O POVO realiza especial sobre impactos da Semana de Arte Moderna no Ceará

Especial do O POVO aborda centenário da Semana de Arte Moderna a partir da chegada e da consolidação do Modernismo no Ceará

Em fevereiro de 1922, um movimento formado por intelectuais e artistas impactou profundamente a sociedade brasileira. Com a proposta de apresentar uma nova visão de arte em meio às renovações políticas, culturais e sociais pós Primeira Guerra Mundial, a Semana de Arte Moderna ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo e chocou grande parte da população. Poesias, pinturas, esculturas e outras apresentações anunciavam a tentativa de rompimento com o tradicionalismo dominante em correntes artísticas - como o simbolismo e o parnasianismo - da época.

O movimento também defendia a independência cultural do Brasil. Organizada por nomes como os escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti, a Semana de Arte Moderna influenciou a produção artística no País e também teve repercussões em terras cearenses. Para resgatar a história do modernismo nas artes do Ceará, especial produzido pelo jornal O POVO reúne reportagem, diálogos formativos e live de discussão. A estreia será amanhã, 30, na plataforma de streaming O POVO Mais.

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O especial foi produzido ao longo de um mês e a reportagem, dividida em três capítulos, aborda a chegada e a consolidação do Modernismo no Ceará. Na primeira parte, o material escrito pela jornalista Bruna Forte apresenta como a Semana de Arte Moderna foi registrada em jornais “e compreendida por seus contemporâneos”, bem como a aterrissagem do movimento em terras cearenses.

No segundo capítulo, o leitor se depara com as linguagens e expressões do Modernismo no Estado, com destaques para o suplemento “Maracajá”, elaborado pelo O POVO, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap), o Grupo Clã e o Massafeira Livre. Para finalizar o conteúdo da reportagem, há uma reflexão sobre o nacionalismo manifestado no Brasil atual.

Bruna Forte analisa que retornar 100 anos depois às discussões e repercussões promovidas pela Semana de Arte Moderna “é fundamental” diante do processo de desmonte da cultura - acentuado no governo de Jair Bolsonaro. “A Cultura sempre foi muito desmontada no nosso País, mas isso se intensificou desde o início do governo Bolsonaro, com todas as medidas de dinamitar o segmento e as artes, enfraquecer editais e extinguir ministérios. Voltar aos pensamentos de uma semana em que se moldou uma imagem de nação é importantíssimo. É basilar até para pensarmos em como foram construídas as múltiplas culturas no pensamento brasileiro”, destaca.

A jornalista aponta que a Semana de Arte Moderna tem um “entre lugar” que se constitui entre um passado que não cabia mais e um futuro “que despontava, mas não chegava”, carregando consigo uma característica “muito forte de questionamento” que continua reverberando. Dessa forma, quando falamos do Ceará, lembramos que o modernismo se consolidou no Estado a partir de “múltiplos movimentos”, surgindo primeiro como uma “crítica ao modernismo” e, depois, como “movimento em si”.

Em comum, todos carregavam consigo a necessidade de olhar para si, para a arte produzida aqui e também de repensar a relação com o que é feito de forma local. “Acredito que o modernismo tem um lugar muito importante no sentido de valorizar o que se produz aqui”, enfatiza a jornalista.

Sobre o processo de produção do especial, Bruna relata como foi “interessante olhar para o Ceará a partir da lufada de ar que o modernismo trouxe”: “Acompanhar a história se formando é sempre uma conquista muito grande para nós que trabalhamos com o registro do cotidiano. Esse é um material que demandou um olhar em um outro tempo, e valeu muito a pena olhar para a Semana de Arte Moderna a partir daqui”.

Além da reportagem - com recursos digitais que enriquecem a experiência de leitura -, a programação do especial inclui uma live na quarta-feira, 3, e também a série “Diálogos Audiovisuais”. Nela, é apresentada a história do movimento modernista nas telas e letras locais. A reportagem também será publicada no jornal impresso a partir do dia 7.

Para a mestra em Literatura e editora-executiva do O POVO Mais, Regina Ribeiro, é importante apresentar os “pontos de convergência e divergência entre os modernos cearenses e os do Sudeste”,considerando como o movimento se disseminou pelo País. Assim, o jornal busca também refletir como “muitos desses escritores e pintores fizeram sua própria história nas artes brasileiras”.

Além disso, o especial também resgata a participação do jornal O POVO na consolidação do movimento no Estado: “Esse tema vira e mexe aparece citado em pesquisas, mas acredito ser a primeira vez que o próprio O POVO se debruça sobre o fato de que o jornal foi o farol do modernismo no Estado. A começar pelo Demócrito Rocha, que era poeta e um grande impulsionador de novas ideias, além de ter no seu entorno jovens promissores nas artes do Estado”. Regina Ribeiro acrescenta:

“No O POVO recém-criado, ele destacou uma página chamada ‘Modernos e Passadistas’ que dava lugar ao passado e à vanguarda ao mesmo tempo. E também, criou a revista ‘Maracajá’, suplemento veiculado junto com o jornal, que abria espaço para as experimentações modernistas. Não foi pouca coisa. O jornal teve papel fundamental para mostrar a força dos modernos cearenses”.

A estreia do especial ocorrerá com a série “Diálogos Audiovisuais”. A produção em vídeo foi gravada no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc) e resgata o movimento modernista no Estado ao longo de três episódios. O material conta com a participação de Rodrigo Marques, professor de Literatura da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e pesquisador.

Nos episódios, Rodrigo busca destacar que “as circunstâncias históricas da cena literária de Fortaleza permitiram uma recepção específica do modernismo”. Com isso, o Ceará recebeu o movimento ao seu modo “ao mesmo tempo em que se integrou a uma proposta nacionalista”, refletindo “sobre si e sobre sua nacionalidade” a partir do modernismo.

Em sua análise, tanto o Ceará quanto o Nordeste foram “cruciais” para o modernismo, pois, depois dos “anos 20”, passou a ser observado um “predomínio de escritores nordestinos” que compuseram a segunda geração modernista em torno do “romance de 30”. “É um romance neorrealista, mas que é possível após o movimento de 22. A literatura desce do seu altar academicista e começa a usar a linguagem do povo e a falar do Brasil de uma forma não caricata, e até aquilo que era chamado de ‘atraso’ é colocado como uma oportunidade de nacionalidade”, acrescenta.

Por isso, o especial do O POVO também é importante para sair do “eixo Rio-São Paulo” e para apresentar a diversidade da cultura nacional, segundo Rodrigo. Na visão do pesquisador, os vídeos formativos permitirão que o assunto seja debatido por um público maior e para além do campo acadêmico: “O jornal O POVO aposta em um conteúdo de qualidade e em um formato contemporâneo, o que dá uma abertura aos seus leitores para pesquisarem e se aprofundarem no tema”, destaca.

O POVO Mais

Assinantes da plataforma O Povo Mais terão acesso exclusivo ao especial sobre o centenário da Semana de Arte Moderna a partir de amanhã, 30, com a série Diálogos Audiovisuais; na terça-feira, 1º de fevereiro, será possível conferir a reportagem completa dividida em três capítulos. No dia 3, às 17h30min, nas redes sociais do O POVO, uma live vai abordar o tema.

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