Eleições nos EUA: especialistas destacam chances de vitória de Kamala contra Trump

Especialistas ouvidos pelo O POVO discutiram a escolha de Kamala Harris como nome oficial do partido Democrata e, caso ocorra, as chances de vitória

Com a desistência do presidente Joe Biden da campanha de reeleição à Presidência dos Estados Unidos, ganhou favoritismo o nome da vice-presidente Kamala Harris como postulante à sucessão. A mudança causou uma reviravolta na campanha democrata, com debates sobre as reais chances de vitória do partido contra o candidato republicano Donald Trump.

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Kamala recebeu o apoio público de Biden logo após o presidente ter anunciado a desistência da disputa. Em comunicado publicado na rede social X, antigo Twitter, o mandatário disse “oferecer total suporte e apoio à Kamala para ser a candidata do nosso partido este ano.”

O apoio não garante que Kamala será a candidata do partido democrata. Da mesma forma, os votos dos 3.949 delegados que declararam compromisso com Biden durante as primárias também não necessariamente vão à Kamala.

Outros nomes citados são o de Gavin Newsom, da Califórnia, Gretchen Whitmer, de Michigan, ou J.B Pritzker, de Illinois, dentre outros.

Apesar disso, com o apoio de Biden, o nome de Kamala tornou-se o foco, com discussões dentro do próprio partido democrata sobre se ela seria o nome mais competitivo contra Trump.

Dentre os apoiadores de Kamala, manifestaram-se logo após o anúncio de Biden nomes como o próprio Gavin Newsom, da Califórnia, além de Roy Cooper, governador da Carolina do Norte, de Mark Kelly, senador pelo Arizona, além do ex-presidente Bill Clinton e da ex-presidenciável Hillary Clinton.

Já os que estariam menos inclinados a um apoio incluem o senador Chuck Schumer, líder da maioria no Senado, Hakeem Jeffries, líder da minoria na Câmara, além de Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara.

O próprio ex-presidente Barack Obama, em seu comunicado pós-desistência de Biden, escreveu: “No nosso partido, serão capazes de criar um processo do qual um candidato excepcional emergirá”, sem citar o nome de Harris.

O cenário de substituição democrata ocorre após enfraquecimento da campanha de Biden devido à performance ruim em debate presidencial e seguidas gafes do presidente, que chegou a confundir nomes de Kamala e Trump, e Zelensky e Putin.

Ao mesmo tempo há um reforço de Donald Trump, que tem amplo apoio do partido republicano, tendo sido oficializado como candidato no último dia 15. Trump ainda foi vítima de um atentado a tiros, que o atingiram na orelha, o que provocou imagens de fortalecimento do candidato, em contraste com uma dita fragilidade de Biden.

Eleições americanas: Kamala realmente será o nome do partido democrata?

Especialistas ouvidos pelo O POVO discutiram duas possibilidades: a de escolha de Kamala Harris como nome oficial do partido democrata e, caso ocorra, as chances de vitória dela do partido contra Donald Trump.

Segundo o analista político Uriã Fancelli, o nome de Kamala tem vantagem em relação a outros possíveis postulantes, pela estrutura política e partidária da campanha de Biden. “Ela já teve acesso logo de cara a 96 milhões de dólares que era o fundo da chapa que ela tinha com o Biden. Também arrecadou cerca de 50 milhões apenas no primeiro dia de campanha. Sai com essa vantagem. Não é o nome garantido, mas o mais provável”, disse ao O POVO News.

Vladimir Feijó, professor e analista de política internacional, acrescentou que, além do financiamento, Kamala seria a única que, efetivamente, almeja ser cabeça de chapa. “Outros que foram ou são governadores do partido democrata, se apresentaram para as primárias. Talvez se projetando para a eleição de 2028, mas ela se apresenta como candidata para esta eleição”, afirmou, também ao O POVO News.

Para Feijó, o nome de Kamala deve ser reforçado para contrariar o discurso de suposta instabilidade no partido democrata, levantado pelo partido republicano. “Então mesmo que o nome dela tenha resistência dentro do partido, pelo menos em público, vão fazer uma menção de unidade”, disse o analista.

Ele acrescentou que os democratas ainda tentarão usufruir do maior espaço possível na mídia, distanciando as coberturas dos acontecimentos republicanos, sem precisar pagar por divulgação.

“Isso tira um grande trunfo que o Trump ganhou, correu um risco contra a sua vida, mas a visibilidade estava imensa na semana passada e o partido democrata agora quer tirar. A indicação do vice, os políticos que ainda não endossaram ela deve ter dentre planejamento para ir soltando a conta gotas e gerar esse burburinho na mídia”, afirmou.

O cientista social e especialista em eleições, Delano Oliveira, mencionou todos os pontos anteriores, reforçando a força do nome de Kamala na disputa. Ele acrescentou um possível apoio de outras figuras democratas, que ainda não se manifestaram publicamente.

“O ex-presidente Obama, que teve papel fundamental no processo de desistência à reeleição de Biden, certamente lhe dará apoio, assim como a ala à esquerda do partido, com Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez”, disse em entrevista ao O POVO.

Eleições americanas: especialistas discutem as possibilidades de vitória de Kamala contra Trump

Caso escolhida, Kamala enfrenta o candidato republicano Donald Trump. Segundo Uriã Fancelli, a postura do ex-presidente após o anúncio de apoio de Biden a Kamala demonstra, no mínimo, uma preocupação do ex-mandatário com a mudança no pleito. Trump disse “ser mais fácil” derrotar Kamala do que Biden.

“Não me pareciam declarações de uma pessoa que estava muito confortável com a nova possível concorrente. Isso porque, apesar de ele falar que seria mais fácil, ele continuou atacando o Biden de uma maneira bastante séria ontem e a Kamala seria conivente com o governo dele. Então acredito que é uma das maneiras pelas quais ele vai tentar atacar, mas não me parece uma postura de alguém que está confortável com essa mudança de concorrente”, afirmou.

Sobre possibilidades de vitória, Delano Oliveira falou dos “estados-pêndulos”, que tendem a variar entre o apoio republicano e o democratas nos pleitos. Segundo ele, será uma eleição “difícil tanto para Harris (se for confirmada como candidata) como para Trump”.

“Possivelmente [será] decidida duas semanas antes do pleito. Contra Trump pesa a grande rejeição, contra Harris a incógnita. Será uma eleição com grandes emoções", disse, mas acrescentou: "Certamente, com maiores chances de Harris derrotar Trump do que o presidente Biden”, disse o analista.

O que decidiria neste caso, seria, dentre outros pontos, a disposição dos eleitores em participarem do pleito. “Novas pesquisas surgirão com o nome de Harris. Mas o que importa nessas eleições é como votará o eleitorado independente, que hora vota com democratas ora com republicanos. Se esse eleitorado independente está entusiasmado a sair de casa para votar. Essa é a questão”, afirmou Delano.

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