Morre artista plástico e líder indígena cearense Benício Pitaguary

Benício era especialista em grafismos indígenas e pinturas corporais, com uma trajetória que se iniciou quando tinha por volta de 18 anos

O professor de Geografia, artista plástico e liderança indígena Benício Pitaguary faleceu na manhã desta segunda-feira, 28, aos 29 anos. Pertencente ao povo Pitaguary, ele também era comunicador no site Mídia Índia e articulador do Museu Indígena Pitaguary, centro de memória e referência na aldeia Monguba. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório será realizado nesta segunda-feira, 28, a partir das 16 horas na Escola Indígena Ita-Ara, na Aldeia Monguba, no município de Pacatuba.

 
 
 
Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Benicio Pitaguary (@beniciopitaguary)

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

O artista era especialista em grafismos indígenas e pinturas corporais, com uma trajetória que se iniciou quando tinha por volta de 18 anos. Na época, passou a investigar mais sobre os grafismos de seu povo e desenvolveu interesse na tinta jenipapo. Ele também estudou pinturas de outros povos e aprofundou suas habilidades de pintar.

O líder indígena também chegou a realizar exposições, oficinas e palestras. Benício nasceu e foi criado no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, mas sua família vem da cidade de Pacatuba. Em 2019, o artista conversou com o Vida&Arte sobre o papel dos povos originários na construção do Brasil. Ele também defendeu a manutenção de espaços que preservem memórias sobre as tradições indígenas.

“Para a gente, esse é o papel da arte na luta pelos povos indígenas: os museus e demais espaços de memória são também a garantia dessas tradições. A cultura indígena é ágrafa, ela tem sua base na oralidade, então muitos povos tiveram tradições dizimadas por surtos de gripe e febre amarela e não tiveram tempo de registrar isso. Os museus são formas de contar a nossa história diariamente”, disse à época.

Em 2020, Benício foi um dos personagens do especial do aniversário de Fortaleza. Na ocasião, convidados dividiram memórias de lugares da Cidade que sentiam falta em meio à pandemia. O artista destacou o departamento de Geografia da UFC, onde estudou.

"Foi lá onde tive meus primeiros estudos com mais profundidade sobre a relação do homem e natureza e como essas relações implicam diretamente na maneira de ocupar e se relacionar com o espaço geográfico", escreveu.

Nas redes sociais, amigos de Benício e admiradores de seu trabalho prestaram homenagens e lamentaram a passagem do artista. "Uma tristeza do tamanho de um rio. Perdemos hoje nosso querido amigo Benício Pitaguary", escreveu no Instagram a cantora Maria Gadu, que desejou "força e amor" à "família, ao povo Pitaguary e aos tantos amigos e amigas" do artista.

— Kunhamuku (@kunhamuku) March 28, 2022

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

benicio pitaguary artista plástico grafismos indígenas pitaguary vidaearte

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar