Recentemente, a viúva do ator e comediante norte-americano Robin Williams, Susan Schneider, revelou que a morte do marido - que cometeu suicídio em agosto de 2014 - estaria associada à DLB (siga em inglês para demência com corpos de Lewy) e não apenas à depressão, como se convencionou amplamente.

"Não foi a depressão que matou Robin. Depressão foi um dos, vamos dizer, 50 sintomas, e foi um pequeno", afirmou Susan em entrevista inédita à revista People.

Para obter mais informações sobre a doença, o O POVO Online entrevistou na tarde desta quarta-feira, 4, João Macedo Coelho Filho, professor de Geriatria na Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do serviço de Geriatria do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), referência no tratamento de demência no Ceará.
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De acordo com ele, a demência com corpos de Lewy, ao contrário do que vem sendo divulgado, não é o segundo, mas o terceiro tipo mais comum de demência, depois do mal de Alzheimer e da demência vascular. Esta última está associada à isquemia cerebral ou ao acidente vascular cerebral, o AVC.

Conforme o especialista, a demência com corpos de Lewy é caracterizada pela perda progressiva de memória e de outras funções cerebrais como a fala, localização de tempo e espaço, sintomas que prejudicam, por consequência, a realização de tarefas do dia a dia.

Alteração de memória; alterações comportamentais como alucinações; alterações parkinsonianas (da doença de Parkinson) como tremor, rigidez e lentidão dos movimentos; são algumas das alterações mais comuns relacionadas à DLB.

Ao contrário do que é verificado no mal de Parkinson, o paciente já apresenta desde o início tais fatores, embora não necessariamente todos.

Segundo o médico, existem várias causas e tipos de demência, mas todas são muito parecidas.

"Consciência preservada"      

Ainda que o paciente acometido pela demência com corpos de Lewy sofra desde o início com os sintomas anteriormente citados, o médico João Macedo ressalta que na fase inicial da doença a consciência se mantém preservada.

"No início, o paciente tem a consciência de que não está bem e, até mesmo para se proteger, o sujeito se retrai. Então, a depressão pode ser uma acompanhante da demência", reitera o especialista que atenta também para a flutuação do quadro. "Tem horas que a pessoa está boa e em outras horas há alterações como confusão mental e déficit cognitivo", explica o professor.

Ainda segundo ele, a causa da doença que pode ter resultado na morte do ator, de fato, ainda é desconhecida e sem prevenção. "Não sabemos exatamente o que leva à essa doença, até porque é um tipo de demência que foi descrita relativamente há pouco tempo", complementa.