Corretora espancada pelo namorado relata medo após soltura do agressor

Mulher de 38 anos foi espancada pelo companheiro, que chegou a ser preso, mas foi liberado no dia seguinte. O rosto dela tem diversos hematomas e ela afirma ter sido ameaçada inclusive com um gargalo quebrado de uma garrafa

A corretora de imóveis Vanessa Araújo Afonso, 38, ainda carrega no rosto as marcas da violência que diz ter sofrido do próprio namorado, o empresário Carlos Arthur Sobreira Rocha Filho, 42. Ela afirma ter sobrevivido a uma tentativa de feminicídio, após ser agredida com socos, chutes e pontapés na noite da última sexta-feira, 9, em Fortaleza. Preso em flagrante minutos após o acontecido, o empresário foi liberado pela Justiça no dia seguinte.

Temendo um novo ataque violento, Vanessa buscou refúgio na casa de parentes. “Estou com muito medo, preocupada, não sei o que ele é capaz de fazer. Estou escondida na casa da minha família, onde ele não tem o endereço”, revelou ela, em entrevista ao O POVO.

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A sensação de insegurança prevalece mesmo com a corretora tendo em mãos uma medida protetiva que impede a aproximação do agressor. “Infelizmente, não dá para se sentir segura com isso [medida protetiva], até porque se ele quiser fazer algo comigo, se ele não tiver nada a perder, ele faz”, desabafou.

O casal se relacionava há cerca de três meses e dividia o mesmo apartamento, localizado no bairro Cidade 2000. Durante esse tempo, segundo Vanessa, Carlos já havia demonstrado alguns sinais de comportamento agressivo. “Sempre tinha, uma vez ou outra, uma virada de chave, e eu não entendia o que era, só dessa vez que descobri essa personalidade violenta dele”, relatou.

As agressões registradas na noite de sexta-feira, conforme Vanessa, teriam começado após ela ter pego o celular do namorado para olhar a notificação de uma mensagem. “Eu peguei o telefone dele, ele não gostou, tomou da minha mão e começou a me espancar. Ele quebrou tudo dentro de casa”, detalhou.

A certa altura do ataque, diz a mulher, o empresário teria partido ao meio uma garrafa de vidro e usado o objeto para feri-la. “Ele quebrou um gargalo [de uma garrafa de vidro] e veio para cima de mim para me machucar, mas eu consegui me defender”, relatou.

“Consegui fugir, mas ele me alcançou e me prendeu, me agredindo novamente. Depois de um tempo, eu me soltei e consegui fugir do prédio, descalça, do jeito que eu estava, para não acontecer o pior”, continuou o relato.

Segundo Vanessa, o próprio empresário acionou a Polícia Militar após as agressões. Ela sustenta que o homem, diante dos agentes de segurança, tentou culpá-la pelo episódio de violência, mas terminou sendo preso em flagrante e levado para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

Os hematomas roxos nos dois olhos da corretora não deixavam dúvidas sobre as agressões que a mulher havia sofrido. Com base nisso, o suspeito foi autuado por lesão corporal dolosa, ameaça e injúria no contexto de violência doméstica, segundo informou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

A prisão durou menos de 24 horas. O homem foi solto na tarde de sábado, 10, após audiência de custódia. Em nota enviada ao O POVO, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) explicou que a decisão foi tomada com base no parecer do Ministério Público do Ceará (MPCE), que opinou pela substituição da prisão por medidas cautelares.

“O magistrado levou em consideração decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que define que não se pode converter prisão em flagrante em preventiva sem pedido do Ministério Público”, detalhou o Tribunal.

A soltura foi autorizada pelo juiz plantonista Victor Nunes Barroso. Com base na Lei Maria da Penha e no Código de Processo Penal, ele determinou que o empresário evite qualquer contato presencial ou virtual com Vanessa e os familiares dela.

Além disso, o homem está obrigado a comparecer à Central de Alternativas Penais, em Fortaleza, durante o período de 12 meses para prestar depoimentos à Justiça. Caso descumpra a ordem, fica sujeito a prisão preventiva.

Ainda tentando encontrar forças para se recuperar das agressões, Vanessa reclama da decisão da Justiça. “Eu acho altamente injusto colocar um agressor comprovado em liberdade. Ele foi preso em flagrante e eu ainda estou com todas as marcas das agressões”.

O medo que a mantém “presa” na casa de familiares é o mesmo que a impedirá de seguir com a rotina que levava antes do episódio de violência. “Vou ter que parar de trabalhar por enquanto, ficar um tempo isolada, até porque estou toda roxa”, contou ela.

O POVO entrou em contato com o MPCE para pedir mais informações sobre o parecer do órgão na audiência de custódia na qual o empresário foi solto e aguarda retorno. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do empresário.

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