Flávio diz que Michelle atropelou Bolsonaro e defende "tapar o nariz" por aliança com Ciro Gomes
Críticas ocorreram após ex-primeira-dama contestar acordo do PL com Ciro no Ceará; senador disse que decisão é coletiva e não caberia a Michelle
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criticou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), por "atropelar" a articulação do PL no Ceará e agir de forma "autoritária e constrangedora" ao se dirigir ao deputado federal André Fernandes (PL-CE), no último domingo, 30, em Fortaleza, durante o lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo) a governador do Ceará.
Assim como André, Flávio afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou a aproximação do partido com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB) no Ceará. O senador falou em "tapar o nariz" para fazer alianças e aproveitar uma janela de oportunidade para enfraquecer o presidente Lula e o PT no Nordeste.
"A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora", disse ao correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage.
Na ocasião citada, Michelle criticou a aliança do PL cearense, presidido por Fernandes, com Ciro Gomes. Dirigindo-se ao deputado, ela chamou o acordo de "precipitado".
Flávio ressaltou que Michelle não toma decisões sobre candidaturas majoritárias nos estados, lembrou que ela "não é política" e que a decisão final cabe ao pai dele. "A decisão sobre as candidaturas majoritárias nos Estados não é pessoal da Michelle, nem minha, nem de Valdemar. O mecanismo será uma discussão interna feita por um grupo, do qual ela faz parte, e depois a decisão final será, sempre, de Jair Messias Bolsonaro. Michelle não é política e precisa entender que a forma de tomar uma decisão às vezes é mais importante do que a própria decisão".
O senador criticou o mal-estar causado no partido a partir das falas da ex-primeira-dama. "Estamos numa guerra pelo futuro do Brasil e nossos inimigos não estão dentro do PL", disse. O colunista do O POVO, Carlos Mazza, já havia informado que Flávio Bolsonaro havia ligado para André Fernandes, ainda no domingo, após as declarações de Michelle.
"Tapar o nariz"
Flávio analisa o cenário no Ceará com três grandes forças políticas: Bolsonaro, Lula e Ciro. Diante disso, com a possibilidade de Ciro sair candidato ao governo, em oposição ao PT, o senador enxerga a abertura de uma oportunidade de diminuição da força local de Lula na disputa pela reeleição.
Flávio também sinalizou ser contrário à candidatura da vereadora Priscila Costa ao Senado, que é defendida por Michelle. Para o senador, se o PL mantiver a linha de ser contrário a alianças para a eleição, acabará sem eleger ninguém para o Senado no Ceará em 2026.
"A conta a ser feita no Ceará é a seguinte: ficamos com o discurso, não fazemos nenhum senador e ainda perdemos uma grande puxadora de votos para deputado federal, no caso da Priscila Costa ser a candidata ao Senado. Ou tapamos o nariz e tentamos fazer um senador, neste caso com a candidatura do pastor Alcides Fernandes, que tem um acordo de ser indicado para receber o segundo voto para senador no palanque de Ciro", defendeu.
Confira na íntegra a manifestação de Flávio Bolsonaro
"A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora.
No Ceará existem três forças: Bolsonaro, Lula e Ciro. Partindo do princípio que Ciro é candidato ao governo do Estado e não será um palanque de apoio a Lula, há uma janela de oportunidade para diminuir a força local de Lula para presidente.
Então a conta a ser feita no Ceará é a seguinte: ficamos com o discurso, não fazemos nenhum senador e ainda perdemos uma grande puxadora de votos para deputado federal, no caso de a Priscila Costa ser a candidata ao Senado, ou tapamos o nariz e tentamos fazer um senador, neste caso com a candidatura do Pastor Alcides Fernandes, que tem um acordo de ser indicado para receber o segundo voto para senador no palanque de Ciro.
A decisão sobre as candidaturas majoritárias nos Estados não é pessoal da Michelle, nem minha, nem de Valdemar. O mecanismo será uma discussão interna feita por um grupo, do qual ela faz parte, e depois a decisão final será, sempre, de Jair Messias Bolsonaro.
Michelle não é política e precisa entender que a forma de tomar uma decisão às vezes é mais importante do que a própria decisão. Estamos numa guerra pelo futuro do Brasil e nossos inimigos não estão dentro do PL".
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