Chacina do Curió: terceiro dia do 5º júri começa com o interrogatório dos réus
São julgados nesta etapa os policiais militares Marcílio Costa de Andrade e Luciano Breno Freitas Martiniano
09:49 | Set. 24, 2025
O terceiro dia do 5º júri da Chacina do Curió começa nesta quarta-feira, 24, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, com o início do interrogatório dos réus, os policiais militares Marcílio Costa de Andrade e Luciano Breno Freitas Martiniano. A sessão já dura 25 horas.
No processo, eles são acusados de participar da execução das vítimas do episódio criminoso que deixou 11 pessoas mortas e sete feridas na noite do dia 11 e na madrugada do dia 12 de novembro de 2015.
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Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), os réus estavam de folga, à paisana, e foram para os locais do crime após convocação de outros PMs para vingar a morte de um colega de farda, o policial Valtemberg Chaves Serpa, morto durante um latrocínio horas antes.
Ainda segundo a denúncia do órgão, segundo laudos periciais e testemunhas, a arma do policial Marcílio teria sido utilizada em uma das mortes da chacina e o veículo particular de policial Luciano Breno passou pelos locais dos crimes naquela madrugada.
O primeiro interrogado foi Marcílio Costa que respondeu, inicialmente, ao colegiado de júri. O acusado negou qualquer atribuição a ele em relação à Chacina do Curió, afirmando que as acusações do MP não eram aprofundadas.
Conforme o policial, na noite da chacina, ele estava em seu apartamento e afirmou que só soube da morte do soldado Serpa por volta das 22h30min por meio de mensagens em um aplicativo de mensagem em um grupo da sua companhia. O agente teria sido vítima de latrocínio por volta das 19 horas.
Questionado sobre a conduta após saber da morte do PM, disse que apenas ficou em casa após saber da morte, ressaltando que não existe nenhuma menção dele em mensagens no aplicativo WhatsApp, Zelo ou Lightlong para outros PMs em relação à convocação dos colegas para vingar a morte de Serpa.
“Não há nada que me ligue aos fatos. Eu sou inocente”, disse Marcílio ao júri. O acusado decidiu, após responder o colegiado, que iria se manifestar apenas para a defesa, decidindo não responder às perguntas da acusação do Ministério Público, que requereu a medida. O juízo, porém, deliberou que o silêncio parcial do réu fosse permitido.
Segundo réu nega que placa de carro foi adulterada
No começo da tarde desta quarta-feira, 24, o segundo réu, Luciano Breno Freitas Martiniano negou participação no crime e afirmou que a placa do carro não foi adulterada. A denúncia do MP aponta que o veículo do réu teria sido utilizado para execução dos crimes.
Durante o depoimento da testemunha de defesa, o cel Naerton, no segundo dia do júri, o oficial confirmou que viu em uma rua, um veículo que estaria com um saco plástico caindo e cobrindo parte da placa de identificação do carro. O carro, no entanto, não foi atrelado para o veículo do segundo réu.
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Os réus julgados nesta etapa do júri estavam na mesma ação penal dos quatro PMs condenados a 275 anos e 11 meses de prisão — o primeiro julgamento da chacina.
Outros 23 policiais já foram julgados, sendo 20 totalmente absolvidos, um foi absolvido com uma das acusações desclassificadas para ser julgada pela Justiça Militar, e dois condenados (apenas de 13 anos e 5 meses e 210 anos e 9 meses de prisão).
Nos dois primeiros dias do quinto julgamento, foram ouvidas quatro vítimas sobreviventes, duas testemunhas de acusação e quatro testemunhas de defesa.
Após o interrogatório dos réus, acontecerá o debate entre acusação e defesa, leitura dos quesitos, em seguida a votação do júri e a sentença dos réus. A previsão é que o julgamento seja concluído nesta sexta-feira, 26.
Atualizada às 15h57min