Glêdson critica 'excessos' de Trump e do STF: 'Nem lulista, nem bolsonarista, sou flamenguista'
Prefeito de Juazeiro do Norte rechaçou rótulos, elogiou Ciro Gomes e comentou o contexto da prisão do ex-presidente Bolsonaro. Ele também lembrou a condução coercitiva de Lula, pela Lava Jato
16:07 | Ago. 05, 2025
O prefeito de Juazeiro do Norte (CE), Glêdson Bezerra (Podemos), que faz parte da oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT), negou ser bolsonarista e disse ter esperança de haver opções para além da polarização petismo versus bolsonarismo em 2026. Em entrevista à rádio O POVO CBN, na manhã desta terça-feira, 5, Bezerra criticou "excessos" por parte do governo americano, do Supremo Tribunal Federal (STF) E elogiou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
"Vou repetir uma frase que virou motivo de brincadeiras: Eu não me considero bolsonarista e nem lulista, eu sou flamenguista. Porque o 'ista' está destruindo a nossa nação, infelizmente. São pessoas que passam a ter um pensamento cego, com relação a um ponto de vista, e acabou", disse Glêdson.
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Excessos
O prefeito foi chamado a comentar os recentes acontecimentos que agitam a política nacional, como as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil, assim como o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que teve a prisão domiciliar decretada na última segunda-feira, 4.
Para o gestor, há excessos de todas as partes. "Eu entendo que excessos estão acontecendo. Quando a gente fala de intervenção de um governo estrangeiro, tentando, segundo a sua concepção, modular situações, resolver o que eles entendem ferir a democracia, isso é um precedente ruim, porque não devemos ter a intervenção de um país soberano sobre outro", avaliou.
Bezerra também apontou excessos por parte do STF. "Por outro lado, como estudioso do direito e muito distante da militância jurídica, tenho que ter muita cautela ao emitir opiniões. Porém, superficialmente, eu digo que está havendo excesso também por parte do STF, em especial nas decisões do ministro Alexandre de Moraes, porque tem que ter cuidado com os precedentes, para que depois isso não venha a se tornar algo corriqueiro".
Segundo o prefeito, o que deveria acontecer era uma maior celeridade nas investigações, com o Judiciário, diante de provas concretas, dado o espaço para o amplo direito de defesa e o contraditório, sem cerceamento de fala, podendo julgar os fatos. "Medidas muitas vezes de demonstração de força, de pirotecnia, eu não entendo como salutar para a democracia", criticou.
Por fim, Bezerra lembrou que foi crítico de ações contra Lula, no processo que culminou na prisão do petista na Operação Lava-Jato.
"Na época em que o presidente Lula foi conduzido coercitivamente, eu fui questionado sobre essa condução e eu disse que, na minha opinião, estava havendo um excesso, porque o presidente Lula já havia sido chamado outras três vezes para prestar depoimento e não se furtara a nenhuma delas. Portanto, não tinha razão de mandar essa medida de força, à época. Eu não estou entrando no mérito se ele devia ser condenado ou não, aí é outra história. Como também, nesse instante, o que eu digo é que há excesso".
Terceira via
Bezerra foi questionado se acredita haver a possibilidade de que a política nacional saia da dualidade entre Lula e Bolsonaro.
"Sou um eterno esperançoso. Acredito, sim, que nós vamos testemunhar um novo momento na política brasileira, em que esse Fla-Flu ideológico possa ser superado. Tomara Deus que a gente possa parar para escolher menos com o fígado e mais com a cabeça. Torço para que haja uma alternativa de poder, gostaria de ver o PT voltar para a oposição, fazendo o seu trabalho de oposição, que ele sabe fazer muito bem, tanto no governo federal como no governo do Estado. E eu acho que sim, pode aparecer uma terceira via", avaliou.
O prefeito admitiu que o ex-governador Ciro Gomes pode ser uma opção nesse sentido. "Votei no Ciro as duas primeiras vezes, se ele tiver condições e força de crescer novamente, tomara que assim possa acontecer", disparou.
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Alternância
Seja no âmbito estadual ou na esfera federal, Glêdson defendeu alternância de poder, reafirmando ser oposição ao PT.
"No campo ideológico, eu me coloco na oposição. Eu entendo que deveria ter uma oxigenação, que o PT já deu sua contribuição. E o PT já deveria ter saído do governo, essa é minha opinião", afirmou, admitindo já ter votado algumas vezes no PT, mas reforçando a defesa de que haja troca no Executivo.
"Votei no PT durante muitos anos, votei nos dois primeiros mandatos do Lula, votei na Dilma, votei no Estado do Ceará em outras ocasiões, agora eu entendo que nós precisamos de uma oxigenação, de um revezamento no poder, para que nós possamos voltar a crescer com consistência e, de preferência, que nós possamos botar os 'pingos nos is' e fortalecer nossa democracia", explicou.