Espaço Cultural Unifor abre exposições "O Céu como Limite" e "Macedônia"

Mostras de Mario Sanders e da dupla de artistas Daniel Chastinet e Wilson Neto ficam em cartaz até 7 de agosto de 2022

A Fundação Edson Queiroz recebe duas novas exposições nas galerias do térreo do Espaço Cultural Unifor. “O Céu como Limite” e “Macedônia” têm visitação gratuita e ficam em cartaz até o dia 7 de agosto deste ano. As mostras trazem uma ampla variedade da arte.

Mario Sanders, artista de “O Céu como Limite”, expõe desenhos, bordados, objetos e pinturas na primeira exposição individual que realiza desde 2017. A mostra, que reúne trabalhos de coleções públicas e privadas, tem curadoria de Izabel Gurgel.

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O espaço apresenta uma significativa produção de bordados de Mario Sanders, que nasceu em Aquiraz e começou a bordar há sete anos. Para ele, o céu não tem limite e nada se acaba, tudo se transforma e, em outras dimensões, ganham novas vidas.

Ele surgiu na cena artística de Fortaleza nos anos 1980, participando do grupo Fratura Exposta, um coletivo de seis jovens artistas. Ainda no início da carreira, foi premiado no Salão de Abril. Também marcou presença em outras edições da Unifor Plástica e construiu uma trajetória no jornalismo como ilustrador de cadernos e suplementos de cultura. Artista gráfico, faz livros e atua na publicidade.

Processo de curadoria

A curadora de “O Céu como Limite”, também colunista do Vida&Arte no jornal O POVO, Izabel Gurgel, fala mais sobre o processo de construção e produção da mostra.

O POVO: Como foi o processo de organização e montagem da exposição “O céu como limite”? Como surgiu a ideia para o tema?

Izabel Gurgel: É uma ideia dele. Mario e eu conversamos bem. Conheço o trabalho dele desde que Mario Sanders surgiu na cena artística em Fortaleza, em meados da década de 1980, integrando o grupo Fratura Exposta. Pensamos em como a mostra poderia ser para quem não conhece o trabalho dele, seria uma iniciação à trajetória artística do Mário. Para quem conhece, seria uma possibilidade também de apresentar parte de sua produção mais recente. A exposição fica até 7 de agosto. Até lá, nossa conversa segue, Mario e eu, ampliando a interlocução, agora com o público.

O POVO: O que pode-se dizer que é comum na maioria das obras , tendo em vista sua variedade de desenhos, objetos , bordados e pinturas? Pode-se dizer que elas retratam algo em comum?

Izabel Gurgel: Mario é um senhor desenhista, como se diz. Temos bordados, objetos, pinturas, serigrafias… O desenho preciso do artista está presente nos trabalhos. Quando borda, o desenhista está lá.

O POVO: O que a exposição pode nos trazer de reflexão e sentimentalismo ?

Izabel Gurgel: A poeta Hilda Hilst diz que nós, criaturas humanas, só aprendemos sentindo. Só sentindo é que se aprende. O céu do Mario é um céu de dúvidas, perguntas e questionamentos. Materializa isso na criação. É ela, a danada da poesia, que nos toca. O poeta Fausto Nilo diz em uma canção de carnaval que nossa dor balança o chão de praça. E a música brasileira já disse de muitos modos que é melhor ser alegre que ser triste. Lembro agora de ouvir isso do pensador Roberto Machado. Criar, dar passagem a algo que não existia, produz alegria também em quem vê, no sentido de dar vontade de viver, ainda que muitas das questões postas sejam dolorosas e difíceis como é, para muitos de nós, humanos, saber que vamos morrer. A exposição tem várias obras produzidas no período mais pesado da pandemia. E tem memórias delicadas, para o artista, como a morte de uma irmã, ele ainda criança. O que seria um dado pessoal, biográfico, torna-se um documento social. Quando da infância do Mario, o índice de mortalidade infantil no Brasil era tão espantoso quanto a fome hoje.

O POVO: Como você definiria a exposição em uma só palavra?

Izabel Gurgel: Dicionário. Como um dicionário que guarda quase todas as palavras de um idioma, um saber, etc., uma exposição pode ampliar nosso vocabulário. Mas o dicionário é, segue sendo, um livro. E o livro só ganha vida quando encontra uma criatura leitora.

Olhares para a Macedônia

Daniel Chastinet e Wilson Neto, dupla produtora de “Macedônia”, trazem telas em técnica mista e cadernos de viagem inspirados pela residência artística na República da Macedônia do Norte, em 2019. O curador é Aldonso Palácio.

As 23 telas em técnica mista sobre tecido também expandem olhares e viajam no cotidiano. Por meio das pinturas e dos relatos de viagem, eles reduzem a distância geográfica e cultural entre o Ceará e o país do sudeste europeu, localizado a cerca de oito mil quilômetros de Fortaleza, cidade natal de ambos.

O curador Aldonso Palácio ressalta o significado da residência artística do Programa Internacional De Niro. “Na bagagem de volta, eles não trouxeram suas obras prontas, mas esboços e desenhos em forma de cadernos de artista, registros materiais e imateriais que, de alguma forma, foram internalizados na retina e na alma”, explica.

Assim, viraram telas os tons de laranja e azul dos lagos Prespa (dois lagos compartilhados por Macedônia, Albânia e Grécia), a mesquita, o alfabeto cirílico (utilizado por povos como macedônios, búlgaros e russos), e a feirante, entre outras cenas do país que integrou o território iugoslavo até 1991.

Aldonso Palácio acrescenta que os artistas de “Macedônia” não pretendem construir uma ficção linear, muito menos descrever um país. “Os viajantes transcenderam a própria viagem e abraçaram a liberdade no campo da pintura ao preferir construir uma poética da memória, um álbum carregado de conjecturas e de imagens-gatilho”, ressalta o curador da mostra.

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Serviço

"O Céu como limite" e "Macedônia"

Quando: de terça a sexta-feira, das 9h às 19 horas; sábados e domingos, das 10h às 18 horas

Onde: avenida Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz, Fortaleza-CE.

Mais informações: (85) 3477.3319

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