Demência: conheça os tipos, sintomas e como tratar
O neurologista Norberto Anízio Ferreira Frota explica o que está atrelado a ocorrência de doenças demenciais, quais os tipos e como tratar os casos
O Ministério da Saúde (MS), estima que, em 2019, 1,85 milhão de brasileiros viviam com Doença de Alzheimer (DA) e que até 2050 o número tenha triplicado.
Para falar mais sobre essa e outros tipos de demência, o neurologista e diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz-CE), Norberto Anízio Ferreira Frota, explicou ao Ciência & Saúde como identificar os sintomas e como tratar a doença.
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Tipos de demência e sintomas
A demência é um grupo de doenças que se caracterizam pelo prejuízo de algumas capacidades do cérebro, como memorizar acontecimentos e dificuldade em se comunicar.
"Pode ser um prejuízo na capacidade de organizar coisas do dia a dia, que a gente chama funções executivas, como gerir minhas contas bancárias, por exemplo (...) Pode haver dificuldade de percepção de imagem", explicou o neurologista.
De acordo com ele, se pelo menos duas esferas do paciente são acometidas, a pessoa tem o diagnóstico de demência. As mais comuns são: alterações de memória e o gerenciamento de função executiva. “Demência é uma síndrome”.
Há 100 anos, a maior causadora de demência no mundo era a neurosífilis. A doença é uma complicação da sífilis, que ocorre quando a bactéria Treponema pallidum atinge o sistema nervoso central, podendo causar uma variedade de sintomas neurológicos. Conheça abaixo os tipos de demência e seus sintomas:
- Demência vascular: quadro demencial causado pela ocorrência de vários AVCs, que muitas vezes podem não ser percebidos. Segundo Norberto, talvez seja a segunda maior causa de demência no Brasil.
- Doença de Alzheimer (DA): é uma doença neurodegenerativa, onde passa a ocorrer a morte de vários neurônios no cérebro. É considerada a principal causa de demência, de 50% a 60% dos casos.
- Demência frontotemporal: nos casos da doença, ocorre a mudança de comportamento. O paciente passa a ter uma maior inadequação social. Também é comum haver alterações de linguagem, conhecido como afasia Distúrbio de linguagem causado por danos cerebrais, que afeta a capacidade de uma pessoa falar, compreender a fala, ler ou escrever. . O caso mais famoso é o do ator Bruce Willis, diagnosticado em 2022.
- Doença com corpos de Lewy (DCL): é uma mistura da Doença de Alzheimer (DA) e a doença de Parkinson. Durante a evolução da doença, o paciente pode apresentar sintomas de doença de Parkinson, como rigidez e lentidão. Também é comum ter alterações do sono e quadro de alucinações visuais. Outro caso famoso é o do ator Robin Williams.
Como prevenir doenças demenciais
No Brasil, metade dos quadros de demência poderiam ser eliminados ou diminuídos se alguns fatores fossem removidos. Norberto explica como prevenir doenças demenciais.
“O analfabetismo é um fator de risco para a ocorrência de demência extrema. A baixa escolaridade é um dos principais fatores de riscos ligados à ocorrência de demência, o analfabetismo é um fator de risco”.
Segundo Norberto, outros fatores vão aparecendo ao decorrer da vida, como fatores cardiovasculares, hipertensão, diabetes e dislipidemia Condição caracterizada por níveis anormais de gorduras (lipídios), como colesterol e triglicerídeos, no sangue. Essa alteração pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). A dislipidemia pode ser causada por fatores genéticos, estilo de vida (dieta rica em gordura, sedentarismo) ou outras condições médicas e uso de medicamentos. na meia idade.
Conforme o neurologista, também há mais fatores que podem acometer os pacientes posteriormente. São eles a hipoacusia É o termo técnico utilizado para a perda auditiva. Pode ser causada por diversos fatores, como envelhecimento, exposição a ruídos intensos, infecções, lesões ou doenças genéticas.
, inatividade física (sedentarismo), pouco contato social, depressão na terceira idade e a poluição do ar são fatores correlacionados com maior ocorrência de demência na população.
Norberto esclarece que alguns elementos podem ser incluídos ou melhorados no dia a dia para retardar o aparecimento de um quadro demencial. Confira abaixo quais são:
- Alimentação
- Atividades físicas
- Contatos com familiares (interação social)
- Qualidade do sono
- Cuidar bem dos fatores cardiovasculares
Na indústria farmacêutica existem alguns remédios capazes de tratar doenças demenciais como o Alzheimer, a vascular e a DCL.
É o caso dos anticolinesterásicos, que são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medicação impede a ação da enzima acetilcolinesterase, responsável por degradar a acetilcolina, um neurotransmissor importante no sistema nervoso.
Ao inibir essa enzima, os anticolinesterásicos aumentam a disponibilidade de acetilcolina nas sinapses, potencializando os efeitos colinérgicos — relacionados à acetilcolina.
A medicação é utilizada em casos da Doença de Alzheimer (DA), por exemplo, quando há redução da acetilcolina no cérebro.
Outro fármaco utilizado para combater a DA é a Memantina, que é utilizada em uma fase moderada-grave da doença e está disponível no SUS.
Norberto também adiciona que praticar treinos cognitivos, como quebra-cabeças, jogos de memória, sudoku, xadrez e damas, ajuda a retardar a demência.
Outros exemplos de treino cognitivo são desenhos, pinturas e atividades que envolvam coordenação motora e concentração, além de exercícios de raciocínio lógico.