Morre Elifas Andreato, um dos mais importantes artistas gráficos do Brasil

Em mais de 50 anos de carreira, Elifas foi autor de capas de importantes discos da música brasileira, assinando quase 300 obras de artistas como Chico Buarque e Elis Regina

Um dos maiores nomes do design gráfico no Brasil, o jornalista, cenógrafo e artista gráfico paranaense Elifas Andreato faleceu aos 76 anos. A informação de sua morte foi anunciada no Instagram pelo perfil de Elias Andreato, seu irmão, na manhã desta terça-feira, 29. A causa da morte não chegou a ser divulgada.

“Meu irmão, você retratou o que o nosso povo tem de mais belo: a dignidade! Irmão meu amado, você coloriu meu coração”, escreveu Elias em sua publicação. Em mais de 50 anos de carreira, Elifas foi autor de capas de importantes discos da música brasileira, tendo assinado cerca de 300 obras de artistas como Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Criolo e Elis Regina. Um dos trabalhos com a marca de Andreato, por exemplo, foi o álbum “Terreiro, Sala e Salão”, de Martinho da Vila.

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Elifas nasceu em 22 de janeiro de 1946 e chegou a fazer esculturas com material reciclado quando morou com a família em um cortiço. Aos 14 anos, começou a pintar painéis que decoravam o salão de festas “dos bailes de sábado” ao trabalhar como torneiro mecânico para a Fiat Lux. Quatro anos depois, estreou como assistente de cenografia em um programa da TV Record, segundo consta na biografia localizada em seu site.

O paranaense passou a ter mais reconhecimento quando entrou na área de desenho e diagramação com seu trabalho em “A História da Música Popular Brasileira”, da Abril Cultural, coleção por ele ilustrada. Em 2018, Elifas concedeu entrevista ao Vida&Arte e comentou sobre as consequências de sua produção.

“O resultado do meu trabalho gráfico me aproximou de compositores que estavam surgindo, consolidando carreira, e então fui chamado para fazer capas”, afirmou. O designer gráfico iniciou sua trajetória como capista no inícios dos anos 1970, e outro trabalho com notoriedade foi sua parceria com Paulinho da Viola, na qual fez capas icônicas como as das obras “A Dança da Solidão" e "Nervos de Aço”.

Quando conversou com o Vida&Arte, o artista também mencionou como ocorria seu processo de criação de capas. Para ter qualidade, precisava de “intimidade com a obra, o artista e a tentativa de representação destes numa imagem”. “Eu nunca fui convidado (para fazer capas) por gravadoras, era sempre por artistas. Eles nunca me impuseram coisa nenhuma, e, se tentavam, eu rechaçava. É difícil para quem está gravando um disco definir o que quer para a capa. Muitas vezes, têm ideias equivocadas”, disse.

Elifas afirmou que buscava acompanhar os artistas para melhor realizar sua produção. “Esse processo da vida produzir a obra sempre foi fundamental, era o que me dava subsídios para criar. Em resumo, eu precisava entender em que momento da vida ele estava”, destacou.

Além da produção em discos musicais, Elifas empregou seu conhecimento e habilidade no teatro, criando cartazes para obras como “A Morte de Um Caixeiro Viajante” e sendo cenógrafo e diretor de espetáculos musicais, entre eles o 50º Aniversário da Semana de Arte Moderna, em 1972. Andreato também foi responsável pelo design do troféu do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog.

Em 2018, Elifas lançou o livro “Traços e Cores”, obra que reúne aproximadamente mil produções de sua trajetória, incluindo capas de livros, cenários de peças, cartazes de teatro e, claro, capas de álbuns. Nas redes sociais, Emicida, Paulo Betti e outros artistas e admiradores lamentaram a partida de Elifas e prestaram homenagens ao paranaense.

— emicida (@emicida) March 29, 2022

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