Eusébio: vereador que propôs título de cidadão a Carmelo diz que acordo foi descumprido
Parlamentares rejeitaram honraria por 9 votos a 1; Base defendeu o direito ao "voto livre" e rebateu acusação de "coação" feita pelo autor do projeto após a Câmara de Eusébio rejeitar o título ao deputado estadual
Durante a sessão na segunda-feira, 1º, na Câmara Municipal de Eusébio (CME), vereadores negaram o título de cidadão eusebiense ao deputado estadual Carmelo Neto (PL). A votação terminou com nove votos contrários e apenas um favorável – este último do autor do projeto, Gabriel França (União), único vereador de oposição na Casa Legislativa do município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Em resposta, Gabriel França falou durante a sessão e afirmou que outros vereadores descumpriram compromisso firmado nos bastidores para aprovar a honraria e alegou que os colegas estariam “presos” às ordens do prefeito Dr. Júnior (PRD) e do ex-prefeito, e atual secretário de Educação, Acilon Gonçalves.
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"No particular falei com cada vereador, solicitei que fosse aprovado. Alguns disseram ‘sim’, e agora, quando vem para esta Casa, seguem com todo mundo ‘não’. É triste saber que aqueles que me prometeram votar favorável não honram seus compromissos. Lamento muito".
Ele acrescentou: "Deputado Carmelo, se senhor estiver assistindo, saiba que eu tenho profundo respeito pela sua pessoa. O povo de Eusébio tem o maior respeito pela sua pessoa, embora esta Casa ainda viva presa ao que o prefeito e o secretário de Educação esperam".
Em entrevista ao O POVO, Gabriel justificou a indicação. "Nas últimas eleições, o deputado Carmelo Neto foi o segundo mais votado no nosso município. Então, de uma certa maneira, grande parte da população o entende como representante em nível estadual. Fora que o deputado já participou de diversas fiscalizações aqui no município", afirmou.
O vereador disse ainda que a cidade vive uma “ditadura” e que isso explica a rejeição.
"A proposta foi recusada não por questões partidárias e, muito menos, por não imaginar que o deputado mereça. O que a gente observa aqui é uma verdadeira ditadura. O secretário de Educação comanda a votação da sua maioria na Câmara. Antes de apresentar a matéria, já tinha conversado com colegas parlamentares e a maioria me confirmou que não teria nenhum problema em votar a favor desse título".
Questionado sobre a reação de parte da população, que em comentários em perfis locais se posicionou contra a proposta, Gabriel afirmou que Carmelo "não é um perfil que todo mundo entende".
"Observei também esses comentários dos moradores locais, e o que muito me consta é que, em sua grande maioria, as pessoas que estavam fazendo críticas a essa nossa proposição eram aliados do prefeito Júnior. Teve lá dois ou três que foram candidatos pela situação e, embora tenham perdido a eleição, continuam na base, sendo funcionários da prefeitura e prestando serviço político ao prefeito", disse.
O deputado Carmelo Neto também comentou o caso nas redes sociais.
"Lamento que a maioria dos vereadores tenha aceito a coação de um grupo que age por revanchismo, que pensa ser dono da cidade e das pessoas. Vou trabalhar incansavelmente para que a esperança vença o autoritarismo e o Eusébio avance. O meu compromisso é com o povo e com os eusebienses que me escolheram como segundo parlamentar eleito mais votado do município! Obrigado pela iniciativa, vereador Gabriel França! Conte comigo. Um grande abraço! Vamos em frente!", escreveu.
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O que diz a base governista
Durante o debate, vereadores da base defenderam o direito ao voto livre e rebateram a acusações de coação. "Eu voto de acordo com a minha opinião, com a minha expressão, com o meu pensamento. Por isso que eu voto, e não aceito que ninguém opine sobre a minha votação. Eu voto de acordo com o que eu acho que é certo", afirmou o vereador Nonato Xilito (DC).
Ao O POVO, o líder do governo na Câmara, vereador Dadá (DC), explicou por que a base rejeitou a proposta. "A gente tem a noção que o título de cidadão de uma cidade é pelo reconhecimento do trabalho prestado. Vemos que o Carmelo é um deputado atuante, mas não vimos nenhum serviço prestado que merecesse o título de cidadão eusebiense ainda nesse momento", afirmou.
Segundo ele, as decisões são tomadas em plenário e não nos bastidores.
"Nós estamos trabalhando a favor do povo eusebiense. Já aprovamos vários projetos de indicação do vereador de oposição. O que se diz é o que está lá na votação na plenária, não é aqui. Ele disse que conversou com o vereador ‘A’, com o vereador ‘B’, com o vereador ‘C’, mas as conclusões são tomadas lá", acrescentou.
O líder do governo também mencionou que a própria população questiona a homenagem: "É notório que ele seja bastante conhecido, mas aqui em Eusébio ele não tem reconhecimento. Então até a própria população se qualifica em dizer que não conhece os trabalhos, e muito menos o deputado Carmelo Neto", disse.
Reação da população
A recusa ao título foi vista por muitos moradores como uma decisão acertada. Nas redes sociais, internautas parabenizaram os vereadores.
"Legislativo de Eusébio dando exemplo!", escreveu um. Outro comentou: "O que esse cidadão fez ao Eusébio para ser reconhecido por nossa cidade, meus amigos? Está buscando algum acordo político? Vamos indicar alguém que realmente fez algo pela cidade. Exemplo: o nosso amigo e ex-prefeito Édson Sá, que também é oposição, porém fez muito".
Houve também quem ironizasse o resultado. "Parece a Alemanha!", disse, em referência ao 7x1 sofrido pelo Brasil na Copa do Mundo de 2014.
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