Eduardo Tagliaferro: entenda quem é e quais denúncias enfrenta
Ex-chefe de Assessoria Especial do TSE, Tagliaferro é acusado de organização criminosa em esquema de desvio de heranças e coleciona outras acusações
Denunciado pela Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo, o perito Eduardo Tagliaferro foi acusado de organização criminosa por sua conexão com desvios de valores milionários de heranças ainda não partilhadas ou pertencentes a idosos portadores de patologias graves.
Além de Tagliaferro, outras 12 pessoas também estão sendo acusadas do esquema chefiado pelo juiz Peter Eckschmiedt, da 2ª Vara Cível da Comarca de Itapevi, São Paulo. O magistrado foi denunciado pelos crimes de peculato e organização criminosa.
Sobre as acusações, a defesa do perito disse que a denúncia é “deplorável” e uma “tentativa de asfixiar quem tem muito a dizer e esclarecer”.
Na última quarta-feira, 3, o documento completo tornou-se público. A denúncia acumula 162 páginas e classifica Tagliaferro como uma figura central e imprescindível ao esquema criminoso.
Quem é Eduardo Tagliaferro
Ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral, Eduardo Tagliaferro foi nomeado em 2022 para o cargo criado na presidência do ministro Edson Fachin e mantido durante a gestão de Alexandre de Moraes.
O perito atuava no monitoramento de redes sociais e no combate à desinformação durante o período eleitoral. Sua saída aconteceu em maio de 2022, quando Tagliaferro foi preso em flagrante por violência doméstica.
Na ocasião, sua esposa relatou que Tagliaferro chegou em casa alterado, ameaçou e, após entrar no quarto do casal, disparou um tiro.
Ninguém ficou ferido, mas o caso foi o suficiente para o TSE pedir sua exoneração logo em seguida, em maio de 2023.
Eduardo Tagliaferro: “Vaza Toga” e acusações contra Moraes
Tagliaferro também foi indiciado pela Polícia Federal em abril de 2024 pela sua participação no esquema intitulado de “Vaza Toga”, em que foi acusado de violação de sigilo funcional por vazar conversas do ministro Alexandre de Moraes com servidores do TSE e do STF.
A principal acusação continua nessas conversas, feitas entre agosto de 2022 e maio de 2023, era o pedido informal de Moraes ao TSE para a produção de relatórios sobre os investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais.
Na época, o gabinete de Moraes publicou uma nota defendendo esse tipo de solicitação de informação a outros órgãos, destacando que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF”.
O próprio Moraes argumentou que como presidente do TSE, cargo ocupado até maio de 2024, possuía poder para solicitar relatórios sem precisar oficializar pedidos dele mesmo.
Em agosto de 2025, o procurador-Geral da República, Paulo Gonet, protocolou uma denúncia formal no STF contra Tagliaferro. As acusações são de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
No mesmo mês, Alexandre de Moraes solicitou a extradição de Tagliaferro, que atualmente reside na Itália. O pedido foi encaminhado para o Ministério da Justiça que iniciou os procedimentos formais junto ao Itamaraty para viabilizar os trâmites com as autoridades italianas.
No momento, Tagliaferro enfrenta acusações em diferentes esferas. A denúncia de “Vaza Toga” corre no STF, enquanto o TJ/SP é responsável pela investigação de fraude em heranças. Paralelamente, o pedido de extradição feito por Alexandre de Moraes também segue em tramitação.