Região da Grande Messejana registra mais de 10 homicídios relacionados a racha em facção

Homem apontado como chefe de grupo dissidente foi preso suspeito de matar integrante de organização rival no Barroso

O conflito decorrente do racha dentro da facção criminosa Comando Vermelho (CV) se faz mais forte em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, mas também já atinge regiões da Capital. É o caso da Grande Messejana, onde conforme a Polícia Civil, mais de 10 homicídios já ocorreram motivados pela disputa, em bairros da região.

A informação consta no auto de prisão em flagrante de dois homens apontados como partícipes desse conflito. Efetuadas na última terça-feira, 10, foram divulgadas nesta sexta-feira, 13, as prisões de Francisco Fabrício Ferreira da Silva, o “Playboy” ou “01”, de 26 anos; e Marcos da Silva Araújo, o “Marquinho” ou “PK”, de 28 anos. A dupla foi presa em flagrante pelo assassinato de Reginaldo de Assis Sousa, de 30 anos, crime ocorrido na última terça-feira, 10, no bairro Barroso.

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Conforme as investigações da 3ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Reginaldo morava na comunidade do Barreirão, no Barroso, mas havia sido expulso de lá por ser integrante do Comando Vermelho. A localidade é reivindicada pelos criminosos que se autodenominam como “Neutros” ou “Massa”, rompidos com o CV. “Ao retornar às proximidade do local onde morava, a vítima foi reconhecida [...] por integrantes da MASSA, e, pelo simples fato de pertencer à facção criminosa denominada CV, foi assassinada”, consta na decisão da audiência de custódia que converteu a prisão em flagrante de Marcos e Francisco Fabrício em prisão preventiva.

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Outras duas pessoas teriam participado do crime. No celular de Francisco Fabrício, os policiais encontraram uma conversa em que ele falava para uma terceira pessoa que o homicídio havia “dado certo”. O suspeito ainda teria enviado uma foto da vítima morta. “Na conversa continha a informação de que só deram dois tiros no crânio”. A decisão da audiência de custódia ainda afirma que Francisco Fabrício é apontado pela Polícia Civil como “quem comanda” os “neutros” na região do Barreirão e, por isso, estaria orquestrando homicídios contra integrantes do CV.

“A prova carreada aos autos revela fortes indícios que os flagranteados agiram em razão de disputa de território entre facções criminosas, pois dão conta que ‘está ocorrendo uma sangrenta guerra entre integrantes da facção do Comando Vermelho e dissidentes da citada facção, que se autointitulam como MASSA’”, diz trecho da decisão. “Em razão dessa disputa de território, recentemente ocorreram mais de 10 homicídios nos bairros Messejana, grande Jangurussu, Curió, Lagoa redonda e outros bairros adjacentes. Em razão da grande repercussão social e da gravidade dos crimes, a DHPP desencadeou investigações no sentido de apurar a autoria dos crimes de homicídio”.

Na mesma ação que prendeu Francisco Fabrício e Marcos, a Polícia Civil também capturou Tarcísio da Silva Pereira, de 29 anos, autuado por tráfico de drogas e integrar organização criminosa. Os policiais ainda apreenderam duas armas de fogo, sendo um revólver e uma pistola, 50 munições, 1.045 reais, 44 trouxinhas de cocaína, 5 gramas de crack e duas balaclavas. 

Conflito entre CV e “Neutros”

Conforme O POVO vem mostrando desde junho, lideranças da facção Comando Vermelho decidiram romper com a facção, argumentando, entre outros, insatisfação com os "conselheiros" da facção carioca, que estipulariam um alto valor para as “caixinhas” cobradas e não dariam amparo para os chefes quando estes iam presos. O racha teria ocorrido em meados de maio ou junho, conforme apuração de O POVO.

É em Caucaia o epicentro do conflito. Como O POVO também já mostrou, no começo de junho, criminosos de 21 comunidades do municípios decidiram deixar o CV, conforme apurou a inteligência da PM. Isso fez com que, em uma semana, Caucaia tivesse 10 homicídios ligados ao conflito. Também foi registrada expulsão de moradores. O principal antagonismo formado é entre o CV e a “Tropa do Mago”, organização liderada por Francisco Cilas de Moura Araújo, antes pertencente ao grupo carioca.

Esse conflito também foi pano de fundo da Chacina de Boqueirão das Araras, em Caucaia, que deixou cinco mortos em 1º de agosto último. Pelo menos, quatro das vítimas, conforme depoimento de suspeitos do crime, integrariam a Tropa do Mago e teriam expulsado os autores da matança de suas casas.

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