Suspeitos de expulsar moradores em 3 bairros de Fortaleza são presos
Casos ocorreram no conjunto Tupinambá, localizado no Antônio Bezerra; no residencial José Euclides, no Jangurussu; e no Cidade Jardim I, no José Walter
21:41 | Out. 22, 2025
Pelo menos, cinco suspeitos de expulsar moradores de suas casas em três bairros de Fortaleza foram presos nessa segunda-feira, 20, e terça-feira, 21. Os casos ocorreram no conjunto Tupinambá, localizado no bairro Antônio Bezerra; no residencial José Euclides, no Jangurussu; e no Cidade Jardim I, no José Walter.
Na noite de segunda-feira, 20, um homem identificado como Leandro Costa Cabelo Branco, de 25 anos, foi preso por policiais militares suspeito de participar de expulsões de moradores no conjunto Tupinambá.
O POVO já mostrou que, nesse mesmo conjunto, um vigilante deixou a própria casa após criminosos picharem a porta da residência com a palavra “vaza”. Outros moradores também se mudaram do local após serem ameaçados.
Consta no Auto de Prisão em Flagrante (APF) de Leandro que, há cerca de duas semanas, criminosos picharam muros de imóveis afirmando que os moradores tinham 24 horas para deixar o conjunto ou seriam mortos. O crime teria sido praticado porque os moradores não aceitaram o tráfico de drogas no local.
Ainda conforme o APF, os responsáveis pela expulsão são integrantes do Comando Vermelho (CV). No caso de Leandro, além de ser autuado por integrar a organização criminosa, ele também deverá responder por furto e dano qualificado.
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Na madrugada de segunda, ao lado de outras duas pessoas, Leandro teria danificado câmeras e quadros de energia e ainda furtado o portão de um condomínio do conjunto Tupinambá. Em depoimento, ele negou ser faccionado e ter danificado ou furtado a propriedade.
Já no Jangurussu, três homens foram presos na tarde da terça-feira, 21, suspeitos de expulsar moradores no José Euclides. Janderson Almeida Duarte, de 18 anos, Francisco Torres Mariano, de 23 anos, e Davi de Oliveira Pereira, de 22 anos, são integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP), conforme investigações do 20º Distrito Policial (20º DP), o antigo 30º DP.
Como O POVO já mostrou, pelo menos duas famílias haviam sido expulsas do residencial em agosto. Em um dos relatos, a vítima disse que cerca de seis pessoas chegaram ao apartamento onde morava afirmando que ela teria “cinco minutos” para deixar o local.
A vítima disse que saiu apenas “com a roupa do corpo” e que constatou que todos os seus móveis haviam sido subtraídos pelos criminosos quando ela retornou no dia seguinte para buscá-los sob escolta policial.
Todos os três suspeitos presos negaram serem membros do TCP. Francisco confessou estar vendendo cocaína há cerca de três meses, mas disse que não tem relação com a expulsão de moradores.
Confrontado sobre a existência de uma geladeira no apartamento dele, que seria de um morador expulso do residencial, Francisco disse que comprou-a recentemente de uma pessoa que não conhece e que não sabia da procedência criminosa do eletrodoméstico.
Davi, por sua vez, disse que foi preso no momento em que fumava maconha em um apartamento vizinho ao de Francisco, unidade que está abandonada e quebrada. Davi e Francisco tiveram a prisão preventiva decretada em audiência de custódia, tendo sido considerados os antecedentes criminais que ostentavam.
Já Janderson, que não tinha passagens pela Polícia, teve a prisão substituída por medidas cautelares, que incluem o monitoramento por tornozeleira eletrônica.
Expulsão de moradores no Cidade Jardim I
Por fim, no residencial Cidade Jardim I, localizado no José Walter, Francisco Felipe da Silva Barbosa, de 30 anos, foi preso também na terça por policiais civis da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
“Ciclope”, como é conhecido, já era investigado por “rasgar a camisa” do TCP, que age no Cidade Jardim I, e se aliar ao CV, que atua no Cidade Jardim II. Conforme a apuração da Draco, com a mudança, ele passou a ameaçar os moradores do Cidade Jardim I.
Na tarde de terça, os policiais receberam a informação de que Francisco Felipe fazia parte de um trio que, em duas motos, efetuou disparos contra moradores do Cidade Jardim I — nenhum dos tiros atingiu alguém, entretanto.
Francisco Felipe foi localizado e preso pelos policiais civis instantes após o crime. Em um primeiro momento, a arma que teria sido utilizada no crime não foi encontrada, mas, após diligências em um matagal da região, os policiais se depararam com um revólver calibre 38 municiado.
Em seu depoimento, Francisco Felipe negou ser integrante do CV, assim como disse que não efetuou disparos e que não estava portando arma de fogo. Ele salientou que foi preso em casa e que a arma foi encontrada em um outro local, que não sabe qual.
No último dia 13 de outubro, um outro homem suspeito de expulsar moradores do Cidade Jardim I foi preso. Matheus Teotônio Aguiar, porém, foi apontado como integrante do TCP, tendo sido acusado de indicar os moradores que deveriam ser expulsos. Pelo menos, quatro pessoas representaram contra ele no 8º DP. Ele negou as acusações.