Estudantes da Uece ocupam sala contra construção de panificadora

Estudantes da Uece ocupam sala contra construção de panificadora no espaço em Fortaleza

Alunos vêm ocupando um espaço projetado para fins acadêmicos que estaria sendo destinado, de forma institucional, a um projeto de segurança alimentar

Um grupo de oito estudantes ocupa, desde o dia 9 de dezembro, uma sala estudantil no Campus Fátima da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em Fortaleza.

A ocupação acontece em protesto contra a construção de uma panificadora no espaço e pela falta de diálogo entre a instituição com os estudantes para a implantação do projeto no local destinado às demandas estudantis.

Ao O POVO, a Uece informou que a panificadora trata-se de um projeto de extensão voltado à segurança alimentar de estudantes em situação de vulnerabilidade.

Um dos estudantes que atua na ocupação, mas que preferiu ficar em anonimato, relata que a sala estudantil foi conquistada desde 2018 e foi projetada para fins acadêmicos, como produções culturais.

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“O problema que a gente denuncia é como a que foi instalada sem passar pelos devidos processos democráticos. Sem avisar a comunidade estudantil porque essa sala advém de uma luta estudantil. Essa sala não é como um Centro Acadêmico, ela é um local de produção, vivência e de experiência”, disse o estudante.

Ainda segundo ele, a condução da instituição em relação à ocupação tem gerado preocupação entre os estudantes. Segundo o aluno, a resposta da instituição ao movimento aconteceu por meio de intimações e da possibilidade de abordagem policial. Ele pontua que os alunos não são contra o projeto, mas, sim, de como ele foi implantado sem diálogo estudantil.

Outro aluno presente na ocupação relatou, também de forma anônima, que a instituição teria denunciado os estudantes por dano ao patrimônio público por meio de depredação ao espaço durante a ocupação que, segundo ele, não aconteceu. Ele afirma que foi solicitado à Uece o arquivamento de inquéritos criminais contra alunos e o restabelecimento do acesso à sala estudantil.

Em nota ao O POVO, a Uece informou que a sala encontrava-se sem uso regular desde o período da pandemia e foi destinada institucionalmente à implantação do projeto da panificadora, com apoio de emenda parlamentar.

A partir da destinação do espaço para o projeto, os estudantes participantes da ocupação passaram a reivindicar o espaço para seu uso.

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A instituição afirma que foram feitas tentativas de diálogo com os estudantes e que foi apresentada uma alternativa para o uso de uma outra sala sob responsabilidade de entidades estudantis, desde que fosse apresentada uma proposta que atendesse todos os alunos do CH. “A proposta, no entanto, não foi aceita pelos ocupantes”, disse a instituição.

Alunos denunciam falta de serviços básicos e restrição no local

Os estudantes que realizam a ocupação atualmente a sala estudantil no campus relataram que estão com dificuldades de acessar banheiros e a copa para realizar refeições no local, além de denunciar a atuação rude de guardas no campus com os alunos em protesto. “A lógica da ocupação se perde”, comenta.

Um ofício da instituição sobre o funcionamento do Campus no fim do ano relata as funcionalidades e restrição nas dependências do local. “Se a gente sai, não podemos mais voltar. A gente não consegue mais fazer compras”, disse um dos estudantes.

A instituição informou que, diante do recesso institucional de fim de ano, o Campus Fátima encontra-se fechado seguindo o calendário estudantil.

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“Nesse período, são adotados protocolos rotineiros de segurança que incluem o controle de acesso de pessoas e de entrada de objetos, medida padrão em unidades com funcionamento restrito, voltada à preservação do patrimônio público e à segurança das pessoas”, disse a Uece.

No entanto, a Universidade informou que os estudantes que permanecem no local têm “acesso a água, energia elétrica, banheiros e à entrada de alimentos, não havendo qualquer medida de privação de direitos básicos, motivo pelo qual não confirma as informações do referido relatório”.

Coordenações denunciam ataques dos alunos contra direção do CH

As coordenações do curso de graduação e pós-graduação de Letras emitiram uma nota de apoio à direção do Centro de Humanidades (CH). O documento afirma que foi realizada uma campanha difamatória e misógina contra à direção impetrada por um grupo de estudantes do Curso de Filosofia, com apoio de alguns docentes do CH.

“Inaceitáveis e preocupantes os ataques explicitamente misóginos à pessoa da diretora. Lamentamos igualmente a vandalização dos espaços do CH, como um equipamento público que deve ser utilizado e preservado para a melhor convivência de todas/os”, afirma a nota.

Ainda segundo a manifestação, há um reconhecimento da demanda de um espaço de convivência para estudantes. “Reconhecemos, também, a importância de gerir conflitos de modo democrático, mediante argumentação sustentada. O que não se pode admitir é a truculência verbal e discursiva e a depredação do espaço físico do CH”, pontua.

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