Uma criança sofreu abuso sexual a cada dois dias em Fortaleza em 2024

Entre janeiro e fevereiro deste ano, foram contabilizados 35 crimes sexuais contra o público de 0 a 12 anos de idade na Capital. No Ceará, foram 144 registros do crime

Entre os meses de janeiro a fevereiro deste ano, 35 casos de abuso sexual contra crianças (até 12 anos) foram registrados em Fortaleza. Os dados apontam que uma criança sofreu abuso a cada dois dias na Capital neste período. Ainda neste ano, no Ceará, foram registrados 144 casos de violência sexual infantil. O cenário é praticamente igual ao do ano passado, quando a Capital teve, no mesmo período, 36 registros.

As informações são de um levantamento feito pelo O POVO por meio de dados coletados do painel estatístico da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS).

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No ano passado, a Capital teve 313 casos de crimes sexuais infantis. No Estado, foram 2.154 registros. Esse é o panorama e os números começam a revelar histórias. Um dos crimes neste ano supostamente aconteceu nas dependências da escola onde a vítima estudava, equipamento da rede pública de ensino.

Casos de abuso sexual infantil em 2023 e 2024

O caso mais recente foi denunciado nessa quarta-feira, 27. Uma criança de 4 anos teria sido abusada sexualmente dentro de uma escola pública no bairro Bonsucesso, em Fortaleza, supostamente por um funcionário da instituição. O crime teria acontecido na sexta-feira passada dentro do banheiro. A mãe da vítima fez a denúncia da violência sexual após constatar o crime em exame de corpo de delito.

Em fevereiro deste ano, uma criança de 6 anos de idade foi encontrada morta dentro de um porta-mala de um veículo no bairro Tabuba, no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A vítima foi encontrada com sinais de violência sexual. O principal suspeito é o primo da criança, um adolescente de 14 anos.

Nessa terça-feira, 26, ele foi apreendido pelo crime de estupro de vulnerável e homicídio e a tia-avó da criança, uma mulher de 56 anos, foi presa suspeita de ocultação de cadáver, fraude processual e falso testemunho. Os casos são investigados pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca) e pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

De acordo com Cecília Gois, integrante da Comissão de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, do Fórum Permanente de ONGs de Defesa de Direitos de Crianças e Adolescentes do Ceará (Fórum DCA Ceará), a maior dificuldade do cenário é a vítima sentir confiança em relatar o que sofreu.

“As crianças têm a crença de que os adultos não acreditam no que elas dizem. O cenário é ainda difícil quando elas são ameaçadas pelos agressores. A criança se vê presa nessas duas forças”, explica.

Ainda segundo a especialista, é preciso estar atento aos sinais que as crianças podem dar. Entre eles estão a mudança do comportamento — falta ou excesso de comunicação, a depender de como a criança se comporta normalmente —, e sensibilidade ao tocar as partes íntimas.

“Vai haver algum sinal e quem está próximo dela precisa ter uma perspicácia e atenção de observar os sinais que ela apresenta”, esclarece.

Diante da constatação de um crime de abuso sexual infantil, alguns procedimentos precisam ser realizados em formato urgente. O principal é a denúncia. Cecília destaca que não há necessidade da comprovação do crime por meio de um exame de corpo de delito para que a denúncia seja feita.

A especialista do Fórum DCA Ceará informa que o passo a seguir é a denúncia na delegacia, principalmente nas especializadas nos atendimentos a casos de violência contra crianças e adolescentes da região. Em seguida, uma equipe especializada de cada delegacia deve realizar o acolhimento e realizar os encaminhamentos para os atendimentos psicossocial.

Em Fortaleza, há o Programa Rede Aquarela, projeto piloto que articula e executa a Política Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual Infantojuvenil, realizando ações de prevenção, mobilização e atendimento especializado para vítimas de violência e suas famílias.

Além da Capital, o Estado possui alguns equipamentos públicos estaduais que acolhem crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual.

Confira a rede de atenção às Mulheres, Adolescentes e Crianças em situação de violência no Ceará

Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
Onde: Rua Ávila Goularte, 900 - Papicu - Fortaleza
Contato: (85) 3457 9261

Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac/UFC)
Onde: Rua Coronel Nunes de Melo, S/N - Rodolfo Teófilo - Fortaleza
Contato: (85) 3366 8501

Hospital Infantil Albert Sabin (Hias)
Onde: Rua Tertuliano Sales, 544 - Vila União,
Contato: (85) 3101-4200

Policlínica Dra. Márcia Moreira de Menezes, em Pacajus
Onde: Av. Doca Nogueira - Centro, Pacajus
Contato: (85) 3348 1889

 

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