Cidade de Deus 20 anos: conheça o filme protagonizado por Douglas Silva

Dirigido por Fernando Meirelles, "Cidade de Deus" é considerado por muitos críticos um dos filmes brasileiros mais importantes e populares

Dadinho é o c******, meu nome agora é Zé Pequeno, p****”. Mesmo com os asteriscos, qualquer pessoa que tenha assistido a “Cidade de Deus” pode ler a frase na exata entonação do personagem. Talvez até mesmo quem nunca viu o filme entenda pelo menos a referência.

Considerado por muitos um dos grandes momentos do cinema brasileiro, a cena mostra Zé Pequeno (Leandro Firmino) tomando a boca de fumo de Neguinho (Rubens Sabino) para estabelecer o império do tráfico de drogas na favela do Rio de Janeiro. Além de ser sua última competição antes de alcançar o objetivo, também foi o homem que matou Bené (Phellipe Haagensen), seu amigo de infância e parceiro nos crimes.

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O longa-metragem, que completa duas décadas de lançamento neste ano, é uma das obras audiovisuais consagradas no Brasil. Dirigida por Fernando Meirelles (“7 Prisioneiros” e “Dois Papas”), história revela as consequências da violência na Cidade de Deus, bairro carioca que foi, por um longo período, classificado como uma das regiões mais perigosas do Rio de Janeiro.

“O que eu queria fazer quando pensei em fazer o filme era ser muito didático em relação ao tráfico. Achei até que fosse ser meio criticado por isso, mas ninguém reclamou ainda. Era assim: primeiro, mostrar como é que os caras de assaltantes passaram a ser traficantes. Daí, começaram a tomar todas as bocas e estabeleceram um negócio, uma franquia”, explicou Fernando Meirelles em entrevista ao O POVO em agosto de 2002.

Todo o enredo é contado pela perspectiva de Buscapé (Alexandre Rodrigues), que apresenta aos espectadores a vida na favela. Diferente de muitos garotos como ele, o narrador teve a oportunidade de mudar sua realidade e se tornou um fotógrafo por acaso.

Mas a maioria permaneceu afetada pelo cenário do local em que nasceu, cresceu e viveu. Desde o início, o filme destaca os confrontos entre os traficantes e os policiais, que também afetam a população sem envolvimento no tráfico.

E, neste contexto, um grupo de meninos é influenciado por três ladrões amadores, o “Trio Ternura”, que introduzem os garotos no mundo do crime. Influenciado por essa situação, Zé Pequeno - um dos grandes protagonistas, apesar de Buscapé - cresce em meio à violência até virar um dos principais nomes do tráfico na Cidade de Deus.

Na época, Fernando Meirelles, ao lado da codiretora Kátia Lund, construiu uma adaptação do livro homônimo do escritor Paulo Lins. Os diretores reuniram um elenco de garotos desconhecidos que moravam em diversas comunidades do Rio de Janeiro.

Eles participaram, durante meses, de oficinas de atuação e interpretação criadas pelos próprios responsáveis pelo filme. “Se eu não achasse os atores, não teria filme. Por isso, eu digo que não formei atores, eu achei atores”, explicou em evento do 22º Cine Ceará, em junho de 2012.

No ano em que lançou, o longa-metragem foi indicado a quatro categorias no Oscar: “Melhor Diretor”, “Melhor Roteiro Adaptado”, “Melhor Edição” e “Melhor Fotografia”. Também recebeu indicação no Globo de Ouro como “Melhor Filme Estrangeiro”. Apesar disso, o diretor não acreditava que a obra poderia obter sucesso internacional.

“Eu nem acho que o filme tem muita cara de Oscar. Quem escolhe é uma comissão com críticos muito antigos. A idade média é de 65 anos. E o público mais velho não gosta muito de ‘Cidade de Deus’ por causa do ritmo dele. É um filme muito pop (...). Eu, sinceramente, não sei se o filme tem chance”, opinou em entrevista de 2002, antes de saber sobre as indicações.

Uma década após o lançamento, Cavi Borges e Luciano Vidigal retomaram à história em “Cidade de Deus - 10 anos Depois” com o objetivo de mostrar as influências do filme nas trajetórias profissionais e pessoais do elenco. Entre os nomes que concederam entrevistas, estão Alice Braga, Seu Jorge, Leandro Firmino, Matheus Nachtergaele e Douglas Silva.

Longa-metragem “Cidade de Deus” está disponível nos streamings Telecine, Globoplay e Now. Já o documentário “Cidade de Deus - 10 Anos Depois” está na Netflix, no Globoplay e no Now.

Conheça Douglas Silva

Um dos meninos que integrou o elenco do filme foi Douglas Silva. Agora ele é um dos participantes do Big Brother Brasil no grupo “Camarote”, mas reúne várias produções de destaque em seu currículo como ator.

Em 2002, interpretou Zé Pequeno (ou Dadinho) na infância. Em entrevista para a revista RG, relembrou a carreira: “Comecei minha carreira quando eu tinha nove anos, fazendo teatro na escola onde eu estudava. Um ano depois, a minha professora, Marcela Moura, ficou sabendo do teste para fazer parte do filme ‘Cidade de Deus’, ela indicou todo mundo da turma para ir, mas acabou que só eu fui e passei na triagem, que tinha mais de 2.600 pessoas”.

Do anonimato ao reconhecimento público, Douglas Silva recebeu o papel de Acerola na série de televisão “Cidade dos Homens” logo depois de “Cidade de Deus”. Ele era um dos protagonistas ao lado de Darlan Cunha, que interpretou Laranjinha.

Na história, os dois vivenciam as questões típicas da adolescência, mas também passam por adversidades específicas das regiões pobres do Rio de Janeiro. O tráfico de drogas, a violência urbana, a pobreza e a concentração de renda são algumas das situações que vivenciam no cotidiano.

A produção, que teve quatro temporadas exibidas entre 2002 e 2005, rendeu ao ator uma indicação ao Emmy, uma das maiores premiações internacionais para os profissionais da televisão.

O artista, porém, analisa que ter sido indicado ao prêmio foi apenas mais um título em sua carreira. “Por incrível que pareça, o Emmy na minha vida é só um título, ele não foi um divisor de águas. O filme, sim, foi, assim como a série “Cidade dos Homens”, essencial para tudo o que acontece na minha vida até hoje”, disse à RG.

“O Emmy aqui no Brasil não tem valor, eu Douglas Silva falando, porque eu conheço vários artista que são premiados e não trabalham ou não estão trabalhando direto. Porque aqui é diferente, talvez por isso as grandes premiações sejam de fora, Cannes, Oscar, Emmy, etc. porque eles dão valor”, percebe.

Além de “Cidade de Deus” e “Cidade dos Homens”, também trabalhou em outras produções populares, como “Caminho das Índias” (2009) e “Amor de Mãe” (2019). Agora, é um dos participantes do grupo “Pipoca” no BBB 22.

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