Vídeo de Ciro sobre Bolsonaro fez André descartar aliança; oposição vê situação 'contornável'
Na semana passada, o deputado federal André Fernandes, futuro presidente do PL Ceará, afirmou que o partido terá candidato próprio ao governo do Ceará e ao Senado; descartando qualquer aliança com quem não aceite a cabeça de chapa do PL
16:28 | Jul. 21, 2025
A fala do deputado federal André Fernandes (PL), confirmando que o PL terá candidatura própria ao governo em 2026 e descartando apoio ao ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) e ao ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (sem partido), pegou o bloco da oposição cearense de surpresa, segundo articuladores que integram o grupo confessaram ao O POVO.
Interlocutores da oposição apontaram que a manifestação de Fernandes não foi comunicada previamente e que teria sido tomada em decorrência da postagem crítica de Ciro direcionada a família Bolsonaro, classificando os últimos movimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como "burrice".
O vídeo de Ciro foi postado nas redes sociais na sexta-feira, 21, na mesma manhã em que o ex-presidente foi alvo de operação da Polícia Federal e teve de colocar tornozeleira eletrônica.
A fala do ex-ministro e ex-governador acaba sendo mais direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que ao ex-presidente — mencionado por Ciro numa alusão geral à família. "É indisfarçável que Lula está comemorando essa perigosa situação. Isso quer dizer que nós devemos aceitar passivamente a violência econômica oposta a nós pelo estrangeiro? Claro, óbvio que não. Mas daí a celebrar como Lula está fazendo, os benefícios eleitorais de curto prazo que a soma da injustiça da medida ianque com a tremenda burrice dos Bolsonaros, vai um enorme e intransponível distância", disse.
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Apesar de Fernandes descartar o apoio, membros do bloco da oposição avaliam que a situação é contornável e não seria definitiva. "Acredito que essa situação possa ser resolvida e a paz volte a reinar na oposição", disse um parlamentar, reservadamente, ao O POVO.
Um deputado disse ainda não ter ouvido maiores repercussões entre os aliados da ala contrária ao PT, mas também declarou que a situação pode ser superada. "Acho que é contornável", disse.
Já uma terceira fonte afirmou que é como se a oposição voltasse dez casas em um jogo de tabuleiro e precisasse recomeçar os diálogos para a construção de uma aliança que englobe os diferentes atores. Ele completa dizendo que os bolsonaristas precisam da centro-direita, assim como a centro-direita precisa dos bolsonaristas no Ceará e que a construção de um bloco passa pelo cenário nacional.
A avaliação interna é de que a postura de André não encerra a aliança ou causa um rompimento automático na oposição que pretende disputar contra o PT e seus aliados, mas que deve se iniciar novamente um processo de discussões internas.
André presidirá o PL, a partir de setembro, para preparar o partido para as eleições de 2026. O deputado e é visto como principal líder político da ala bolsonarista no Ceará. O plano inicial da legenda era lançar o pai de André, deputado estadual Alcides Fernandes, a uma das vagas no Senado, e abrir a cabeça da chapa, para governador, para uma composição com outras legendas. Anteriormente, o deputado federal, o deputado federal fez elogios a Ciro como possível candidato a governador, tese que agora rejeita.
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