Após morte de Jéssica Canedo, bolsonaristas fazem campanha para Choquei perder seguidores

Entre os parlamentares que pedem o boicote à página estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG)

Deputados bolsonaristas começaram a fazer uma campanha para que as pessoas deixem de seguir o perfil de fofocas de celebridades Choquei, nas redes sociais. A campanha ocorre na esteira do caso da morte da jovem Jéssica Canedo, 22, vítima de informações falsas envolvendo um inexistente relacionamento com o humorista Whindersson Nunes.

A garota e o humorista já haviam negado qualquer tipo de relação, mas as publicações não foram retiradas do ar. Na última sexta-feira, 22, Jéssica, que já havia feito um apelo público para a retirada das postagens, foi encontrada morta; por suicídio. Segundo a família, ela sofria de depressão.

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O caso explodiu nas redes sociais, com diversas críticas ao perfil de fofocas e discussões sobre quais são os limites das postagens em redes sociais. Entre os parlamentares que pedem o boicote à página estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Os bolsonaristas têm se posicionado contra a página por entenderem que o perfil realizava postagens favoráveis ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e criticava demasiadamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Flávio, um dos filhos de Jair Bolsonaro, politizou a questão em uma postagem, chamando a página de “perfil lulista” que “propagou fake news expondo a jovem Jessica, apesar dos apelos de sua mãe para que parassem, e colaborando para seu trágico e lamentável suicídio. Para de seguir esses imundos”, pediu.

Já Nikolas destacou, no último dia 23, a queda no número de seguidores do perfil no Instagram. “Choquei estava com 21, 6 milhões de seguidores, em apenas 10 minutos de campanha já foram para 21.5 milhões”, escreveu usando a hashtag “#paredeseguirachoquei”. O deputado também prometeu representar no MP contra a página.

Até à tarde desta segunda-feira, 25, o perfil do Choquei no Instagram tinha 21 milhões de seguidores. No X (antigo Twitter), são 6,8 milhões.

Ministro defende regulação das redes sociais

Após a repercussão do caso, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, se pronunciou. Em publicação no X, o representante defendeu a regulamentação das plataformas digitais e acusou "irresponsabilidade de empresas".

O ministro destacou que o caso era o segundo envolvendo pessoas jovens em redes sociais que ele havia tomado conhecimento e considerou o acontecimento como uma "tragédia".

"Em menos de um mês este é o segundo caso de suicídio de pessoa jovem - e que guarda relação com a propagação de mentiras e de ódio em redes sociais - de que tenho notícia. Tragédias como esta envolve questões de saúde mental, sem dúvida, mas também, e talvez em maior proporção, questões de natureza política. A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na politica institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável", escreveu Almeida.

E seguiu: "Por isso, volto ao ponto: a regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento", concluiu.

— Silvio Almeida (@silviolual) December 23, 2023

O que diz o perfil Choquei

O perfil Choquei não faz publicações no Instagram há pelo menos três dias, o que é incomum para a página, conhecida por postar dezenas de conteúdos de forma veloz.

Nota publicada na página, assinada pela advogada Adélia de Jesus Soares, afirma que “lamenta profundamente o ocorrido” e que não houve “qualquer irregularidade” nas informações publicadas e que as postagens foram feitas com os “dados disponíveis no momento”.

“O perfil Choquei, por meio de sua assessoria jurídica, vem esclarecer aos seus seguidores e amigos que não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas por esse perfil. Cumpre esclarecer que não há responsabilidade a ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular das atividades propostas”, escreveu.

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