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Saiba quem é Carlos Alberto Decotelli da Silva, o novo ministro da Educação

O terceiro titular do Ministério da Educação (MEC) no atual governo foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nessa quinta-feira, 25
11:16 | Jun. 26, 2020
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O novo ministro da Educação é o economista especializado em gestão, Carlos Alberto Decotelli da Silva. O terceiro titular do Ministério da Educação (MEC) no atual Governo foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nessa quinta-feira, 25. Oficial de reserva da Marinha, Decotelli é o primeiro ministro negro de Bolsonaro e assume depois da demissão de Abraham Weintraub e de Ricardo Vélez.

De perfil mais moderado que seu antecessor, Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), doutor pela Universidade de Rosário (Argentina) e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.

A nomeação dele é vista como mais uma alta do protagonismo militar no governo Bolsonaro - neste caso, particularmente, da Marinha. Além disso, o novo ministro é considerado como um profissional pragmático e distante do pensamento ideológico que dominou o MEC desde o início do governo.

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Em nota, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) elogiou a escolha do novo ministro da Educação, afirmando que enquanto presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Carlos Alberto Decotelli "manteve um bom canal de diálogo com os secretários, chegando também a visitar alguns estados".

Passagem pelo FNDE

Entre fevereiro e agosto de 2019, Decotelli comandou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia ligada ao MEC que costuma ser alvo de disputas em qualquer governo, por gerir um orçamento bilionário, no valor de R$ 55 bilhões no último ano.

Além disso, o FNDE é responsável por financiar alguns dos principais programas da educação básica pública nos municípios, como transporte e infraestrutura escolar.

Em agosto, Decotelli foi demitido do FNDE e alocado para a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp), também no MEC. A pasta não informou o motivo para a troca.

Em seu perfil na página do FNDE, o novo ministro da Educação é descrito como alguém que "acompanhou de perto os desafios da educação". A descrição também diz que Decotelli é financista, professor e coautor de livros de administração bancária e financeira.

O texto cita ainda que ele é membro da equipe que criou um curso de pós-graduação em finanças na PUC-RS, da qual o ex-ministro Sergio Moro também fazia parte; e que criou os cursos MBA Finanças no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), com o ministro da Economia, Paulo Guedes

Conforme a Agência Brasil destaca, ele participa do governo Bolsonaro desde a transição e atuou como professor nas Forças Armadas. Também tem passagem como docente por universidades como a Fundação Dom Cabral e a FGV.

Um dos programas priorizados na época pelo Fundo, o Educação Conectada, ganhou as manchetes em dezembro de 2019, quando a Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou inconsistências em um edital de R$ 3 bilhões de um pregão para a compra de equipamentos de tecnologia educacional.

Repercussões da nomeação

Até quinta-feira, 25, o nome de Decotelli não estava entre os mais cotados publicamente para assumir o MEC, como o de Renato Feder, secretário de Educação do Paraná, que havia se reunido com Bolsonaro durante a semana, e Carlos Nadalim, secretário de Alfabetização do MEC.

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Para Daniel Cara, membro da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação e professor da Faculdade de Educação da USP, Decotelli "não é uma referência" no setor por ser um nome muito pouco conhecido nas discussões de políticas educacionais.

Cara enxerga com preocupação preocupação o fato de Decotelli ser visto como alguém que agrade ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo temor de mais cortes de gastos orçamentários ou privatizações na educação.

Por sua vez, Priscila Cruz, presidente da organização Todos Pela Educação, opina que Decotelli tem "o perfil certo" para reconstruir pontes do MEC com Estados, municípios e com o Congresso, depois da polêmica gestão de Weintraub. 

"Tive pouco contato com ele no FNDE, (mas) é uma pessoa de excelente trato, muito educada, o oposto de Weintraub. Tem como característica marcante ser muito austero, sério e voltado para gestão", disse Cruz em entrevista à BBC News Brasil. "Uma de suas principais tarefas será reconstruir as pontes que Weintraub explodiu".

Desafios futuros

Entre os desafios urgentes diante de Decotelli estão a retomada das aulas presenciais após a quarentena, atualmente sendo definidas pelos estados e municípios com praticamente nenhuma participação do MEC; a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 em meio ao aumento das desigualdades educacionais por conta da pandemia; e a aprovação do Fundeb, fundo bilionário de recursos para a educação básica que, por determinação de lei, expira neste ano.

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Ministros anteriores

Abraham Weintraub esteve por 14 meses à frente do MEC e foi demitido após acumular uma série de polêmicas políticas que aumentaram o desgaste do governo com outros Poderes. A principal foi o fato de Weintraub ter chamado de "vagabundos" os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a reunião ministerial de 22 de abril que teve seu sigilo suspenso. 

Antes dele, Ricardo Vélez havia ocupado o cargo durante apenas três meses. Nesse período, o colombiano naturalizado brasileiro colecionou polêmicas e recuos, que foram desde a negação sobre a ditadura militar no Brasil, passando pela proposta de revisão dos livros didáticos, até a solicitação de que crianças fossem filmadas cantando o Hino Nacional nas escolas públicas e particulares do País. 

Com informações do G1 e da BBC News Brasil

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