até a metade e voltava ao começo, com medo de não encontrar outro, porque ninguém do meu meio conhecia o grande poeta português”, lembra Salgado.

Ainda no Piauí, aos 18 anos, ele conheceu o compositor e poeta Torquato Neto, que o incentivou a ir para a capital carioca, onde sua vida mudou de vez. “Quando estudei na PUC-Rio, eu conheci um padre jesuíta que era faixa preta em artes marciais. Foi com ele que iniciei-me nessas práticas. Vi que o domínio do corpo através da disciplina do treino contínuo, deixava-me mais concentrado e favorecia minhas atividades na literatura. Não demorou muito para que eu me tornasse instrutor e passasse a cultivar também a medicina oriental. Foi um grande salto que marcou decisivamente a minha vida para que eu chegasse até aqui”.

Além disso, foi no Rio que ele conheceu e conviveu com músicos como Paulinho da Viola e Ivan Lins, que passaram de artistas estampados nos jornais para parceiros musicais do poeta. E em meio às vivências do âmbito musical, algo curioso aconteceu com Salgado: “Certo domingo, Herman Torres (um dos criadores do grupo de rock A Gang 90) me telefonou dizendo que sua mulher tinha ido embora levando suas duas crianças pequenas e que ele estava compondo uma melodia para eu botar letra. Fui direto para a casa dele e em 20 minutos escrevi 'Caminhos de Sol', que foi gravada por Zizi Possi e me deu tanto dinheiro que eu comprei uma casa para minha mãe. Depois disso, a mulher do meu parceiro retornou e ainda tiveram mais um filho. As canções, às vezes, fazem milagres”. Maranhão também já teve composições gravadas por Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Alcione e outros.

Durante quatro décadas morando no Rio de Janeiro, Salgado Maranhão criou músicas e poesias que se espalharam pelo mundo e ainda tornou-se palestrante. “Nos últimos 12 anos, eu estive em mais de 100 universidades americanas falando sobre a minha obra e autografando os cinco livros que tenho traduzidos por lá pelo grande tradutor Alexis Levitin”, comenta.

Salgado Maranhão em antologia poética

Em comemoração aos 40 anos de carreira e quase 70 de idade, que serão completados em novembro deste ano, nasceu o livro “A voz que vem dos poros”. Lançado pela Editora Malê e já disponível para compra, a obra celebra o legado literário do autor e faz um panorama do que foi produzido por ele ao longo dessas quatro décadas, contando ainda com um poema que dá título e fecha o livro.

“O que espero desta antologia tratada com tanto zelo pela Editora Malê e por seus organizadores, Rafael Quevedo e Vagner Amaro, é que o público leitor a receba como um presente do melhor que temos a oferecer, que leia cada palavra com a certeza de que é o próprio poeta que o abraça, não apenas com os braços, mas com o próprio coração”, afirma Salgado quanto às expectativas para a recepção do livro pelos leitores.

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A voz que vem dos poros

  • O quê: antologia comemorativa dos 70 anos do autor Salgado Maranhão
  • Ed. Malê
  • 252 páginas
  • Quanto: R$68
  • Mais informações: www.editoramale.com.br

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