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Malha cicloviária de Fortaleza ainda é concentrada em bairros centrais

Ciclistas reconhecem avanços, mas pedem por mais manutenção em ciclofaixas e asfalto de bairros periféricos

Em 2022, Fortaleza chega quase na metade do período de 15 anos estipulado pelo Plano Diretor Cicloviário Integrado de Fortaleza (PDCI) para desenvolver a malha cicloviária da Capital. Lançado em 2015, o PDCI tem a meta de chegar em 2030 com 524 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Fortaleza já atingiu 77,8% dessa meta, mas a malha cicloviária ainda é concentrada em bairros centrais, deixando os ciclistas que moram em bairros periféricos com poucas opções de rota.

Vina Garcy, 30, que mora no bairro Bom Jardim, consegue fazer trajetos completos utilizando as ciclofaixas que levam o seu bairro até o Centro ou ao bairro Meireles, onde trabalha. A avenida em que mora já tem um espaço destinado ao trânsito de ciclistas. No entanto, a artista reclama da falta de sinalização e do estado de conservação do asfalto desses trechos próximos a sua residência.

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“Tem alguns buracos, a nitidez tá um pouco prejudicada. Essa avenida [em que mora] é bem maltratada, infelizmente não há um olhar, uma atenção, um cuidado para esses bairros mais distantes do centro. Eu trabalho no Meireles e percebo a diferença”, diz Garcy.

O trajeto diário de Sérgio Vasconcelos Ferreira, 37, é quase todo feito por meio de ciclofaixas e ciclovias, menos algumas partes mais próximas de sua casa, no bairro Quintino Cunha. Em toda a extensão do bairro, existe apenas uma ciclofaixa, implantada em novembro de 2020, na avenida Mozart Lucena.

Quando vai para o trabalho, no Centro, o caminho é contemplado pela malha cicloviária, mas quando precisa se deslocar dentro do bairro, é preciso dividir o espaço com os automóveis. “Eu vou de bicicleta pra casa da minha sogra, que fica a 2 km daqui, vou pra padaria, mercantil. Virou já uma rotina, apesar de no bairro mesmo não ter ciclofaixas”, relata Sérgio.

Ele também reclama dos buracos nas ruas do bairro. “As ruas de bairro tem crateras. Embora não tivesse ciclofaixa, mas o buraco fosse tapado, seria melhor. Se tivesse as ruas pavimentadas, ajudava bastante os ciclistas”, comenta.

O plano cicloviário de 2015 prevê como prioridade para a implantação de malha cicloviária locais que sejam adensados e de baixa renda, locais próximos dos principais terminais periféricos, como Antônio Bezerra e Conjunto Ceará e áreas com maior oferta de empregos.

No entanto, o plano também define como prioridade locais que não precisem de obras de alargamento ou implantação de vias. Portanto, grandes avenidas e ruas de bairros mais centrais, que já tem espaço para receber a malha cicloviária foram contempladas mais cedo. Além de ser justificado ainda pelo alto número de viagens, já que são áreas que concentram um grande fluxo de pessoas em Fortaleza.

Até 2024, serão implantados mais 100 km de malha cicloviária na Capital, segundo a Prefeitura. Com isso, a Cidade vai chegar a 500 km de espaços para o trânsito de bicicletas, faltando apenas 24 km para atingir a meta planejada para 2030.

Rua Barbosa de Freitas recebe nova ciclofaixa

O trecho da rua Barbosa de Freitas entre as avenidas Dom Luís e Pontes Vieira receberá 2,1 km de ciclofaixa. A infraestrutura ligará os bairros Dionísio Torres e Aldeota. Desde segunda-feira, 24, a rua vem sendo sinalizada para a implantação da ciclofaixa.

A ciclofaixa de 2,1 km na rua Barbosa de Freitas será implementada da avenida Dom Luís até a avenida Pontes Vieira.
A ciclofaixa de 2,1 km na rua Barbosa de Freitas será implementada da avenida Dom Luís até a avenida Pontes Vieira. (Foto: FABIO LIMA)

A conectividade da ciclofaixa com outros equipamentos para ciclistas é um dos pontos levantados pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) para justificar a implementação. Ela se ligará às estruturas cicloviárias da Antônio Sales, Santos Dumont e Dom Luís, e nas ruas Tertuliano Sales e Desembargador Leite Albuquerque.

Para o consultor de vendas Jorge Peixoto, 40, que trabalha na avenida Pontes Vieira, a rua Barbosa de Freitas era a única do seu trajeto diário ao trabalho que não tinha estrutura para ciclistas. “Moro perto da Bezerra [de Menezes], então pego ela, a avenida Domingos Olímpio e a Antônio Sales. Só não tem aqui [na Barbosa de Freitas]", explica.

O psicólogo Dennis Orion, 29, que estava próximo ao local da nova ciclofaixa para tirar a segunda via de um documento, também achou a implementação positiva, mesmo nem sempre transitando pela área. “Com o preço da gasolina, é importante mudar de rumo. É sempre bom ter um transporte alternativo.”

“A intervenção será uma ciclofaixa unidirecional localizada no lado esquerdo da rua Barbosa de Freitas e realizará uma conexão cicloviária em infraestruturas adjacentes com grande circulação de ciclistas”, explica a superintendente da AMC, Juliana Coelho. Com a nova ciclofaixa, Fortaleza passará a contar com 407,7 km de malha cicloviária.

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