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Primeiro réu ouvido em julgamento confessa crime e pede perdão à família de Dandara

Dandara foi assassinada por um grupo de oito homens e quatro adolescentes no bairro Bom Jardim. Caso ganhou repercussão internacional
11:47 | Abr. 05, 2018
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
Atualizado às 12h20min
 
O réu Francisco José Monteiro de Oliveira Junior, de 22 anos, confessou ter disparado dois tiros em Dandara dos Santos. Primeiro a ser ouvido, o réu pediu perdão à família da vítima e diz que acreditava que Dandara já estava morta quando atirou. Segundo réu diz que não acreditava que a travesti seria morta na ação.
 
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"Eu não sei quem é a mãe, não sei quem é a família, mas queria pedir perdão a todos eles. Eu fiz isso porque me deixei levar pelo mundo, mas hoje estou buscando ao senhor. Deus colocou essa palavra em meu coração e a intenção de pedir perdão a todos", afirmou. 
  
José Monteiro afirma que só estudou até a terceira série do ensino fundamental, sabe ler, mas não sabe escrever. Ele disse ainda que estava saindo de casa para jogar futebol quando viu quatro dos acusando passando. Eles teriam dito que iriam matar um homem que foi encontrado roubando. 

[SAIBAMAIS]Ele diz ainda que quando chegou ao local do crime os suspeitos de espancamento já haviam ido embora, mas populares testemunharam a ação criminosa. Um adolescente que estava no local deu um tiro na cabeça de Dandara, enquanto ele assumiu os outros dois disparos. 
 
O réu afirmou ainda que quando chegou ao local do crime, Dandara já estava deitada no chão com uma poça de sangue e uma pedra ao lado do corpo dela. Levantando a tese de que ele poderia não saber se ela estava morta, o promotor Marcus Renan questionou se ele chegou a observar o puso de Dandara para saber se ela estava morta, e ele negou. O advogado Pedro Henrique Bezerra Santos defendeu que Dandara não esboçou nenhuma reação após os tiros. José Monteiro já tinha antecedente por receptação e porte ilegal e arma. 
 
Segundo réu diz que agiu por "revolta" 

Com salão do júri lotado, o segundo réu, Jean Victor Silva Oliveira, começou a ser ouvido às 11h15min e terminou às 12 horas. Jean, de 20 anos, é visto em um dos vídeos que viralizou na época do crime atingindo Dandara com um pedaço de madeira.

Sem antecedentes criminais, ele afirmou que estava trabalhando com o pai, em uma construção, quando soube que um suspeito de roubo seria linxado. O réu disse ainda não acreditar que Dandara seria morta e só agiu por revolta com suposto roubo que ela teria cometido. 

Terceiro réu diz que agiu por impulso

Rafael Alves da Silva Paiva, de 19 anos, começou o depoimento às 12h7min. Ele afirma que a denúncia tinha informações verdadeiras e falsas e que estava capinando um terreno quando viu o tumulto. 

O réu afirma que chutou Dandara por impulso, sem intenção de matar, e que se deixou "levar pela multidão". Rafael passou pela Delegacia da Criança e do Adolescente, ainda na adolescência, por ato infracional de receptação após ser flagrada com uma moto roubada. 

Ainda durante o depoimento, ele afirmou que não teria preconceito e que tem primos travestis e lésbicas, com quem estaria na hora da sua prisão. Rafael Alves disse não saber como agiram os outros agressores.
 

Com informações do repórter especial Thiago Paiva

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