Tarifaço EUA: Exportadores castanha e frutas do Ceará miram China

Exportadores de castanhas e frutas do Ceará buscam a China para enfrentar tarifaço

Câmara Chinesa de Comércio do Brasil foi procurada por empresários que procuram alternativas ao mercado americano após a taxação de 50% sobre produtos brasileiros

O prejuízo contabilizado nos primeiros 30 dias de tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump (Estados Unidos) a produtos brasileiros e que impactou diretamente inúmeros itens fabricados no Ceará fez os empresários dos setores de castanhas e frutas se voltarem para a China em busca de novos negócios.

Amanda D'Ávila, coordenadora da Câmara Chinesa de Comércio do Brasil (CCCB), afirmou que representantes destes setores buscaram a instituição para avaliar oportunidades que atenuem os efeitos da taxação de 50% estabelecida pelo governo americano.

Nestes casos, ela contou que tratativas foram iniciadas, destacando o potencial exportador das castanhas e observando a questão logística das frutas, que a distância entre Brasil e China impede o envio de itens frescos e que um formato processado seria mais estratégico. Mas nada ainda foi fechado.

“Estamos vendo (o Ceará) mais por essas questões que estão acontecendo aí nas relações comerciais, esse caudilho político, e vemos muito potencial de novos negócios com a China”, afirmou ao O POVO, referindo-se aos prejuízos causados pelas justificativas políticas de Trump.

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O Ceará é o estado cuja balança comercial tem o maior percentual de exportação - cerca de 50% - destinado aos Estados Unidos.

Com o tarifaço, cadeias produtivas inteiras foram afetadas e a busca por novos parceiros comerciais é essencial, uma vez que a ajuda prometida pelo governo é temporária.

Mais um setor que já tem negócios com os chineses e buscou Amanda foi o de rochas ornamentais, segundo ela. Fora da taxação e com parcerias estabelecidas com os mercados americanos, europeus e chinês, o segmento visa a ampliação da exportação.

Amanda ainda considerou que a manutenção de rotas marítimas entre Ceará e China, como a estabelecida este ano no Pecém, facilita a criação de novos negócios pela logística já estabelecida.

Mais informações sobre a China

No Estado, há cerca de duas semanas, quando participou do evento “Panorama Brasil-China 2025: Oportunidades de Negócios”, a coordenadora da CCCB disse observar que ainda há um desconhecimento dos empresários locais sobre questões fundamentais do mercado chinês.

Para um público de cerca de 80 pessoas, ela destacou as principais cidades do país asiático - com milhares de habitantes e PIBs bilionários -, a vocação econômica delas e quais as oportunidades de negócios seriam mais convenientes para criar novas parcerias.

Mostrou também que o Brasil está entre os seis países dos quais a China mais importou em 2024 e sinalizou que a cultura de negócios chinesa é formada por: relacionamento e confiança, visão de longo prazo e implementação e execução.

“Tivemos uma resposta muito boa do empresariado, muito ativa. Havia pessoas de diferentes níveis de maturidade. Nós sempre tivemos uma demanda muito alta de importação dentro da Câmara, mas, agora, surgiu essa demanda por exportação”, revelou.

Importação para enfrentar o tarifaço

O efeito sobre a CCCB atestado por Amanda é o que Gabriela Marcondes, CEO da NTCargo, observa na prática: a importação tem sido uma estratégia para preparar os exportadores para enfrentar o tarifaço dos Estados Unidos.

Há 15 anos no mercado de logística internacional e idealizadora do evento do qual a CCCB participou em Fortaleza, ela diz que “o Estado passou a ser mais importador quando as empresas entenderam que, para exportar um produto de qualidade, é preciso ter maquinários e insumos de qualidade que não são encontrados aqui”.

No caso da China, ela aponta oportunidades nas duas frentes de enfrentamento ao tarifaço: importando itens importantes para a fabricação local e exportando artigos que sejam do interesse chinês.

“A procura está vindo não só de quem já corretamente fazia os seus negócios com a China, mas também de pessoas que estão abrindo os horizontes para poder entender melhor como funciona e realmente o mercado asiático”, afirmou.

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