Solução definitiva para buracos em Fortaleza exige trabalho a longo prazo

Operações voltadas ao simples fechamento dos buracos que surgem nas vias é vista como medida paliativa

Os motoristas que trafegam pelas ruas de Fortaleza precisam redobrar a atenção durante esta época do ano. Desde o início da quadra chuvosa, em fevereiro, os buracos passaram a surgir com maior frequência nas vias da Cidade, obrigando os motoristas a reduzirem a velocidade e realizarem desvios repentinos, o que põe em risco todo o funcionamento do trânsito.

De acordo com o professor Iuri Bessa, do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), o desgaste do asfalto está completamente ligado ao período das chuvas. O especialista destaca que a resolução do problema, de forma definitiva, levará tempo.

"É preciso observar melhor os dispositivos de drenagem. Não adianta um asfalto de qualidade, se não há uma boa drenagem. A água precisa sair do pavimento de forma rápida". Ainda segundo a avaliação de Bessa, Fortaleza possui um material de qualidade em seu asfalto, mas a Cidade peca na estruturação histórica de suas vias.

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"Se a gente ficar só tapando buraco de maneira superficial, sem fazer um estudo mais detalhado, na próxima chuva o buraco vai abrir de novo. Outro problema é a urbanização muito acelerada, o aumento populacional, com cada vez mais carros", pontua o professor, que ainda cobra um trabalho de manutenção mais aprofundado.

Em entrevista à rádio O POVO CBN, na manhã da última quinta-feira, 13, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), avaliou que o problema se agravou devido à intensidade das chuvas registradas no Ceará.

"Estamos em uma quadra chuvosa completamente atípica, veja o que acontece no interior do Estado. Por uma questão de economicidade, só deve haver intervenção ao término da quadra chuvosa", afirmou o chefe do Executivo municipal.

Ainda durante a entrevista, Sarto destacou que algumas áreas da Cidade já passaram por ações de recapeamento, mas o problema reapareceu em decorrência das chuvas. Segundo o gestor municipal, "intervenções mais robustas" poderão ser observadas ao fim da quadra invernosa.

Faltando cerca de um mês e meio para o fim do período das chuvas, o fortalezense sofre com as ruas esburacadas. No bairro Jacarecanga, a rua São Paulo está bastante danificada, no trecho entre a rua Adriano Martins e a avenida Filomeno Gomes. Os motoristas precisam reduzir a velocidade para evitar maiores problemas.

No momento em que a reportagem registrava um dos buracos da via, localizado próximo ao cruzamento com a rua Adriano Martins, um veículo perdeu uma de suas peças ao cair. O motorista seguiu viagem sem perceber o ocorrido. Outra situação de risco no local fica evidente por conta dos desvios inesperados realizados pelos motoristas, que fazem carros e ônibus se aproximarem ainda mais de ciclistas e pedestres.

Já em outro ponto da Cidade, no bairro Joaquim Távora, um buraco incomodava os moradores da avenida Visconde do Rio Branco, próximo ao número 2421. Quem vive na região conta que o problema foi resolvido esta semana de forma paliativa.

"O povo botava de tudo aí dentro pra alertar, já vi pneu e muito entulho. Ontem, um pessoal passou pra arrumar mesmo, tiraram o lixo, mas só fizeram jogar areia e pedra", reclama Francisco Nascimento, 61, que vive há 15 anos no bairro.

Durante o momento de calmaria do fluxo de veículos, o morador foi até a área reparada para apontar a fragilidade do que foi feito. Com o pé, ele mostrou a facilidade com que a areia e as pedras se deslocavam. "Isso aí, quando tiver uma chuva um pouquinho mais forte, vai ficar do jeito que estava", avalia.

Em nota, a Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger) informou que, no primeiro trimestre deste ano, realizou serviço de tapa-buraco asfáltico em 27.765,37 m² de ruas e avenidas de grande fluxo de veículos em todas as 12 Regionais da Capital.

A gestão municipal destaca, ainda, que, neste mês, as equipes de tapa-buraco foram duplicadas, aumentando de duas para quatro, e os serviços são realizados nos turnos da manhã, tarde e noite. Além disso, foram realizados 167 serviços de drenagem.

Ainda conforme a nota, a Seger enviará equipes às vias São Paulo, Visconde do Rio Branco, Coronel Miguel Dias e Júnior Rocha, em pontos nos quais a reportagem encontrou falhas no asfalto.

Na avaliação do secretário Ferruccio Feitosa, titular da Seger, Fortaleza paga o preço de um crescimento desordenado. "Temos tentado corrigir essas falhas, que, logicamente, não se corrigem de forma simples em uma cidade de 297 anos. Temos o problema da drenagem e também da sobrecarga nas vias".

O secretário afirma que, após a quadra chuvosa, a Prefeitura lançará a campanha tapa buracos, que deverá corrigir as falhas nas vias em período de cem dias, assim como foi feito em 2022. Questionado sobre uma solução definitiva para o problema, o secretário afirmou que a gestão corre contra o tempo. "Já são 1.034 vias entre entregues e as que estão em obras, que beneficiam quase 200 mil pessoas nessas intervenções que a gente tem feito", finaliza.

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