Prof. Adriana acusa Adail Júnior de violência política de gênero; aliados prestam apoio à vereadora

Em sessão, o vereador Adail utilizou o termo "louca" durante fala em resposta à vereadora petista. Ele citou a reação como "vitimismo" e de fins "eleitoreiros"

A vereadora de Fortaleza Professora Adriana (PT) acusou o também parlamentar Adail Júnior (PDT) de violência política de gênero, após o pedetista respondê-la utilizando a expressão “louca”, na tribuna da Câmara Municipal (CMFor). Em reação, aliados da parlamentar prestaram apoio nas redes sociais, enquanto Adail alegou “vitimismo”.

O momento ocorreu na sessão ordinária da última quarta-feira, 19. Adriana havia discursado citando reivindicações de professores do município, direcionadas à Prefeitura de Fortaleza, como o aumento do piso do magistério e a sanção do pagamento de precatórios. Segundo ela, avanços foram conseguidos pelo Governo do Estado, o que não estaria sendo seguido pela gestão do prefeito José Sarto (PDT), ao quem ela faz oposição.

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Da base do prefeito, Adail não gostou da comparação e alegou que a vereadora “atropelava a realidade” ao defender o Estado. Foi quando usou o adjetivo “louca”. “Aí vossa excelência quer falar de piso? Comparar a melhor educação de capitais com a pior [do Estado]? Não é louca. Não é louca”, disse.

Ele citou o termo mais uma vez, dizendo que as lideranças do Estado do Ceará estariam "indignadas" com a vereadora. “Estão lá se tremendo, dizendo ‘essa mulher é louca?’, 'onde essa mulher está arranjando coragem…'” disse Adail, que foi interrompido por Adriana, pedindo respeito.

Confira o momento abaixo:

 

Expressão gera reação na Câmara dos Vereadores

A expressão gerou um tumulto, que pôde ser ouvido na transmissão da sessão. Adail reagiu, afirmando que não pediria desculpas por “não ver motivo”. “Eu aturo tudo da oposição, agora eu fazer uma interrogação, “você é louca?’, eu não estou afirmando, amiga. Você é professora!”, disse o vereador.

Presidindo a sessão, o vereador Bruno Mesquita (PSD) permitiu que Adail prosseguisse, afirmando que iria ‘olhar com a assessoria da mesa’, para julgar a fala. O pedetista seguiu e repetiu, pela terceira vez, a expressão. “Estão muitos sensíveis. Tudo o que a gente fala, é sensível. Eu vou falar de novo: 'a senhora é louca?'”. Adriana, então, se manifestou: “Eu me senti ofendida”.

Neste momento, Mesquita repreendeu Adail, alegando desrespeito. O vereador reforçou a fala e se recusou a se retratar.

Adriana solicitou a retirada da expressão dos anais da sessão, na qual era a única mulher presente. Com o direito de resposta, ela retornou à tribuna e se disse, mais uma vez, desrespeitada na situação, atribuindo às falas de Adail à posição dela enquanto mulher. “Tentam descredibilizar nossas falas deste jeito, nos chamando de loucas, e histéricas. Pode me chamar de louca o quanto for, mas não sou, sou uma professora, defensora dos nossos direitos”, afirmou, se emocionando.

Adail ainda chegou a retornar à tribuna, dizendo que a vereadora “apelava” ao citar sexo e raça nos debates legislativos, atribuindo intenções “eleitorais” no protesto.

Momento gerou reações nas redes sociais

A vereadora publicou um trecho da fala de Adail nas redes sociais, alegando que o momento configurava em violência política de gênero. “Quero dizer que, mesmo com todos os ataques covardes do vereador, não me calarão e não nos impedirão de defender e lutar pelos direitos das trabalhadoras e trabalhadores e, principalmente, de nós mulheres! Não a violência política de gênero!”, escreveu Adriana.

Adail também divulgou um trecho da própria fala e seguiu alegando “vitimismo”. “Chega de vitimismo‼ A tribuna de uma casa legislativa é um espaço democrático para a discussão de ideias. O parlamento é a verdadeira expressão da liberdade, independente de partido, cor, raça, gênero ou orientação sexual”, disse.

O momento gerou reação de lideranças petistas, que prestaram apoio a Adriana, também por meio das redes. Dentre eles, se manifestaram o deputado federal Idilvan Alencar (PT), a deputada estadual Larissa Gaspar (PT). “Nosso repúdio a todo ato de machismo e misoginia nas casas legislativas, que tenta silenciar e deslegitimar o trabalho das mulheres na política”, escreveu Larissa.

O vereador Dr. Vicente (PT) elencou a atitude como “inaceitável e contra os princípios de respeito e dignidade que devem prevalecer no ambiente político”.

Luizianne Lins (PT), ex-prefeita, também prestou solidariedade. Minha solidariedade à vereadora @adriana.almeida2024, vítima de ataque misógino nesta quarta na Câmara de Fortaleza. Adriana é uma mulher séria, de luta, que nos orgulha pelo trabalho que vem fazendo como parlamentar e líder da Oposição na Câmara. Exigimos respeito às mulheres na política e em todas os espaços. Basta de violência política de gênero!.”

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PT PDT José Sarto Elmano de Freitas

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