Moradores estariam fugindo de comunidade disputada por facções criminosas

Nessa quarta-feira, 25, uma tentativa de homicídio foi registrada no local. Crime é mais que teria como causa racha em facção

Atualizado as 21h05 horas de segunda-feira, 30

Uma tentativa de homicídio foi registrada na manhã dessa quarta-feira, 25, no cruzamento das ruas Esmerino Parente e Eliseu Oriá, no bairro José de Alencar. Conforme relato de uma das vítimas, o crime foi mais um decorrente do racha dentro da facção criminosa Comando Vermelho (CV), que levou a um conflito entre a organização criminosa e seus dissidentes. Gerliano Santos Silva, de 25 anos, foi preso em flagrante pela tentativa de homicídio.

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No auto de prisão em flagrante (APF), uma das vítimas sobreviventes afirma que o crime foi motivado pelo fato de os suspeitos serem parte da "Massa", enquanto o local é dominado pelo Comando Vermelho. A comunidade registra, continua ele, uma "guerra" entre as duas organizações criminosas, o que provocou a saída de várias pessoas que moravam no local, sobretudo, por causa das ameaças. "Disseram que iriam matar até os cachorros que estivessem na rua", afirmou.

Conforme os policiais ouvidos no APF, Gerliano confessou participação no crime, dizendo que o objetivo da ação era matar dois homens. Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), informações preliminares apontam que dois indivíduos em uma moto efetuaram disparos de arma de fogo contra pessoas que estavam no local. O APF diz que "logo que (os criminosos) chegaram ao local onde as vítimas estavam "sem qualquer discussão, passaram a atirar contra eles". Uma equipe do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) patrulhava a região quando foi acionada para a ocorrência e conseguiu abordar Gerliano. Com ele, a PM ainda apreendeu uma pistola calibre 380 com carregador e 15 munições. 

Audiência de custódia realizada nesta quinta-feira, 26, manteve a prisão do suspeito. O juiz Cláudio Augusto Marques de Sales escreveu que tomou a decisão "a fim de preservar a ordem pública e garantir a aplicação da lei penal". Segundo ele, “as medidas cautelares previstas no art. 319 (do Código Processual) revelam-se insuficientes, devido à gravidade concreta dos crimes a ele imputados e possibilidade de reiteração criminosa". O magistrado também determinou envio de ofício à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD), já que o flagranteado afirmou ter sido agredido pelos policiais no momento da prisão.

A SSPDS procurou O POVO na noite desta segunda-feira, 30, e informou que equipes foram enviadas à região "para atuação imediata e averiguação das denúncias" de ameaças contra moradores. "No local, policiais militares lotados no Batalhão de Policiamento de Prevenção Especializada (BPEsp) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) coordenam ações multidisciplinares no intuito de dialogar com os moradores. Além disso, uma base móvel da PMCE também foi enviada ao local para permanecer de forma preventiva".

“Neutros” x CV

O POVO vem mostrando desde junho a ocorrência de uma ruptura dentro do CV, que fez com que diversos criminosos deixassem a facção e se declarassem “neutros” ou ainda “Massa Carcerária” e “Tudo Neutro” (TDN). O POVO também já mostrou que o conflito se concentra em Caucaia, na Grande Fortaleza, onde até uma chacina, em Boqueirão das Araras, foi motivada pela disputa; e na região da Grande Messejana, onde, pelo menos, dez homicídios foram relacionados ao conflito pela Polícia Civil.

Em depoimento após ser preso, em julho último, Adilson Loiola de Souza, de 20 anos, apontado como liderança do CV no bairro Edson Queiroz, afirmou que "viraram Massa" parte da Messejana, Barreirão (no bairro Barroso), "Violeta" (provavelmente, Jardim Violeta, também no Barroso) e Caucaia. Ele também disse que — após uma temporada no Rio de Janeiro, onde participou de confronto entre facções pela posse de uma comunidade em São Gonçalo — voltou a Fortaleza “com a missão de evitar que os apartamentos do Yolanda Queiroz (localizados no bairro Edson Queiroz) virassem da massa carcerária” (SIC).

Adilson ainda afirmou que Caucaia registra um conflito mais intenso porque o antigo "dono" da região, que identifica como sendo Jean Araújo de Castro, morreu em confronto no Rio de Janeiro; e o outro chefe, Francisco Cilas de Moura Araújo, o Mago, virou neutro. Os “frentes” do CV no bairro Pirambu teriam “assumido” a facção em Caucaia e passaram a lutar para impedir que membros da massa carcerária tomassem áreas.

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