Presidente do PT diz que posição de Ciro não é normal: "Se quiser reatar, estou de portas abertas"
Edinho Silva disse ter "uma relação muito boa" com o Ciro e não ter "absolutamente nada contra" ele, mas reforçou a mudança de posição do ex-ministro
O presidente do PT, Edinho Silva, afirmou não achar "normal" a posição do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PSDB), que, no Ceará, aproximou-se de nomes da direita bolsonarista. A declaração foi dada nesta terça-feira, 9, em encontro com jornalistas na sede do PT, em Brasília.
"Se o Ciro um dia quiser reatar o diálogo conosco, eu, pessoalmente, vou estar de portas abertas para reatar o diálogo com ele, até porque eu, pessoalmente, nunca achei normal o Ciro estar onde ele está hoje. Para mim, está fora do lugar o Ciro", disse o petista.
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Edinho relatou ainda que sempre teve "uma relação muito boa" com o tucano. "Quem mudou de posição foi o Ciro. Nós estamos exatamente onde nós sempre estivemos e onde nós sempre (nos) relacionamos com o Ciro ao longo da história recente", enfatizou.
O dirigente partidário também avaliou ser "uma pena para política brasileira" o distanciamento do ex-ministro, porque, para Edinho, "Ciro sempre foi uma liderança muito representativa no campo progressista brasileiro, da centro-esquerda brasileira e do campo democrático brasileiro".
"Eu, pessoalmente, não tenho absolutamente nada contra o Ciro, só que ele mudou de posição, tem que respeitar. Na política as pessoas mudam de posição e a gente tem que ter respeito".
Questionado se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compartilha do mesmo entendimento, Edinho respondeu que não conversou com ele sobre esse assunto.
"O Ciro foi o ministro que o presidente Lula pediu para que ele desse início aos estudos da transposição do Rio São Francisco. Então, foi um ministro, sempre, que o presidente Lula teve muito respeito por ele, né? Agora, recentemente não conversei com o presidente Lula sobre o Ciro".
O cearense foi ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula, entre 2003 e 2006.
Afastamento
Desde 2022, quando Ciro obteve o pior desempenho em eleições presidenciais, ele se afastou do PT. Naquele ano, o então pedetista ficou em quarto lugar no Brasil. No Ceará e na cidade de Sobral, seu berço político, figurou em terceiro lugar.
À época, Ciro defendia o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio como candidato a governador do Ceará, mas o PDT também tinha a ex-governadora Izolda Cela (hoje no PSB) como alternativa à recondução após Camilo Santana (PT) renunciar, em abril, para concorrer ao Senado. RC disputou como nome pedetista, mas terminou a eleição em terceiro lugar.
O partido de Leonel Brizola, então, rachou. Dissidentes acompanharam o irmão de Ciro, o senador Cid Gomes, e desembarcaram no PSB.
Em movimentação iniciada ainda no segundo turno das eleições de 2024, o ex-ministro se aproximou de bolsonaristas como o presidente do PL Ceará, deputado federal André Fernandes; e o pai dele, o pré-candidato ao Senado e deputado estadual, Alcides Fernandes.
Em 2025, Ciro saiu do PDT e voltou ao PSDB. Na oposição ao governador Elmano de Freitas (PT), ele é apontado como favorito para disputar o comando do Executivo cearense, apesar de não se colocar como pré-candidato oficialmente e tendo externado novamente preferência por RC.
Contudo, as tratativas com o PL, principal força de oposição no Estado, estão suspensas após decisão da cúpula nacional do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).