Israel x Hamas: 'destruição sem fim, em vez de um futuro melhor', desabafa israelense
Gal Orbach, israelense morador de Tel Aviv, compartilhou com O POVO como está a situação no seu país e na sua cidade; confiraA guerra que está ocorrendo neste início de outubro na Faixa de Gaza já dura três dias. Representantes de Israel e do grupo militante islâmico palestino, Hamas, prometem ataque e contra-ataque.
Militantes de Gaza dispararam foguetes contra cidades israelenses na manhã de sábado, 7, antes de romper a cerca da fronteira com Israel e enviar militantes para o interior do território israelense. Homens armados do Hamas mataram centenas de pessoas, incluindo civis e soldados, e fizeram reféns.
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AssineO israelense Gal Orbach, de 39 anos, mora em Tel Aviv, e concedeu uma entrevista ao O POVO sobre a situação de Israel, diante dos olhos de quem está vivenciando a guerra diariamente.
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Guerra Israel x Hamas: “uma guerra dolorosa e longa”
Segundo Orbach, com financiamento e apoio do regime do Irã, o Hamas e outros grupos terroristas que controlam Gaza lançaram uma guerra brutal, visando casas e famílias em Israel.
O Hamas tinha como alvo todos, incluindo idosos, mulheres e crianças. Eles se infiltraram nas cidades e incendiaram casas para forçar as famílias a saírem e serem sequestradas ou assassinadas.
“O dia 7 de outubro foi o dia mais mortífero da história de Israel e muitos comparam-no ao 11 de setembro” diz Orbach sobre o primeiro dia de ataques.
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Ele aponta que o que está vivendo neste período o faz lembrar de histórias que os avós contavam sobre o Holocausto. "A última vez que tantos civis judeus foram assassinados num único dia foi durante o Holocausto", percebe.
Para quem está em meio à guerra, as percepções ficam alteradas diante do próprio sofrimento e daquele presenciado a poucos metros de distância. O conflito atual entre Israel e Hamas é o mais mortal em território israelense desde 2008. Na Palestina, a última vez em que houve tantas mortes foi em 2014.
Conforme balanço das autoridades locais, são cerca de 900 mortes desde sábado, quando o Hamas começou os ataques no território israelense —em 2023 inteiro, são 929. O número é três vezes maior do que a soma de todas as mortes em Israel entre 2008 e 2022, de acordo com dados da ONU.
Na Palestina, são cerca de 687 mortes desde sábado, quando Israel passou a atacar os territórios palestinos — em 2023 inteiro, são 914, apontam as autoridades. O número é o maior desde 2014, quando confrontos entre Israel e grupos armados palestinos na Faixa de Gaza duraram 50 dias, depois que adolescentes israelenses foram sequestrados pelo Hamas.
Segundo os dados da ONU, mais da metade dos mortos palestinos e israelenses nos últimos 15 anos eram civis.
Orbach ainda compartilha sua perspectiva sobre o grupo: "O Hamas é um grupo terrorista movido pelo racismo genocida contra os judeus. Procura destruir Israel e substituí-lo por um regime brutal de supremacia religiosa, e o arrastou para uma guerra que provavelmente será longa e dolorosa".
O israelense opina também sobre as motivações de Hamas ter iniciado a guerra. Conforme ele, seria principalmente para impedir que Israel faça as pazes com a Arábia Saudita e outros estados árabes.
"Procuram morte e destruição sem fim, em vez de um futuro melhor para todas as pessoas da região," desabafa o israelense.
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Guerra Israel x Hamas: "crianças estão sendo usadas como escudos humanos"
O rapaz é pai de três filhos. Orbach diz que vê crianças da idade de seus pequenos serem sequestradas, e isso o deixa enjoado.
"Como pai de crianças pequenas, ver terroristas raptando crianças, da mesma idade dos meus filhos, separando-as dos seus pais e levando-as para Gaza, para serem usados como escudos humanos, me deixa enojado."
Guerra Israel x Hamas: moradores de Tel Aviv tem que ficar a 90 segundos de distância de um abrigo
O morador de Tel Aviv conversou com O POVO na última segunda-feira, 9, e disse que em sua cidade o cenário está mais tranquilo do que próximo à Faixa de Gaza. No entanto, os moradores têm uma ordem de ficarem a 90 segundos de distância de um abrigo.
Orbach explica que todos os prédios e casas têm abrigos e, como não é a primeira vez que sofrem ataques desse tipo, existe um sistema organizado, com um alarme online e um aplicativo. As crianças também são treinadas sobre o que fazer.
Israel tem leis que exigem a construção de bunkers antibomba. O Ministério de Defesa israelense estima que existam cerca de 1,5 milhão de estruturas do tipo no país.
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