Último acusado por morte da travesti Dandara dos Santos é condenado

Dandara dos Santos foi espancada por pelo menos dez pessoas, entre adolescentes e adultos

O último acusado de participar do assassinato da travesti Dandara dos Santos foi condenado, nesta quarta-feira, 17, a 16 anos de reclusão por homicídio com qualificadoras de motivo torpe, vingança e emprego de recursos que impossibilitou a defesa da vítima. A decisão foi tomada pela Justiça cearense, por meio do Tribunal da 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, contra Francisco Wellington Teles, de 53 anos.

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Após a condenação, todos os oito acusados pela morte da travesti foram sentenciados à prisão, com exceção de Jonatha Wilyan Sousa da Silva, que morreu antes de ser julgado. Os outros seis foram condenados pelo crime um ano após o delito, com pena individualizada, variando entre 14 e 21 anos de reclusão.

Francisco José Monteiro de Oliveira Júnior foi o que teve maior pena, condenado por homicídio triplamente qualificado. Ele foi o primeiro réu a ser ouvido e pediu perdão à família da vítima. “Eu fiz isso porque me deixei levar pelo mundo, mas hoje estou buscando ao senhor. Deus colocou essa palavra em meu coração e a intenção de pedir perdão a todos", afirmou na ocasião.

Na época do julgamento em 2018, em que os outros acusados foram condenados, Wellington estava foragido. Ele foi capturado pela polícia em 15 de março de 2019, no bairro Nova, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. O homem, que morava com uma companheira e trabalha com conserto de eletrodomésticos, não esboçou reação no momento da prisão. Segundo as investigações, Wellington levou a vítima ao local do crime.

Entenda o caso

No dia 15 de fevereiro de 2017, Dandara dos Santos foi espancada por pelo menos dez pessoas, entre adolescentes e adultos. Após sofrer humilhação, violência física e psicológica, todas registradas em vídeo que foi publicado nas redes sociais, Dandara é erguida pelo seus agressores e colocada em uma carrinho de mão.

O registro do crime, gravado e divulgado pelos acusados do crime, fez com que o caso causasse indignação em todo o País, sendo reproduzido até no Exterior. As imagens mostram que o crime foi cometido na rua, em plena luz do dia, sem que ninguém se compadecesse pelo sofrimento de Dandara ou sem demonstração de remorso dos envolvidos.

A narrativa construída pelos acusados defendia a teoria de que Dandara teria sido flagrada enquanto cometia um roubo no local, e foi alvo de linchamento pelos presentes. Nenhum deles admitiu que pretendia tirar a vida dela. Doze pessoas teriam tido participação no crime, sendo sete adultos e cinco adolescentes.

Após o caso, o Ceará recebeu a primeira via em homenagem a uma travesti. Localizada no Bom Jardim, a rua Dandara Ketteley foi idealizada pela inspetora da Polícia Civil Vitória Holanda, amiga de infância da travesti. “Foi para combater esse pensamento preconceituoso, mentiroso e agressivo das pessoas quando falam da Dandara”, frisou Vitória, que também escreveu o livro “Casulo Dandara”, onde conta a história da amiga.

Atualizada às 20h08min

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