Moradores relatam desespero durante disparos de tiros perto de escola no Grande Bom Jardim

Moradores relatam que o alvo da execução era uma pessoa que deixava um aluno na instituição de ensino. O alvo foi baleado, e duas crianças ainda foram atingidas de raspão, na cabeça e no pé, respectivamente

As aulas da Escola Municipal Manoel Malveira Maia, no Grande Bom Jardim, Fortaleza, foram canceladas nesta quarta-feira, 15, após disparos efetuados próximo ao local. Três pessoas ficaram feridas, um adulto de 28 anos e duas crianças, que foram atingidas de raspão, respectivamente, na cabeça e no pé. A ação aconteceu por volta das 7 horas, enquanto as pessoas aguardavam, do lado de fora, a abertura dos portões da escola. Pais de alunos, crianças e vizinhos que presenciaram a ação relataram momentos de desespero. 

De acordo com moradores de identidade preservada, o alvo do crime era o adulto baleado que deixava uma criança no colégio. Essa vítima foi atingida pelos tiros e foi socorrida ao hospital em estado grave. A criança atingida na cabeça, de 9 anos, foi encaminhada ao Instituto Doutor José Frota (IJF); a que ficou ferida no pé não precisou de socorro.

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Vizinhos que têm filhos matriculados na instituição de ensino relataram ao O POVO que há uma entrada principal com faixa de pedestres e lombada, no entanto, a escola opta por abrir os portões pela rua Pato Branco, na lateral, que não possui sinalização e seria uma rota de fuga de criminosos.

Testemunhas informaram que há marcas de tiros na parede da escola, na parede de uma casa próxima e no portão de outra residência. A vizinhança não soube especificar quantos tiros foram ouvidos, mas relatou que "foram muitos".

A criança de 9 anos estava na calçada da escola aguardando o portão abrir quando foi atingida. Ela entrou em desespero e pedia socorro, conforme relato das fontes ouvidas pelo O POVO. Os moradores relataram ainda que os tiroteios são constantes na área e que não há policiamento fixo na entrada da escola.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que equipes da Polícia Militar do Ceará (PMCE) estão realizando buscas visando identificar os autores dos disparos que deixaram três pessoas feridas. Uma composição do Grupo de Segurança Escolar (GSE) do Batalhão de Policiamento de Prevenção Especializada (BPEsp) da PMCE também foi deslocada até o local.

De acordo com a SSPDS, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), por meio 32º Distrito Policial (DP), conduz as investigações acerca da ocorrência. Conforme informações preliminares, indivíduos realizaram disparos de arma de fogo em via pública. Diligências e oitivas estão em andamento neste momento", acrescenta. Ainda de acordo com a pasta, o homem de 28 anos deu entrada em uma unidade hospitalar.

O POVO também questionou a Secretaria sobre os relatos de insegurança na área e aguarda resposta. 

Prefeito se manifesta e afirma que solicitou apoio à comunidade escolar


O prefeito de Fortaleza, José Sarto, afirmou que conversou com a família da criança de 9 anos, que foi socorrida ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro. A vítima realizou exames e não corre risco de morrer. O gestor afirmou que determinou às equipes da Prefeitura de Fortaleza que prestem todo o amparo para a criança e os seus familiares, além da comunidade escolar, com acompanhamento psicológico e de assistência social.

"Lamento muito que isso tenha acontecido, mas não vamos admitir que esse crime fique sem punição. Por isso, cobrei das autoridades de segurança pública que rigorosa investigação para que os culpados sejam identificados e recebam a devida pena. Nossas escolas são e devem ser lugares de aprendizado, alegria e segurança. E continuarei trabalhando para isso", finaliza o gestor. 

Denúncias

A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101 0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia. As informações podem ser direcionadas ainda para o (85) 3101 6104, do 32º DP. O sigilo e o anonimato são garantidos.

Serviço de Psicologia Escolar acompanha o caso

A Secretaria Municipal da Educação (SME) informa que, na manhã desta quarta-feira (15/12), uma criança de nove anos, estudante da Rede Municipal de Ensino, foi atingida por uma bala de raspão na cabeça, no bairro Bom Jardim, quando estava no entorno da escola. A aluna foi socorrida para uma unidade hospitalar e, neste momento, apresenta quadro estável. Ela segue realizando exames e está sendo acompanhada pelos especialistas do hospital.

A SME lamenta o ocorrido e determinou que seja prestado todo apoio à família da aluna, assim como a toda a comunidade escolar. A equipe do Serviço de Psicologia Escolar da Rede Municipal acompanhará o caso e realizará todo o atendimento necessário.

A Secretaria reforça, ainda, que está colaborando com as autoridades de segurança para as devidas investigações sobre o caso. As aulas na unidade escolar foram suspensas nesta quarta-feira (15/12).

Em relação ao acesso à unidade escolar, a gestão da educação municipal destaca que prioriza o diálogo com a comunidade escolar e todas as decisões são tomadas de forma consensual. A SME informa que tomará as providências necessárias para garantir o melhor acesso dos alunos, pais, professores e profissionais à escola.

Casos de crianças vítimas de bala perdida 

Em 2017, O POVO mostrou casos de crianças que foram vítimas de bala perdida, em Fortaleza. A reportagem "Vítimas de bala perdida buscam recomeço" apresentou casos, a maioria, registrados em comunidades de Fortaleza e resultado de confronto entre facções criminosas. No dia 26 de agosto de 2017, uma bebê de 5 meses de idade foi ferida com um tiro no colo da mãe. A bebê vítima de bala perdida ficou internada no IJF. Em agosto do mesmo ano, dois policiais se desentenderam com moradores, e um dos agentes realizou um disparo de advertência, que resvalou e atingiu um menino de 2 anos. A criança teve alta, mas a bala ficou alojada na tíbia.

Hoje, com 12 anos, a criança baleada aos 6 anos de idade, em 2015, segue sem os movimentos das pernas. Na época, o menino brincava em um pula-pula, no Lagamar, em Fortaleza. Houve um tiroteio, e ele foi atingido na cabeça, a bala ficou alojada no cérebro. O cotidiano familiar dessas crianças, após a violência, é apresentado por meio de entrevistas. 

Atualizado às 19 horas

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