Lígia Protásio defende retomada da dignidade em Santa Quitéria

Candidata do PT, Lígia Protásio defende retomada da dignidade em Santa Quitéria e critica interino

Petista afirma que instabilidade política e jurídica trava recursos e desenvolvimento do Município

Lígia Protásio, candidata do PT a prefeita na eleição suplementar em Santa Quitéria, critica a instabilidade jurídica e administrativa gerada pelo prefeito interino e opositor — filho do prefeito anterior, que foi cassado e preso por suspeita de corrupção — e enfatiza a necessidade de restaurar a dignidade do município, o qual ela descreve como vivendo uma "vergonha nacional" devido à prisão do ex-gestor.

Em conversa com O POVO, ela ressalta a aliança com o Governo Federal e o Governo do Estado (Lula, Camilo e Elmano) para garantir recursos. Também aborda a ausência de algumas lideranças políticas do partido na campanha atípica, mas afirma ter recebido apoio fundamental de outros representantes e que continuará trabalhando pelo povo mesmo que não vença, mantendo seu trabalho como médica do SUS e comerciante.

“Foi uma campanha bem rápida, de menos de 30 dias. Então assim, é o nosso Município, é o maior município de extensão territorial. A gente não pode chegar a todas as casas, a conversar com todas as famílias, mas o máximo que Deus permitiu com que eu e a Rayana, a gente conseguisse chegar, conversar, a gente mostrar nossos projetos, nossas propostas, a gente incentivar e mostrar que a instabilidade que está dentro do município está fazendo nosso Município se degradar, e que nossa chapa é a chapa melhor para fazer realmente esse Município se estabilizar”, afirmou.

Ela admite que, embora curta, foi uma campanha difícil. “Foi realmente uma campanha que foi bem árdua, bem corpo a corpo mesmo, indo de porta em porta, com menos eventos, mas com mais propostas, com mais projetos. E aí assim a gente fez nossa campanha pacífica, trazendo a paz, trazendo, fazendo com que todo mundo se sinta seguro com a nossa chapa. E graças a Deus está ocorrendo tudo bem e que essas eleições hoje ocorra tudo bem, ocorra tudo em paz e que a consciência do povo é que prevaleça a consciência de realmente desejar construir um novo caminho para Santa Quitéria”, disse.

Continuidade

Questionada sobre o que significaria a eleição do prefeito interino Joel Barroso (PSB), Protásio afirmou que representaria “total instabilidade” para o Município.

“Seria uma continuidade de uma insegurança local, a continuidade todas as pessoas de Santa Quitéria entenderem que a gente não pode nem sequer se queixar da problemática que está acontecendo dentro do nosso município, que é não ter saúde, que é não ter educação, que é não ter uma assistência, que é não ter um embasamento para que as pessoas tenham um resguardo e uma segurança pública e um desenvolvimento do município”, afirmou.

Confira momento em que Lígia Protásio chegou para votar:

Para ela, o Município parou no tempo e as pessoas têm medo de demonstrar apoio às candidaturas contrárias ao grupo que comanda a cidade.

“O Município simplesmente parou no tempo desde que essas pessoas assumiram e a gente vive sobre sempre essa insegurança de demonstrar democraticamente em quem nós queremos votar, em quem nós queremos seguir, o caminho que a gente quer prosperar. E aí as pessoas ficam receosas até de demonstrar, de botar uma bandeira, de botar um bótom, de ir para a campanha, de ir para as ruas. Porque elas se sentem fragilizadas em relação a isso, devido tudo que aconteceu durante esses anos”, argumentou.

A petista lembra e acusa ainda Joel de não dever sequer estar no comando do Município, visto que é sua terceira presidência seguida na Câmara Municipal, o que é motivo de questionamentos judiciais por parte do Ministério Público.

“O próprio candidato aí que está como prefeito interino teve seus bens apreendidos, porque também está dentro da investigação do processo criminal contra o pai”, acusou.

Mesmo diante do que chama de “sequência de irregularidades”, Lígia avalia que é o momento de o povo decidir se manterá ou não o Município nessa “instabilidade jurídica e administrativa” em que se encontra. “É o que traz a maior deficiência para mantermos recursos, tanto federais e estaduais, como também recursos de empresas privadas que queiram ter a segurança de se instalar dentro do município, gerando emprego e renda para as pessoas”, afirmou.

Sem ameaças

Apesar dos perigos apontados, a candidata diz que a campanha não sofreu com ameaças durante o curto período eleitoral deste ano.

“Nós somos pessoas pacíficas, somos filhas de Santa Quitéria, comerciantes de Santa Quitéria. Nós não temos ligação nenhuma com acordos ou alguma coisa que aconteceu aí no passado. Tanto que eu não fui vítima de nada, não entrei com processo de nada, não é? Eu acredito que a Justiça é que tem que ver o que foi que aconteceu de fato, o porquê dessa perseguição que houve com apenas um determinado candidato, não é?”, insinuou.

Povo cansado

Segundo a candidata, o povo de Santa Quitéria está cansado de tanta confusão e do envolvimento policial na política do município.

“Aí fica lado A e lado B brigando, enfim, se digladiando, acusando. E nós não, nosso grupo é feito de grupo de pessoas pobres, de pessoas honestas, de pessoas íntegras, de pessoas que querem bem para a população. O povo mais carente mesmo, que está sofrido com falta de saúde, com falta de remédios, com falta de estradas, que nosso município é o maior município de extensão territorial e 80% é de estradas vicinais. E essas estradas não foram feitas, não foram realizadas nesses 10 meses de governo interino”, disse.

Caso seja derrotada

Em caso de derrota, a candidata disse que seguirá o trabalho que faz junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Bom, eu sou médica, trabalho no SUS já há 10 anos. Sempre trabalhei pelo programa Mais Médicos, que é um programa que envia os médicos para as localidades de mais vulnerabilidade, de difícil acesso”, explica.

Ela reconhece, no entanto, que quando se perde uma eleição, há pressões que por vezes afastam as pessoas da cidade.

“Claro que, infelizmente em Santa Quitéria, quando a pessoa perde uma eleição, ela fica ali visada com a situação. A situação persegue, a situação humilha, a situação faz com que todo mundo se afaste do município e a gente tem que procurar trabalhar nos municípios vizinhos, mas trabalhando nos municípios vizinhos a gente consegue atender o povo da nossa cidade também, que está precisando de assistência, porque não tem assistência dentro do município e, assim, a gente mantém a continuidade. Fora que eu sou comerciante, filha de comerciante, então a gente mantém todo esse elo de ligação aqui com o nosso município”, argumenta.

Nomes do PT na campanha

A petista justificou a ausência de nomes do PT na campanha, especialmente o governador Elmano e o ministro Camilo Santana. Para ela, a curta campanha impediu que houvesse tempo hábil, em meio às agendas corridas dos companheiros de partido.

“Na eleição de 2024 a gente teve a participação do ministro Camilo Santana e foi muito importante. A gente sabe que uma eleição atípica faz com que as pessoas também não consigam adaptar os seus calendários oficiais. Então, essa semana, quando a gente conversou com o ministro Camilo Santana, ele estava na África, não pôde participar. Estava em seu trabalho, fazendo uma missão na África juntamente com o governador Elmano de Freitas”, disse.

Elmano afirmou na semana passada, porém, que por haver mais de um nome da base na disputa, não iria se posicionar na eleição de Santa Quitéria.

“O governador Elmano de Freitas, ele tem muito cuidado com a questão dos aliados políticos acima do PSB e, enfim, também do MDB. Mas a gente sabe também que ele deixou bem claro na sua primeira entrevista que ele sabe quem foram os aliados dele em 2022 na eleição para governador, que fomos nós, unicamente nós e a vontade do povo. E foi por isso que nós fomos perseguidos pelo gestor que hoje está preso em prisão domiciliar, durante todo o tempo por termos apoiado o governador Elmano de Freitas”, afirmou a candidata.

“Mas tivemos pessoas que são representantes, o Duarte Júnior esteve aqui conosco na caminhada. A senadora Augusta (Brito) mandou um vídeo, porque também estava recebendo uma homenagem na Câmara Municipal de Fortaleza, mas eles deram toda a assistência, toda a necessidade que a gente teve de estar mesmo colocando nosso nome à disposição, até porque são do Partido dos Trabalhadores, eles querem que o Partido dos Trabalhadores cresça dentro do nosso Município, cresça dentro do Estado do Ceará. E a gente sabe que é importantíssima essa aliança.”

Por fim, ela agradeceu a outros nomes do PT que participaram da campanha, direta ou indiretamente, como a senadora Augusta Brito, os deputados De Assis Diniz e Moisés Braz, e a deputada Larissa Gaspar, entre outros, que, segundo ela, estão ajudando a tirar o município dessa situação de “vergonha nacional”.

“Quando eu falo de vergonha nacional, eu falo em relação a ser o único município do país, dos mais de 5.000 municípios que nós temos, que o prefeito foi preso por envolvimento criminal, por utilizar a máquina pública para envolvimento criminal”, justificou.

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