Debate Kamala x Trump: ter um desempenho melhor garante a vitória?
Kamala Harris teve mais sucesso do que Donald Trump, na tarefa de conseguir falar para fora de suas respectivas bolhas. Essa é a avaliação de Vitelio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard, que concedeu entrevista ao O POVO; assista
O primeiro debate entre os presidenciáveis Donald Trump e Kamala Harris aconteceu nessa terça-feira, 10, no National Constitution Center, na Filadélfia (EUA). No confronto, que também foi transmitido ao vivo pela emissora ABC, eleitores decretaram a vitória de Harris, candidata democrata.
De acordo com pesquisa realizada pela CNN e especialistas da BBC News, Kamala conseguiu deixar o ex-presidente na defensiva e foi aprovada em seu primeiro debate após entrar na corrida presidencial.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
“Kamala conseguiu conversar diretamente com as pessoas”, segundo a avaliação do professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin em entrevista ao O POVO. Sua avaliação é que Trump pareceu mais comedido do que outras vezes e adotou uma postura um pouco mais 'palatável' do que os debates em 2020 e 2016.
“O trump pareceu muito com o Trump de todos os debates, porém mais comedido, é verdade, ele se comportou e apresentou em uma postura mais presidenciável, como tinha feito já no último debate com o Biden, diferente do Trump de 2016, onde havia muita baixaria”, avaliou o professor.
Para apoiar sua fala em relação a candidata democrata, Vitélio cita justamente a pesquisa da CNN americana feita com telespectadores registrados para votar, sendo 50% democratas e 50% republicanos. Na pesquisa, 63% afirmaram que Kamala se saiu melhor, enquanto 37%, Trump.
LEIA TAMBÉM: Lula: "Deus queira que Kamala ganhe a eleição nos EUA"
Segundo o professor, Kamala falava diretamente com a câmera, e apresentava propostas, mesmo sendo a candidata do atual governo, que, teoricamente, precisaria se defender de acusações de adversários. A candidata conseguiu, segundo o professor, apresentar propostas e deixar Trump na defensiva várias vezes durante o debate.
“Ela falava diretamente com a câmera, conversando, inclusive buscando um plano de governo, e isso é interessante já que ela é a candidata da situação, e o opositor que deveria trazer reformas”.
Em varios momentos, Kamala bateu na tecla que Trump não teria propostas, e, ainda, colocou o adversário uma imagem de fraqueza citando líderes internacionais. A democrata citou nominalmente os nomes de Vladimir Putin, presidente da Rússia, do ditador norte-coreano Kim Jong Un e do chinês Xi Jinping.
LEIA TAMBÉM: Kamala ou Trump? Quem venceu 1º debate nos EUA?
“Ela tentou mostrar um Trump fraco, ao contrário do que ele diz. (Um Trump) que se dobra a ditadores internacionais”, ressatou o professor. Ele lembra que, apesar do desempenho, isso não significa que Kamala está eleita ou tenha um favoritismo, lembrando que Trump teve um desempenho ruim nas eleições de 2016 e mesmo assim venceu o pleito.
Veja na integra a entrevista com Vitelio Brustolin:
Guerras da Ucrânia e em Gaza
Considerando os posicionamentos de ambos os candidatos no debate em relação aos conflitos na Europa e no Oriente Médio, Trump e Kamala têm posições diferentes. Em um dos momentos mais tensos do debate, Trump acusou Kamala de odiar Israel.
Segundo Vitelio, o posicionamento de Kamala é de condenação ao Hamas, mas de crítica ao uso abusivo da força por parte de Israel em Gaza, considerando o alto número de mortes de civis.
“Ela critica o ato do Hamas, chama de terrorista, mas critica o uso abusivo da força na Faixa de Gaza onde pessoas inocentes estão sendo mortas lá”, explicou o professor.
Já a preferência de Israel por Trump, não é necessariamente de Israel, mas do grupo político do premier israelense. A vitória de Trump poderia considerar uma sobrevida ao governo Netanyahu, aponta o professor.
LEIA TAMBÉM: Apostadores e mercado consideram que Trump perdeu debate contra Kamala
Em relação a guerra na Ucrânia o ex-presidente acusa Harris e a atual gestão da Casa Branca como responsáveis por prolongar o conflito, enquanto Kamala defende a ajuda militar à Ucrânia como forma de garantir a sobrevivência do país. A democrata alegou a importância da ajuda à Ucrânia como uma forma da democracia vencer o regime de Putin.
“Não há dúvidas que uma vitória do Trump seria um desastre para a Ucrânia. Ele foi perguntado duas vezes sobre isso, se é o interesse dos Estados Unidos que a Ucrânia vença essa guerra e ele desconversou e disse que o interesse é que a guerra cabe”, conclui Vitelio.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente