Taxação de Trump: Elmano diz que Ceará é muito afetado e defende soberania do Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos), anunciou a tarifa de 50% a todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), afirmou, em primeira mão ao O POVO, que o Ceará é muito afetado com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos), que anunciou a tarifa de 50% a todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
"O Ceará exporta aço, pescado, calçados para os Estados Unidos. O que eu espero é que nossa nossa diplomacia brasileira abra diálogos com o governo americano, mas, como disse o presidente Lula, sem perder a altivez."
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Além disso, defendeu que as negociações sejam feitas com respeito, com apresentação das soluções para os problemas, e reforçou a soberania do País.
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"Nós temos orgulho de ser brasileiro e nós não aceitamos que alguém queira mandar no Brasil que não seja um brasileiro. Quem manda no Brasil é o povo brasileiro, mas estamos abertos a conversar, a dialogar."
Por fim, ressaltou que o Brasil mais compra do que vende produto dos americanos, ou seja, interessa os americanos comprar do Brasil e vice-versa.
"Nós temos que ter uma política de buscar ter uma relação próxima, solidária, menos confusão, mais diálogo. Eu espero que o presidente da república dos Estados Unidos perceba de que isso não leva canto nenhum. Nós temos que buscar acreditar no diálogo, na condição, mas volto a dizer, tendo altivez como povo brasileiro."
Ceará é um dos mais afetados no NE por tarifaço de Trump, diz Sudene
A imposição de tarifas de 50% para produtos brasileiros que chegam ao mercado dos Estados Unidos, confirmada pelo presidente Donald Trump, tem potencial de impactar R$ 16 bilhões em exportações do Nordeste.
Conforme levantamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), na região, Ceará, Bahia e Maranhão são os estados mais impactados com a medida, prevista para iniciar a partir de 1º de agosto.
Segundo a Coordenação de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene, somente esses três estados venderam R$ 14 bilhões em produtos ao mercado dos EUA no acumulado do ano de 2024.
“Será uma perda significativa para a economia regional, caso este mercado seja fechado, uma consequência natural diante do aumento expressivo nos preços de mercadorias, conforme a lei da oferta e da procura mostra”, avaliou José Farias, coordenador de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene.
Em 2025, entre janeiro e junho, já foram destinados aos Estados Unidos R$ 8,7 bilhões em produtos nordestinos. O principal emissor nesta pauta exportadora é o Ceará, seguido de Bahia e Maranhão.
Frutas frescas, cacau, aço e derivados de petróleo: O que sai do Nordeste para os EUA
Entre os produtos exportados pelo Nordeste aos Estados Unidos destacam-se aço, frutas, pescados e calçados, que saem especialmente do Ceará, “com alta concentração em produtos com valor agregado médio, que podem perder competitividade com taxação adicional”, segundo Farias.
Da Bahia, em 2025, os principais produtos exportados são: cacau, óleos, pneumáticos e frutas. O impacto mais significativo e é observado em setores como cacau (US$ 46 milhões) e pneumáticos (US$ 42 milhões). Já no Maranhão, pastas químicas e minérios são os principais produtos exportados.
O pesquisador da Sudene avalia que Trump está promovendo um "aumento absurdo de tarifa", que tem potencial danoso à economia nacional e regional, pois obriga os compradores norte-americanos naturalmente a irem procurar outros fornecedores no mercado mundial.
O que reflete não só na perda do PIB e de empregos, mas trazendo também “consequências indiretas bem mais pesadas sobre a cadeia produtiva regional, pois os produtos exportados, em geral, suportam uma longa cadeia de atividades no território, mesmo para aqueles produtos primários, como é o caso do cacau enviado para os EUA”.
Entenda as tarifas aplicadas por Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta semana, em que anuncia a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país norte-americano.
"A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta", afirmou o presidente norte-americano.
No documento, Trump cita o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, para justificar o ataque ao país. Ele também citou ordens do STF emitidas contra apoiadores do ex-presidente brasileiro que mantêm residência nos Estados Unidos.
"A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!", escreveu Trump.
O presidente norte-americano justifica a medida tarifária citando ainda supostos "ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos".
A manifestação ocorre na mesma semana em que Trump e Lula trocaram críticas por conta da realização da cúpula do Brics, bloco que reúne as maiores economias emergentes do planeta, no Rio de Janeiro.
Trump chegou a ameaçar os países do grupo com imposição de tarifas comerciais, o que agora se materializa no caso brasileiro. O presidente prossegue a carta acusando o Brasil de praticar relação comercial injusta com os Estados Unidos.
A declaração contraria os números do fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos. Juntos, os dois países têm um volume de comércio de cerca de US$ 80 bilhões por ano.
Ao considerar a balança comercial (exportações menos importações), os Estados Unidos têm superávit de US$ 200 milhões com o Brasil. Ainda na carta, Trump ameaça o Brasil em caso de retaliação.
"Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!", ameaçou.
Além disso, determinou a abertura de investigação sobre o que chamou de "ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas" no Brasil.
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