Vítimas da Vila do Mar foram arrastadas, espancadas, baleadas e uma delas estrangulada com cordas

O grupo de seis pessoas era simpatizante do "Comando Vermelho" e buscavam um baile para se divertir, mas acabaram em uma festa com integrantes da GDE

20:30 | Fev. 17, 2021

Crime teria ocorrido porque vítimas fizeram alusão a uma facção rival que dominava o território onde a festa ocorria (foto: Fábio Lima/O Povo)

"Três homicídios consumados, três homicídios tentados". As seis vítimas da Vila do Mar, região oeste de Fortaleza, entre a Barra do Ceará e o Pirambu, foram arrastadas, espancadas, algumas delas baleadas e uma chegou a ser estrangulada com uma corda. Três delas morreram e outras três foram socorridas. O crime aconteceu na madrugada do dia 16, por volta das 2h30min.

A ação aconteceu em via pública, por um grupo numeroso de pessoas e as vítimas chegaram no local para participar de uma festa, mas quando desembarcaram do veículo começaram as agressões, inclusive, sendo retiradas à força do carro. A motivação foi a rivalidade entre organizações criminosas, como apontam as investigações. 

As três vítimas que morreram foram identificadas: Rebeca Nicole de Lima Silva, Bruno Evangelista dos Santos e Mateus Evangelista dos Santos. Outras três pessoas, sendo duas mulheres e um homem, conseguiram sobreviver. O POVO não divulga o nome dessas três por questões de segurança.

Havia possibilidade de outros corpos (um ou até dois) estarem desaparecidos e enterrados na área da Vila do Mar, numa faixa de areia em frente ao local das agressões. Pelo menos um deles seria de uma mulher. O Corpo de Bombeiros realizou buscas com cães farejadores, na tarde de terça-feira, mas não foi esclarecido se a procura foi encerrada ou segue em andamento.

Toda essa descrição, com execuções, agressões e até tortura, aparece no documento da audiência de custódia, da 17ª Vara Criminal, que converteu as prisões de flagrante para preventivas. A decisão foi assinada na tarde desta quarta-feira, 17.

Ainda  na terça-feira, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social divulgou que cinco pessoas foram presas: Isabelly de Sousa Silva, Ewerton Martins da Silva, Nailson Andrade dos Santos, Joicilane Nascimento Ferreira e Antônio Mariano Neto.

Chegou a ser divulgado que Mariano usava tornozeleira eletrônica, ainda após as primeiras horas do caso, mas a informação foi corrigida no andamento da investigação pela delegada Patrícia Aragão, titular da 8ª Delegacia de Homicídios, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Os cinco foram autuados por homicídio qualificado e participação em organização criminosa, mas ainda há pessoas que ainda não foram identificadas e também tiveram participação na ação. As prisões foram feitas por policiais civis e militares. Os presos foram reconhecidos pelas vítimas sobreviventes como integrantes do grupo responsável por espancar e atirar contra o grupo. 

Os sobreviventes foram arrastados e espancados por várias pessoas, entre elas os cinco autuados em flagrante. As outras vítimas que foram executadas, além de arrastadas e espancadas, ainda foram alvejadas por tiros e uma delas chegou a ser estrangulada por uma corda.

Agressores eram da GDE, vítimas integravam o CV

De acordo com a decisão judicial da audiência de custódia, a motivação para as execuções a tiros, espancamentos e tortura na Vila do Mar foi a rivalidade entre facções criminosas. Os cinco presos em flagrante são, supostamente, integrantes da Guardiões do Estado (GDE) enquanto as vítimas seriam "simpatizantes" do Comando Vermelho (CV).

Antônio Mariano Neto tem condenações definitivas na Justiça por homicídio e porte ilegal de arma de fogo e ainda responde a mais duas ações penais por porte de arma, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Há menos de um mês um vídeo dele comemorando a saída da prisão foi divulgado nas redes sociais.

Isabelly, Ewerton, Nailson e Joicilane, presos, não têm antecedentes criminais registrados, mas a Justiça considerou que "suas condutas foram extremamente reprováveis e denotam periculosidade concreta". Joicilane chegou a pleitear prisão domiciliar, por ter filhos pequenos, mas o benefício foi negado.