Crise do PL a partir do Ceará envolve meta de Michelle eleger "feministas de direita" leais a ela

Apoio da ex-primeira-dama a aliadas em CE, SC e DF gera atritos com filhos de Bolsonaro e lideranças do partido

11:59 | Dez. 04, 2025

Por: Bianca Mota
Ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e a vereadora Priscila Costa no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão ao governo do Ceará (foto: JÚLIO CAESAR)

A recente crise na família Bolsonaro, que levou à suspensão das negociações entre PL e Ciro Gomes sobre a eleição para governador do Ceará, está relacionada à movimentação de Michelle Bolsonaro (PL) nos bastidores eleitorais. A ex-primeira-dama, que preside o PL Mulher, tornou-se o centro de disputas regionais ao apoiar pré-candidaturas femininas consideradas próximas ao projeto político dela.

O grupo de "feministas de direita", conforme apontou a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, teriam objetivo de compor um bloco "michelista" no PL, leal a ela.

Além do Ceará, há conflitos em andamento em Santa Catarina e Distrito Federal — cujo peso é maior para o conservadorismo. 

Conflito no Ceará expõe disputa por espaço no partido

A mais recente crise ocorreu no Ceará, onde Michelle pressiona pela indicação da vereadora de Fortaleza Priscila Costa (PL) para a disputa ao Senado. Priscila é ligada a pautas religiosas e temas de defesa da família, agenda que Michelle tem buscado reforçar nas articulações nacionais.

O movimento enfrenta resistência dos aliados do presidente estadual da sigla, deputado André Fernandes (PL-CE). Ele trabalha para lançar o pai, Alcides Fernandes, ao Senado, em uma chapa que incluiria Ciro Gomes (PDT) para o Governo do Estado.

A crítica pública de Michelle à aproximação com Ciro tensionou o ambiente. Flávio Bolsonaro, que inicialmente reprovou o gesto da madrasta, teria consultado o pai — preso desde novembro — eacabou recuando.

Aliados de Michelle confrontam decisão de Bolsonaro

Em Santa Catarina, a disputa interna é a mais complicada. Michelle apoia a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) como pré-candidata ao Senado. No entanto, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) passou a se movimentar para ocupar o espaço. Outra vaga na aliança seria do já senador Esperidião Amin (PP-SC).

A preferência da ex-primeira-dama por Caroline desencadeou uma reação em cadeia: Ana Campagnolo (PL-SC), que preside o PL Mulher estadual e é próxima de Michelle, afirmou que Caroline estaria sendo preterida para beneficiar Carlos. A declaração resultou em embates públicos, com Carlos chamando Campagnolo de mentirosa e Eduardo Bolsonaro acusando-a de desrespeitar a liderança política do pai, Jair Bolsonaro, que teria decidido pelo lançamento de Ciro.

O Distrito Federal também entrou no radar das divergências. Michelle tem se posicionado a favor da indicação da deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado. O apoio confronta interesses de aliados tradicionais da família Bolsonaro, como o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF), que trabalha para manter influência sobre a formação das chapas de 2026.

Disputa por protagonismo após prisão de Bolsonaro

A sucessão de crises internas ocorre em um momento em que Jair Bolsonaro está com atuação política limitada devido à prisão na superintendência da Polícia Federal. Nesse cenário, a interlocução com diferentes grupos do PL ganhou novos protagonistas, inclusive dentro da própria família.

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