Fiec calcula até 9 mil empregos em risco no Ceará com tarifaço de Trump
No entanto, o presidente da Fiec ressaltou que aguarda decisão oficial tanto do plano do Governo Federal quanto da posição do lado americano para tomar as posições
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, calcula que o Ceará pode perder entre 8 a 9 mil empregos, em um primeiro momento, com a possível tarifa de 50% a todos os produtos brasileiros aplicada pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto.
“É muito representativo em função da cadeia produtiva. Vou dar só um exemplo: hoje nós temos 6 mil barcos pescando. A pesca não está mais entrando nos Estados Unidos e 90% dessa pesca vai para lá.”
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A informação foi dada nesta terça-feira, 29 de julho, em entrevista coletiva, logo após a reunião do Governo do Ceará com entidades e empresas do Estado e o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
No entanto, Ricardo ressaltou que aguarda decisão oficial tanto do plano do Governo Federal quanto da posição do lado americano para tomar posições. “Discutir coisas antes de acontecer, às vezes, é até uma perda de energia.”
Dentre as medidas em estudo, conforme adiantou matéria do O POVO, estaria a liberação de R$ 1 bilhão em créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), referentes à Lei Kandir, que isenta as exportações de produtos primários e semielaborados do imposto.
Ou seja, a empresa que exporta é isenta do imposto e, quando compra mercadorias em que o ICMS está incluso, surge um saldo do tributo. O problema é que esses repasses são negociados anualmente e, quando liberados, muitas vezes, não o são com as devidas correções financeiras.
Nesse sentido, Ricardo afirmou que foram discutidas medidas não só em relação à Lei Kandir, mas também ao Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), ao Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) e também ao Drawback, que é o incentivo fiscal dado a companhias sobre a aquisição de insumos utilizados na produção de bens a serem exportados.
“Tem várias coisas para discutir. Agora, é importante a gente discutir quando realmente tiver o caso […] Eu acho que o próprio governo americano, pela necessidade desses produtos, algumas coisas vão resolver. O que não resolver, a gente pode ir para cima.”
Além disso, ressaltou o trabalho de acompanhamento dos dados, por meio do Observatório da Indústria. Conforme o presidente da Fiec, hoje, o Ceará tem mais de 378 mil empregos com carteira assinada só na indústria, o que representa mais de 30% de todos os postos de trabalho CLT no Estado.
Outro ponto é que, no primeiro semestre de 2025, as exportações cearenses aos Estados Unidos alcançaram US$ 556,7 milhões, o segundo maior volume já registrado na série histórica iniciada em 1997.
Atualmente, mais da metade das vendas estaduais para fora (51,9%) tem os EUA como destino, percentual que coloca o Ceará como líder nacional em participação proporcional no comércio bilateral.
No conjunto do Brasil, os Estados Unidos respondem, por exemplo, por apenas 12,1% das exportações totais.
Com informações do correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage