Em aproximação, Ciro e bolsonaristas retiram processos que tinham uns contra os outros
O ex-presidenciável travava batalhas judiciais contra antigos adversários, mas ambos os lados fizeram gesto de conciliação em meio a possibilidade de aliança no Ceará
20:06 | Dez. 19, 2025
O ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) tem se aproximado da direita bolsonarista no Ceará desde o segundo turno das eleições para prefeito de Fortaleza, no final de 2024. Nesta conciliação com ex-adversários políticos, estão acenos, diálogos, discursos de "desculpas" e até mesmo a retirada de processos de uns contra os outros.
Nesta semana, o ex-presidenciável retirou processos contra o vereador de Fortaleza Inspetor Alberto (PL). Em 2020, o parlamentar gravou diversos vídeos atacando Ciro e o chamando de "drogueiro" e "homem de nariz nervoso". Em reação, o ex-governador entrou com ação judicial pedindo indenização de R$ 50 mil por danos morais.
Na justificativa do pedido de desistência do processo, assinada pelas defesas tanto de Ciro quanto de Alberto, é dito que ambos estão em aproximação, por isso optaram por quitação mútua.
"Considerando a recente e amigável aproximação entre as partes, que optaram por resolver todas as controvérsias de forma extrajudicial, o autor vem manifestar a perda superveniente do interesse de agir no prosseguimento da demanda judicial em epígrafe que move em desfavor do ora promovido", diz a manifestação apresentada em novembro e homologada no último dia 16.
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Ciro e Wagner fizeram o mesmo
Se Ciro Gomes já tinha feito o mesmo com antigos desafetos. Entre estes, está o ex-deputado federal Capitão Wagner (União). O tucano pediu desculpas públicas a Wagner pelas ofensas e ataques num passado não tão distante.
“Eu tinha três processos contra o Ciro. Tirei os processos, porque não faz mais sentido eu estar processando o Ciro por uma fala que ele fez que, agora, ele reconhece que foi equivocada para aquele momento. Não tem sentido qualquer que esses processos possam continuar”, disse Wagner.
As ações diziam respeito a uma série de acusações feitas por Ciro contra Wagner ao longo das eleições de 2016, 2018 e 2020. Uma delas chegou a ter decisão favorável na 1ª instância ao ex-deputado do União, com condenação em R$ 20 mil contra Ciro. Entre as acusações de Ciro, estão as de que Wagner teria “chefiado milícias” na Polícia Militar do Ceará (PMCE).
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Antigo desafeto de Valdemar, presidente do PL
Da mesma forma, Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, também retirou três processos que tinha na Justiça contra Ciro Gomes. Em cada ação, o dirigente partidário pedia R$ 100 mil em indenização por danos morais.
Em um debate presidencial realizado pela Revista Veja, em 2022, Ciro acusou Valdemar de corrupção enquanto geria o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O Bolsonaro repete a mesma prática. Valdemar Costa Neto, o Lula deu o Dnit para roubar, foi preso e condenado, no Mensalão. Agora o Bolsonaro é filiado ao Dnit. Estou pedindo a você, me dê uma oportunidade de mudar isso", afirmou Ciro na época.
Em setembro de 2025, Valdemar deu entrevista sinalizando que o PL iria apoiar Ciro para governador do Ceará, antes da suspensão da aliança por atrito com Michelle Bolsonaro. Ele afirmou ser "o único jeito de vencer o PT".
"Eu tenho três processos contra o Ciro. Liguei pro Marcelo Bessa no dia seguinte e falei: Marcelo, como é que tão os processos contra o Ciro? Ele disse, 'Tá tudo parado, faz tempo, Valdemar.' Eu falei, 'Tira os três. Esquece'. Porque o Ciro mete o pau até na sombra, agora é um fenômeno. Pra você ver. Agora, é o único jeito de tirar o PT no Ceará", declarou.