Luizianne chega ao Brasil após detenção em Israel: "A gente passou por muitas dificuldades"
A deputada federal desembarcou em Guarulhos com outros brasileiros, após serem detidos em águas internacionais enquanto participavam de flotilha humanitária rumo a Gaza
11:04 | Out. 09, 2025
A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) desembarcou nesta quinta-feira, 9, no aeroporto de Guarulhos (SP), encerrando a missão humanitária que integrava rumo a Gaza. Ex-prefeita de Fortaleza, ela estava como observadora internacional de uma flotilha humanitária, que levava alimentos e medicamentos ao povo palestino.
Apesar disso, o grupo não conseguiu chegar ao território palestino devido a intervenção das Forças Armadas de Israel. Luizianne e outras pessoas foram detidas e levadas a uma prisão no deserto israelense.
O voo Qatar Airways, em que Luizianne chegou ao Brasil, aterrissou no aeroporto por volta das 10h10 da manhã, segundo informações divulgadas através das redes sociais da deputada. Em Guarulhos, parlamentares, familiares e manifestantes, aguardam o desembarque de Luizianne e dos outros 12 brasileiros que integravam a missão.
Detida pelo governo de Israel junto com outros 12 brasileiros, Luizianne foi deportada para a Jordânia na última terça-feira, 7.
Em coletiva de imprensa concedida ainda no aeroporto, a deputada destacou os 31 dias de ativismo e ressaltou o que considera ser a mais importante conquista da iniciativa.
"A coisa mais importante que nós trazemos aqui é a sensação que foram movidos muitos sentimentos, corações e mentes no mundo inteiro", disse em fala breve, acrescentando: “A gente passou por muitas dificuldades, mas a gente tem certeza, que essa dificuldade não chega nem próximo do que o povo palestino cotidianamente vem sofrendo”
Missão humanitária e detenção em Israel
A deputada integrava a Flotilha Global Sumud, iniciativa internacional com o objetivo de romper o bloqueio a Gaza e levar suprimentos humanitários, como comida e medicamentos. Além de Luizianne, outros 12 brasileiros participavam da ação.
Em águas internacionais, as embarcações foram interceptadas pelas Forças Armadas de Israel. Mais de 470 pessoas que participavam na flotilha Global Sumud foram detidas, segundo as autoridades israelenses.
Após a ação de interceptação, ela e outros ativistas foram conduzidos para a prisão de Ktzi’ot, no deserto de Neguev, onde permaneceram detidos. Em vídeo publicado nas redes sociais, Luizianne falou sobre as dificuldades durante a prisão e que “sentiu na pele tudo que o exército israelense é capaz de fazer”.
“Nós fomos, na verdade, sequestrados pelo exército israelense, porque nós não estávamos em águas israelenses, estávamos chegando em Gaza. Após isso, o Exército de Israel tomou o controle dos barcos e nos levou para o porto de Ashdod e, de lá, nós fomos considerados presos. Segundo o próprio ministro da Segurança Nacional e o próprio Netanyahu, nós íamos ser tratados como terroristas e assim o fizeram”, falou.
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Negociações diplomáticas e libertação
Após dias de detenção, o governo brasileiro anunciou a libertação dos 13 brasileiros que integravam a flotilha, incluindo Luizianne.
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil declarou em comunicado na terça-feira que, "após negociações conduzidas pelo governo" brasileiro, os 13 brasileiros que estavam nos barcos "foram conduzidos até a fronteira com a Jordânia e libertados".
A parlamentar comemorou nas redes sociais: “Após seis dias de prisão ilegal em Israel, os 13 brasileiros da Flotilha Global Sumud estão finalmente livres”. Nas redes sociais, Luizianne tem registrado os fatos vividos desde a interceptação até o retorno. Em um post recente, ela nega alegações de que a flotilha fosse financiada pelo Hamas, classificando tais afirmações como falsas.
Em outro vídeo, lamentou a ação de Israel contra civis pacíficos, reforçando sua narrativa de que o governo israelense “atacou a flotilha solidária à Palestina”. Além disso, ela divulgou vídeos recentes — antes do retorno — em que relata sua experiência e as operações ao redor da missão humanitária.