Comissão do Senado debate regras para uso de drones pelos órgãos de segurança pública

Comissão do Senado debate regras para uso de drones pelos órgãos de segurança pública

Ministério da Justiça defende uso seguro da tecnologia e proteção a direitos fundamentais

O uso de drones pelas forças de segurança pública voltou a ser discutido na última terça-feira, 14, durante audiência na Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado. O encontro debateu o Projeto de Lei 3.611/2021, que estabelece limites para armamento e operação autônoma de veículos aéreos não tripulados (Vants) e aeronaves remotamente pilotadas (ARPs).

A audiência contou com representantes do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e da Coordenadoria de Veículos Aéreos não Tripulados do GSI/RJ. O debate evidenciou que a regulamentação dos drones precisa equilibrar eficiência operacional, segurança jurídica e proteção à vida.

O projeto, de autoria do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), proíbe que os drones sejam armados ou operem sem um controlador humano. Mas o relator da proposta, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), apresentou uma emenda que flexibiliza essas restrições, gerando divergências na audiência.

Flávio, que também preside a CSP, destacou que a reunião teve como objetivo compreender os desafios do uso de drones pelas forças de segurança e avaliar como a legislação pode dar segurança jurídica aos operadores.

“Obviamente, em várias situações de monitoramento, algo que seja constante, instrução de inquéritos policiais, isso é importante que ocorra de forma programada. Não tem porque a lei restringir isso, do meu ponto de vista”, afirmou o relator.

Drones como ferramenta policial

Para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, representado por Marcio Eduardo Teixeira, os drones são essenciais para operações policiais. Segundo ele, a regulamentação vai trazer mais segurança jurídica e resguardar direitos fundamentais, mas sem autorizar armamento ou operação autônoma dos equipamentos.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) defende que drones possam ter autonomia em situações específicas, como monitoramento de encostas ou acidentes em rodovias, quando a intervenção imediata pode salvar vidas, explicou Conrado Klein de Freitas, gerente técnico da Superintendência de Padrões Operacionais.

O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), por sua vez, alertou para o uso responsável da tecnologia. Bruno Palmieri Buonicore – representante do Instituto – destacou que drones podem ser fundamentais para prevenir crimes, mas também devem servir para proteger inocentes, documentando ocorrências de forma justa e transparente.



“O uso desses veículos pode ser importante em circunstâncias, regiões e condições concretas, especificamente justificadas. Como também pode ser importante para inocentar pessoas. Essas imagens, essas fotografias, podem levar também a trazer a verificação de uma persecução penal que eventualmente tenha acontecido equivocadamente, com problemas de autoria e materialidade”, ressaltou Bruno.

Uso criminoso e preparação das forças

A ameaça de drones usados por criminosos também foi tema central. Rodolfo Queiroz Laterza, presidente da Associação de Delegados das Polícias do Brasil (Adepol), apontou que as facções utilizam a tecnologia em operações no Brasil e no exterior. Ele defende a capacitação das forças de segurança e a implantação de sistemas antidrones para conter esses riscos.

No Rio de Janeiro, onde drones são utilizados pela polícia há cerca de uma década, Fernando Cezar Jorge Hakme, policial civil e assessor do governo estadual, ressaltou a necessidade de diferenciar o uso dos equipamentos entre policiamento ostensivo, investigação e atuação judicial.

“Vejo a necessidade de o projeto de lei dividir o emprego do drone nas diversas áreas de segurança pública. Eu vejo uma distinção entre o emprego do drone na área de policiamento ostensivo, na área do policiamento investigativo e na área judiciário”, disse.

Jeter Gonçalves Quaresma, do Gabinete de Segurança Institucional do Rio, alertou que traficantes já usam drones para monitorar e proteger territórios no Rio de Janeiro, reforçando a importância da integração entre forças de segurança e a criação de protocolos nacionais de operação.

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Com informações da Agência Senado

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