Entenda como os voluntários na equipe de transição de Lula conseguem manter jornada dupla

Diversos membros não são remunerados e atuam como voluntários no grupo

A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conta com cerca de 400 pessoas envolvidas e já é considerada a maior da história do Brasil. Desse total, aproximadamente 130 são representantes da academia, movimentos sociais e de variadas organizações da sociedade, que mantém uma jornada dupla durante o desenvolvimento dos trabalhos.

Isso porque apenas 14 são remunerados, então, maioria considerável atua de forma voluntária, ou seja, sem receber dinheiro. Eles contribuem para o desenvolvimento de ações baseadas em ideais que sempre defenderam, mesmo que muitas vezes fora do cenário das disputas políticas.

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A rotina é intensa com reuniões diárias e visitas técnicas que podem ocorrer durante a manhã, tarde ou noite, incluindo os fins de semana. Até 11 de dezembro, eles terão de entregar ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), o coordenador da equipe, um relatório das equipes temáticas com diagnóstico capaz de preparar o futuro governo petista para assumir a gestão.

A professora do curso de Comunicação Social e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Helena Martins, contou ao O POVO que conciliar as duas atividades é uma "força-tarefa". Ela é uma das 23 pessoas do Ceará que integram o grupo.

"Na primeira semana eu tinha programado aulas remotas e orientações, então consegui manter. Na segunda semana, também tivemos encontros universitários", disse a docente e acrescentou: "Mantive todos os meus compromissos com os estudantes e com a universidade".

Helena está em Brasília desde que foi escalada para ocupar o GT de Comunicação da transição de governo. "Todos os dias nós nos reunimos aqui a partir das 9 da manhã. Geralmente começamos o dia com a reunião dos coordenadores, depois ampliamos com toda a equipe e vamos recebendo os órgãos e secretarias", ressaltou.

Para a profissional, além de um local para contribuir com os conhecimentos teóricos e práticos, o espaço possibilita aprendizagem mútua. "Discutimos desde o contexto político para proposição de ações, até as questões orçamentárias e de pessoal. Então, entendemos muito mais como funciona o estado brasileiro por dentro desse processo", explica.

O advogado Marcelo Uchôa, mais um cearense na transição, faz parte do GT de Direitos Humanos. Ele relata que há uma rotina intensa de encontros, na maioria em formato online, uma vez que o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), local onde são desenvolvidos os trabalhos, não comportaria todo o pessoal envolvido. "Tem sido incansável e um trabalho genial de muita gente que está se dedicando voluntariamente", contou.

Ele explica que, dentre as atividades desenvolvidos dentro dos grupos temáticos, o que já se sabe é que a futura gestão vai dissociar o modelo que tem sido adotado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), já que o presidente eleito se comprometeu a criar um ministério da igualdade racial, das mulheres e dos povos originários. "Vamos mostrar o diagnóstico do que foi feito e do que não foi feito nestes quatro anos e o Lula vai decidir como é que ficará", ressaltou.

Ao ser questionado pelo O POVO como tem conciliado o trabalho com as atividades da transição, Marcelo disse que tem feito "na marra" entre aulas e tarefas. "Do escritório de manhã, de noite, de madrugada. Acho que essa situação não é só minha, acho que é de todo mundo. Todos que são voluntários estão fazendo isso com muito prazer pela missão elevada que é e pela possibilidade de ajudar a reconstruir esse país", afirma.

Aos 27 anos, a atual presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, comemorou a oportunidade de ser ouvida na transição. "A expectativa é de uma abertura democrática que possibilite ao movimento social, especialmente ao movimento estudantil, caminhos para apresentar suas propostas", disse a integrante do grupo Juventude.

O cardiologista Roberto Kalil Filho aceitou integrar a equipe da saúde para, segundo ele, ajudar no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). "Esse trabalho é fundamental e é aí que eu me incluo", disse o médico, que reuniu colegas para ajudar por conta própria no grupo.

 

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