PMs acusados de matar rapaz após abordagem vão a júri popular 10 anos após crime
Cleiton teria sido abordado pelos policiais e levado em uma viatura e, horas depois, foi encontrado morto em um matagal
Os policiais militares Haniel Oliveira de Brito e José Wilson Bernardo Câmara Filho vão à Júri Popular em razão da morte da vítima John Cleiton Teixeira Holanda após uma abordagem policial. O caso será julgado dez anos após o crime, no dia 29 de outubro deste ano. O ocorreu em janeiro de 2015.
Os réus entraram na Justiça com um recurso contra a pronúncia, mas o juízo manteve a decisão e os dois vão ao Tribunal do Júri, que foi marcado para o dia 29 de outubro, às 13h15min.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), os agentes de segurança, que estavam de serviço em uma viatura policial, são acusados de espancar Cleiton durante uma abordagem policial e atirar contra ele. O rapaz foi morto em um matagal.
Conforme a denúncia, a vítima estava na companhia de outro homem, que, quando visualizou a viatura, correu, pois teve medo. John foi abordado pela viatura da Força Tática de Apoio com os militares acusados.
Um policial que testemunhou no caso e estava atuando como fiscal no dia da morte informou, em depoimento, que os agentes de segurança pediram apoio, pois um homem teria atirado contra a viatura e fugido. Já outras testemunhas desmentiram essa versão e informaram que John estava apanhando da Polícia.
"Populares seguiram em direção ao local e avistaram a vítima somente de calção, algemada com as mãos para trás, deitada no chão e avistaram a vítima de calção, algemada com as mãos para trás, deitada no chão, com sinais de espancamento, sendo que ao seu lado havia um policial militar tentando levantá-lo", afirma.
Familiares da vítima informaram que levaram a identidade do rapaz para mostrar que ele não tinha antecedentes criminais, mas a vítima foi colocada dentro de uma viatura.
Conforme o depoimento de uma familiar da vítima, no dia 31 de janeiro de 2015 ele sob o poder dos militares. Ela afirma que ele foi tratado como "bandido" e que ela foi agredida com empurrões.
Família procurou vítima em delegacias após rapaz ser levado em viatura
A familiar teria percorrido várias delegacias, mas só encontrou o rapaz no antigo Instituto Médico Legal (IML), atualmente a sede da Perícia Forense. O jovem havia sido encontrado na localidade de "Jatobá", em Fortaleza.
A Delegacia de Assuntos Internos investigou o caso e apontou o horário em que cada viatura passou pelo local. Foi realizada uma cronologia que seria possível identificar a viatura que fez a abordagem.
"Foi feito um levantamento pelo Sistema de Monitoramento do Ronda (SMRD), segundo o qual se evidenciou que a RD 1009, ocupada inicialmente com todos os integrantes de sua composição, é a primeira no horário aproximado dos fatos a chegar ao local da abordagem da vítima, ali permanecendo por algum tempo, chegando pouco depois outras viaturas. Em seguida, a viatura RD 1009 sai do recinto e segue para a localização exata do achado do cadáver da vítima, ali permanecendo alguns minutos, retornando posteriormente para o lugar inicial, onde a vítima teria sido abordada", informou.
Os agentes de segurança respondem o processo em liberdade.