Miss relata transfobia em supermercado de Fortaleza
Uma funcionária a teria causado uma situação constragedora ao perguntar se cliente seria "homem ou mulher"
A cabeleireira e miss Alessandra Oliveira usou as redes sociais para denunciar um caso de transfobia que sofreu em uma unidade do supermercado Frangolândia localizada no bairro Varjota, em Fortaleza. Conforme ela relatou ao O POVO, uma das funcionárias do estabelecimento comercial a tratou como um homem e não como uma mulher na tarde dessa terça-feira, 24.
Alessandra já foi eleita Top Trans Miss Brasil em 2022, Trans Barbie Ceará em 2021 e Miss Trans Ceará em 2020.
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Ela relatou que precisou ir ao supermercado, acompanhada de um amigo, comprar a mistura para seu almoço e de sua mãe — que mora com ela — e aproveitou para comprar outros itens. Após pagar a conta, ela se dirigiu ao elevador quando o amigo informou que a funcionária havia perguntado a outras pessoas que estavam presentes se ela era um homem ou uma mulher.
“Aí ele me disse ‘amiga que horror, a mulher perguntou ali se você era um homem ou uma mulher’. Eu fiquei indignada porque eu sou cliente de lá há mais de 20 anos e isso nunca tinha me acontecido. Voltei lá, e perguntei ao segurança quem era a moça e foi quando eu vi que era uma funcionária”, disse.
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Alessandra detalhou ainda que ao perguntar para o motivo daquele tratamento, a funcionária começou a se exaltar, o que chamou a atenção das demais pessoas que estavam no estabelecimento comercial: “Ela alterou o tom de voz e começou um escândalo, disse ‘meu amor qual é o problema de perguntar? Fiquei curiosa e perguntei’, e aquilo me deixou muito constrangida”.
A modelo informou que falou com a gerência do estabelecimento mas que em momento nenhum recebeu apoio por parte da empresa. Ela contou também que conseguiu contatar pessoas de órgãos públicos, como a Secretaria da Diversidade do Ceará (Sediv), para pedir ajuda e chamar às autoridades para que a situação fosse resolvida.
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“Fui até a delegacia, fiz meu boletim de ocorrência e prestei depoimento. Estou muito mal, estou me sentindo constrangida, isso nunca tinha acontecido comigo, nunca! Eu sou cliente deste estabelecimento há quase 20 anos. E eu vou fazer alarde porque eu não quero que outras meninas e mulheres passem o mesmo que eu passei”, desabafou.
A Sediv informou que, por meio do Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues, prestou atendimento emergencial.
"No primeiro momento (24/06), a própria Alessandra entrou em contato com a Secretária da Diversidade, Mitchelle Meira, que prontamente acionou a equipe do Centro Thina Rodrigues, solicitando apoio jurídico com urgência. A Assessoria Jurídica entrou em contato com a usuária, prestou orientações por telefone e dialogou com Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (DECRIM), garantindo acolhimento e suporte jurídico desde o início", disse o comunicado.
A pasta reforçou ainda que o Centro Thina Rodrigues está disponível para todas as pessoas LGBT+ que necessitam de atendimento social, psicológico ou jurídico, com uma equipe especializada e comprometida com o cuidado, o acolhimento e a garantia de direitos.
A reportagem procurou também a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para pedir mais informações, e por meio de nota, a pasta informou que a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) está apurando uma denúncia de transfobia.
“O fato foi comunicado por meio de um Boletim de Ocorrência (BO) que foi convertido para Inquérito na Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrim), unidade que realiza diligências e oitivas para elucidar o fato”, disse.
O contato também foi feito ao Frangolândia ainda nessa terça-feira, 24. A matéria será atualizada quando houver uma resposta da empresa.
Serviço
Centro Thina Rodrigues
Contato: (85) 98993-3884
De segunda a sexta, das 8 às 17 horas
Endereço: Rua Valdetário Mota, 970 – Papicu, Fortaleza–CE
Atualizada às 19h20min
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