Protagonismo ambiental: jovens cearenses de 44 cidades discutem mudanças climáticas

Iniciativa reuniu participantes em atividades práticas no Parque Adahil Barreto, em Fortaleza

Uma iniciativa desenvolvida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Nordeste e na Amazônia, para atrair a atenção de jovens cearenses sobre a importância do meio ambiente e a atenção às mudanças climáticas, reuniu nesta quinta-feira, dia 24, 88 participantes de 44 municípios do Ceará no Parque Adahil Barreto, em Fortaleza. O Estado foi uma das sedes do festival que discute as boas práticas de participação social protagonizadas por meninas e meninos em municípios do Selo Unicef.

Uma pesquisa realizada pela Clínica de Direitos Humanos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) mostrou que 75% das crianças e adolescentes acreditam que as mudanças climáticas afetam as populações de forma desigual, impactando mais intensamente aqueles em comunidades periféricas ou de difícil acesso.

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Incomodado com os famosos “santinhos” lotando as ruas da cidade em época de eleição, o estudante Rian Vasconcelos, de 15 anos, revela preocupação quando o assunto é a falta de comprometimento dos políticos com a temática ambiental. “Ao invés de pegar o nosso dinheiro público e investir em uma política ambiental, eles fazem é sujar o meio ambiente”, cobrou.

Apesar da prática conhecida como “derrame de santinhos” ter sido considerada crime eleitoral, de acordo com a Lei nº 9.504/1997, ainda é comum encontrar o material de campanha resistindo à era onde os candidatos disputam a atenção dos eleitores através das redes sociais.

Natural de Quixeramobim, a estudante Érica Suelen, de 15 anos, participou de uma das ações do evento que previa o recolhimento de lixo do parque. Para ela, ações como essa ajudam a mobilizar os jovens em prol do clima. “São ações que os jovens são protagonistas em razão do clima, para conscientizarmos o futuro e também levantar o #SeloUnicef”, explicou.

Responsável por animar o público juvenil durante o evento, Nilson Silva, integrante da equipe do Unicef em Fortaleza, reconhece a importância da liderança da juventude quando o assunto é meio ambiente. “A gente entende que as maiores lideranças em mudanças climáticas hoje, do mundo, são adolescentes ou iniciaram quando eram adolescentes. A gente propôs, durante todo este ano, que os adolescentes realizassem mensalmente ações em seus municípios de enfrentamento e combate às mudanças climáticas”.

A programação do encontro foi dividida em três estações temáticas, onde os adolescentes se revezaram ao longo do dia para conversar sobre racismo ambiental e mudanças climáticas, impactos das mudanças climáticas na saúde mental de adolescentes e impactos das mudanças climáticas em uma alimentação saudável.

Representando o povo indígena Tapeba, Nádila Braga, de 14 anos, enaltece a relação dos povos originários com as suas próprias terras. Para ela, o avanço dos impactos negativos das mudanças climáticas sobre os territórios indígenas representa uma ameaça para as próximas gerações. “Conforme as mudanças climáticas, como as queimadas, a má preservação da terra e dos lixos jogados por aí, fica difícil da gente manter essa cultura”, desabafou.

Discutir os impactos das mudanças climáticas nas regiões semiáridas também foi tema do evento. Luísa Leitão, oficial do Desenvolvimento e Cidadania de Adolescentes do Unicef para o Semiárido, explica que a região já ultrapassou as taxas de desertificação previstas para essas áreas.

Para a coordenadora, incluir a juventude no debate é uma das estratégias mais importantes para tentar minimizar esses efeitos. “Eles estão herdando muito do que o homem fez com o meio ambiente. É importante que eles sejam agentes de transformação”, incentiva.

Os Núcleos de Cidadania de Adolescentes do Ceará (Nuca), responsáveis pelo evento, já desenvolveram mais de 600 ações relacionadas às mudanças climáticas, que terão continuidade no próximo ano. Os municípios mais atuantes em relação ao tema serão certificados no encontro.

Atualizada às 18 horas

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