Brasileiro é processado nos EUA após morar 5 anos de graça em hotel de Nova Iorque

Mickey Barreto se utilizou de uma antiga lei de Nova Iorque para morar por anos em um quarto de hotel. Anos depois, ele pode ser processado por isso; confira

Um brasileiro residente em Nova Iorque se tornou o centro das atenções nas últimas semanas ao conseguir driblar as leis estadunidenses e viver de graça num dos hotéis mais caros da maior cidade dos EUA.

Marcos Muniz Barreto, mais conhecido como Mickey Barreto, é brasileiro, tem 49 anos e vive em Nova Iorque desde junho de 2018.

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Numa tarde, ele decidiu se hospedar no New Yorker Hotel, localizado na ilha de Manhattan, pagando 200 dólares (cerca de R$ 780 Cerca de R$ 1011 na cotação de abril de 2024 na cotação de junho daquele ano) por uma única noite. Ao amanhecer do novo dia, Barreto não saiu do hotel. Pelo contrário, seguiu hospedado no New Yorker e sem pagar nada.

Mickey Barreto ganhou a posse do quarto do hotel se baseando numa antiga lei de Nova Iorque

Segundo o jornal O Globo, naquela manhã, Mickey Barreto se dirigiu ao gerente do hotel e fez uma proposta de locação do quarto por seis meses, que foi prontamente recusada. O brasileiro ainda foi alertado que deveria deixar o espaço até o meio-dia.

A recomendação não foi atendida por Barreto. Ele foi até o Tribunal de Habitação de Nova York e moveu uma ação judicial contra o hotel. Como forma de embasar o processo, o brasileiro se utilizou da lei do estado de Nova Iorque chamada Rent Stabilization Act.

A lei afirma que hotéis erguidos antes de 1969 e que ainda possuam quartos alugados, podem ter hóspedes permanentes e com acesso aos serviços do espaço, além de ter descontos em taxas de locação.

O New Yorker Hotel, inaugurado em 1930, se enquadra nos requisitos. Assim, o brasileiro venceu o processo e ganhou a posse do quarto 2565 do prédio. De acordo com o The New York Times, nenhum representante do hotel compareceu ao tribunal.

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Após vencer processo, Mickey Barreto foi processado por falsificação de documentos

Conforme divulgado pelo Fantástico veiculado no dia 31 de março, Mickey passou a se intitular proprietário do hotel por inteiro, não apenas do quarto. Com o “novo cargo”, ele fez exigências como a reforma da portaria e o registro de posse do restaurante Tick Tock Diner, que utiliza o espaço do hotel.

Além de pedir modificações do estabelecimento, o brasileiro também requereu as contas bancárias do hotel. Tudo isso somado ao pedido de que uma organização religiosa, proprietária oficial do hotel, deixasse o prédio localizado na Oitava Avenida, na chamada “Baixa Manhattan”.

A partir daquele momento, Mickey, outrora acusador, tornaria-se réu em um processo movido pelos verdadeiros donos do edifício. Segundo o Fantástico, o brasileiro está sendo indiciado por apresentar documentos falsos de propriedade do New Yorker Hotel. Em 2023, ele foi despejado do local.

Em perfil nas redes sociais, o brasileiro brincou com a situação, lamentando por não ser loiro ou ter olhos azuis. Ele também questiona se economizar é crime.

Marcos Muniz Barreto é natural de Uruguaiana, Rio Grande do Sul. Segundo a Folha de São Paulo, após a morte da mãe, ele emigrou para os Estados Unidos em 1997 para estudar Administração na Universidade Brigham Young, no estado do Idaho.

Depois de formado, Barreto morou nos estados de Utah e Califórnia, onde conheceu Yvette Nicole, com quem casou em 2003 e teve dois filhos. Eles estão separados desde 2018.

Atualmente, Barreto ainda reside em Nova Iorque, mas agora mora com o namorado, Matthew Hannan. Conforme revelado pelo The New York Times, ele se considera descendente do navegador italiano Cristóvão Colombo e dono do México e das Américas Central e do Sul. Já Hannan teria título de nobreza e a posse das terras dos EUA do Canadá.

O POVO tentou contato com o brasileiro, mas não obteve resposta até a data de publicação desta matéria.

Antes de Mickey Barreto, o New Yorker Hotel recebeu figuras proeminentes da sociedade estadunidense

Inaugurado em 1930, o New Yorker Hotel tem mais de 1.080 quartos divididos em 42 andares. Originalmente, o edifício comportava mais de 2.500 acomodações, além de salas públicas e suítes. Atualmente, 4 andares são cedidos para o Serviço de Habitação Educacional, formando um dormitório estudantil.

O espaço está inserido perto de outras localidades importantes da Ilha de Manhattan, como a Times Square, o Madison Square Garden e o Empire State Building.

Antes de Mickey Barreto, o New Yorker foi lar de figuras proeminentes das artes estadunidenses, como a dançarina Joan Crawford, o ator vencedor do Oscar, Spencer Tracy, e o maestro e compositor Glenn Miller.

 

Figuras políticas também deixaram sua marca no hotel, como o então senador e futuro presidente dos EUA, John F. Kennedy, e o ex-presidente cubano Fidel Castro.

No dia 8 de março de 1971, o boxeador Muhammad Ali se recuperou no New Yorker após perder a chamada “Luta do Século” para o pugilista Joe Frazier. O inventor e engenheiro elétrico, Nikola Tesla, morou no quarto 3327 do prédio por vários anos até falecer em 7 de janeiro de 1943.

Em maio de 1976, o hotel foi comprado pela Igreja da Unificação, comandada por Sun Myung Moon, que é proprietária do New Yorker até os dias atuais.

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