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Sem confrontar Bolsonaro, General Theophilo diz confiar em Moro: "Trabalhador e sério"

Militar afirma não querer mais entrar em disputar eleitorais, mas contribuir com ideias de políticas públicas em segurança pública, o que fará com Capitão Wagner (Pros) neste ano
17:36 | Jun. 16, 2020
Autor Carlos Holanda
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Carlos Holanda Repórter
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Tipo Notícia

General quatro estrelas da reserva do Exército Brasileiro, Guilherme Cals Theophilo voltou à cena política cearense ao se filiar novamente a um partido político nesta terça-feira, 16, o Podemos. Foi exonerado da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) em maio, na esteira da bombástica saída do ex-ministro Sergio Moro. A relação cultivada entre ele e o ex-ministro se reflete na afirmação de Theophilo que, embora não faça críticas ao presidente Jair Bolsonaro, responde sem titubear que confia no ex-ministro, a quem considera "trabalhador e sério". Candidato a governador na última eleição, quando perdeu para Camilo Santana (PT), reeleito com quase 80% das urnas, Theophilo diz querer contribuir tecnicamente para o projeto de governo que será defendido por Capitão Wagner (Pros) neste ano contra o governismo representado pelo prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) e os irmãos Ciro e Cid Gomes, também pedetistas. Confira os principais trechos da conversa dele com O POVO.

O POVO: Como é que o senhor quer contribuir para a candidatura do Capitão Wagner em Fortaleza?

General Theophilo: Olha, pela minha experiencia na área da segurança, acho que nossa Capital é das mais inseguras do País. Acho que trago muita experiência para o Wagner nesse sentido. Minha ideia é ajudar em planejamento tático e técnico para o (programa de governo do) Wagner. O Fernando Torres (presidente do Podemos Ceará) é muito meu amigo, e ele me chamou para um bate-papo. Disse que o Plauto (de Lima, que deixou cargo agora de Theophilo no Podemos para se candidatar a vereador) estava me chamando para vereador. Eu disse que candidato não sou mais, mas para apoiar, tudo bem.

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OP: O senhor descarta disputar eleições até mesmo em 2022?

Theophilo: Não está nos meus planos, não. Estou trabalhando para o agora, para mudar as políticas públicas de agora. Aqui (em Fortaleza) a gente tem muita coisa para fazer. No nosso Município a insegurança está crescendo muito forte, principalmente nas áreas mais pobres.

OP: A nível municipal, que políticas públicas de segurança são possíveis?

Theophilo: Olha, nós temos a implantação das polícias comunitárias, a Guarda Municipal precisa ser reforçada em termos de equipamentos, tecnologia e controle. As empresas de segurança privada podem ajudar quando tiver jogo, partidas de futebol, em ligação direta com a Policia Militar.

OP: Qual foi o principal aprendizado no governo Bolsonaro?

Theophilo: Falta, eu acho, integração entre os Órgãos de Segurança Pública. É muito difícil você coordenar uma Policia Militar, uma Federal e uma Rodoviária que não se falam. Nosso maior trabalho era integrar todo mundo. Aquela informação do tráfico na fronteira tem que chegar em Fortaleza. As policias têm que se falar mais. Segue sendo um grande desafio, porque a gente tem grandes características da policias. PM quer fazer TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), a Polícia Civil não quer que faça. É muito difícil. E segurança não é só repressão. Tem saúde, iluminação, ensino. Não adianta só investir em Polícia Militar.

OP: Como é que o senhor tem avaliado a condução da crise do coronavírus pelo presidente Jair Bolsonaro?

Theophilo: Olha, é muito difícil, é uma área que eu prefiro não comentar porque não é minha especialidade. Tem várias opiniões, métodos científicos, e eu não sei quem está certo. Vem uma pessoa e diz que esse é o último achado científico, a OMS (Organização Mundial da Saúde) vem e diz outra coisa...

OP: O senhor trabalhou diretamente com o ex-ministro Sergio Moro por um ano e cinco meses e foi exonerado na esteira da saída dele. Neste atrito envolvendo a suposta interferência política do presidente na Polícia Federal, o senhor confia no ex-ministro ou no presidente?

Theophilo: Olha, eu torço para que o governo Bolsonaro dê certo. Porque dependemos de um bom presidente. Mas digo para todos que confio no ministro Sergio Moro. Trabalhador e sério. Não mede esforços para ajudar o País. Como com toda gente que é séria, íntegra, vão fazer de tudo para criticar o trabalho dele.

OP: O senhor inclui o presidente e o seu entorno nessa afirmação?

Theophilo: Não. Isso aí são pessoas de outros partidos, do Judiciário, que já descobriram um amigo dele de não sei onde, que foi favorecido. A cada dia tem gente que inverte o teor da notícia, cria fake news. Eu continuo confiando nele.

OP: É possível projetar Moro na política partidária? No Podemos?

Theophilo: Olha, ontem mesmo falei com ele, ele não manifestou interesse por enquanto de entrar na politica. Não afasta a possibilidade, mas se houver esse convite deve ser do senador Álvaro Dias (Podemos-PR). Quero ficar na minha área, dentro do Estado do Ceará. É o que eu mais quero. Se houver esse convite, será feito pela cúpula do partido, da qual eu não faço parte.

OP: Wagner é favorito à Prefeitura de Fortaleza?

Theophilo: Eu estou chegando agora de Brasília, não sei ainda das pesquisas, não conheço os candidatos. Trabalhei com ele na eleição passada, foi um dos poucos que me apoiou sem me conhecer, é um homem sério.

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