Deputado cearense Júnior Mano é alvo de operação da Polícia Federal

Operação "underhand" apura crimes de organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com fim eleitoral

08:00 | Jul. 08, 2025

Por: Rogeslane Nunes
Junior Mano é deputado federal pelo Ceará. (foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados)

O deputado federal Júnior Mano (PSB) é alvo de operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 8. Batizada de "Underhand", a ação da PF é uma iniciativa contra desvio de recursos públicos e cumpre 15 mandados de busca e apreensão nos municípios de Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio, e em Brasília/Distrito Federal. Houve o bloqueio de R$ 54,6 milhões das contas dos investigados.

Assista:

O parlamentar vem sendo investigado por suposta compra de votos no Ceará — esquema de lavagem de dinheiro de emendas parlamentares nas eleições de 51 municípios em outubro de 2024.

Nesta operação, são investigados crimes de organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com fim eleitoral. Mano nega qualquer envolvimento com as práticas citadas.

 

O deputado é tratado como pré-candidato a senador em 2026.

No sábado passado, O POVO mostrou com exclusividade que, a pedido da Polícia Federal, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu mais 60 dias para que os investigadores concluam relatório sobre suposto desvio de emendas parlamentares no Ceará, no qual Mano é investigado. Com isso, a entrega do parecer fica para agosto. O processo corre em segredo de Justiça.

Deputado nega participação

Em nota enviada à imprensa, o deputado afirmou não ter "qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos". O parlamentar disse confiar nas instituições e ter convicção que, ao final da apuração, "a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta".

Em uma nota breve, o líder do PSB, deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) afirmou ter tomado conhecimento da operação da PF e que espera que "todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa".

Confira na íntegra a nota enviada à imprensa pela assessoria de imprensa do deputado:

Nota à Imprensa

O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.

Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.

O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública.

Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta.

Assessoria de imprensa
Deputado Federal Júnior Mano

Confira a nota do líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PSB-PE):

A Liderança do PSB na Câmara dos Deputados tomou conhecimento hoje da operação da Polícia Federal que investiga a atuação do deputado Júnior Mano. Esperamos que todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa.

Assista: PF cumpre mandado na Câmara contra deputado cearense acusado de fraude e desvio

Entenda esquema de compra de votos

Ao final de 2024, investigação da PF apontou Junior Mano como tendo 'papel central' em um esquema de manipulação de eleições municipais em 51 cidades do Ceará, por meio de compra de votos e desvio de recursos oriundos de emendas parlamentares.

Por ser parlamentar e, assim, ter prerrogativa de foro privilegiado, a competência para a condução das investigações é do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o caso tramita — de forma sigilosa— pelo ministro Gilmar Mendes.

O esquema é o mesmo envolvendo o prefeito eleito de Choró, Bebeto Queiroz (PSB), que foi impedido de tomar posse e se encontra foragido, com prisão preventiva decretada.

Bebeto foi preso em 23 de novembro de 2024 em operação do Ministério Público Estadual (MPCE) que investiga supostos atos ilícitos em contratos de abastecimentos de veículos da Prefeitura de Choró. Ele foi solto dez dias depois, mas teve a prisão preventiva decretada novamente por ocasião da operação da PF contra os crimes que teriam sido cometidos durante as eleições municipais. Está foragido desde então.

Atualizada às 9h57

Colaborou o repórter Marcelo Bloc